Centenas de cristãos mortos na Síria

Centenas de cristãos mortos na Síria


Milhares de cristãos sírios buscam refúgio em Base Aérea russa do país

No início de março, em uma onda de violência na Síria, mais de mil pessoas foram assassinadas, dentre elas mais de 400 cristãos. Os ataques se deram em consequência dos confrontos na Síria entre as forças de segurança do atual governo e os apoiadores do destituído Bashar al-Assad. Esta já é considerada a pior onda de violência desde a destituição de Assad em dezembro de 2024.

Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), grupo de monitoramento de guerra, entre os mortos 745 eram civis e as outras centenas eram membros das forças de segurança ou militantes. Os cristãos e outros grupos de civis foram mortos por serem associados, pelas forças militares do atual regime, com o antigo governo de Assad. É que o antigo líder do país, mesmo sendo islâmico e não apoiando a evangelização, permitia que os grupos cristãos e outros segmentos religiosos praticassem seus cultos, os protegendo de ataques de radicais islâmicos, contanto que não evangelizassem. Apoiadores do atual governo já são de pensamento diferente.

Após os ataques, o atual governante da Síria, Ahmed al-Shar’a, ex-combatente da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, e que havia dito logo que assumiu, em entrevista a jornalistas ocidentais, que não perseguiria outros grupos religiosos em seu governo, condenou os ataques e disse que iria “investigar” o ocorrido e responsabilizar os culpados. Até o fechamento desta edição, porém, nenhuma medida foi tomada efetivamente pelo atual governo para reprimir os grupos que perpetraram essa onda de violência e que são ligados a seu próprio governo.

De acordo com o jornal britânico GB News, os ataques aconteceram nas regiões costeiras do país e tiveram como alvo principal os alauítas (grupo religioso ao qual Assad é associado), cristãos e outras comunidades minoritárias. Conforme indicações de relatórios, historicamente as regiões sírias de Jableh e Baniyas abrigam cristãos e alauítas.

O GB News informou ainda que as tensões do mês passado foram fomentadas após uma emboscada em uma patrulha de segurança perto de Latakia por homens armados leais a Assad. Esse episódio teria desencadeado uma resposta das forças ligadas ao governo interino, que descontaram na população civil seu ódio pelo ocorrido.

Vídeos e relatórios da região retratam cenas angustiantes de valas comuns, corpos amarrados e vilas devastadas. Em um caso, 69 civis alauítas foram supostamente executados durante uma varredura de segurança.

Martin Parsons, CEO do Lindisfarne Centre for the Study of Christian Persecution, disse ao Premier Christian News que, embora a região costeira seja o “coração de Assad”, com uma forte presença de alauítas, os cristãos também viviam lá. “Houve luta entre combatentes do governo e essa insurgência, que é liderada por um ex-brigadeiro das forças de Assad, e um grande número de alauítas e cristãos fugiram”, afirmou Parson. “Também sabemos que houve ataques direcionados a civis”, acrescentou.

O líder espiritual druso Sheikh Hikmat al-Hajri alertou que a violência sectária tomaria conta de toda a Síria se não fosse combatida. Grupos de direitos humanos, incluindo a Rede Síria pelos Direitos Humanos, documentaram execuções em massa, propriedades saqueadas e assassinatos sistemáticos.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, condenou “terroristas islâmicos radicais” e expressou solidariedade às minorias religiosas e étnicas da Síria. Ele pediu ao governo interino que protegesse as minorias e os civis.

Por sua vez, Israel culpou os novos governantes da Síria pelos massacres, acusando-os de perpetrar atos bárbaros contra os civis sírios.

O confronto intensificou ainda mais a migração da comunidade cristã local, que já havia diminuído durante a guerra civil de uma década na Síria. Com a atual onda de violência, milhares de alauítas e cristãos deixaram suas casas e foram em busca de refúgio na Base Aérea de Hmeimim, em Latakia, pertencente aos russos.

Em uma publicação na rede social X, antigo Twitter, o influenciador Ian Miles Cheong mostrou imagens de mulheres e crianças cristãs, e de drusas e alauítas, sendo abrigados pelos militares russos.

As facções islâmicas no poder enxergam os cristãos como “politicamente e ideologicamente alinhados com o antigo regime”, vendo-os como obstáculos ao estabelecimento de seu governo radical islâmico.

Em uma declaração conjunta, patriarcas das Igrejas Ortodoxa Grega, Ortodoxa Siríaca e Greco-Católica Melquita condenaram os atos de violência. “Casas foram violadas, a santidade delas foi desconsiderada e propriedades foram saqueadas — cenas que refletem nitidamente o imenso sofrimento suportado pelo povo sírio. [...] As Igrejas Cristãs, embora condenem fortemente qualquer ato que ameace a paz civil, denunciam e condenam os massacres que visam civis inocentes e pedem o fim imediato desses atos horríveis, que estão em total oposição a todos os valores humanos e morais”, afirma trechos do documento.

O documento ainda afirma que “as Igrejas também pedem a rápida criação de condições propícias para alcançar a reconciliação nacional entre o povo sírio. [...] Elas pedem esforços para estabelecer um ambiente que facilite a transição para um estado que respeite todos os seus cidadãos e estabeleça as bases para uma sociedade baseada na cidadania igualitária e na parceria genuína, livre da lógica de vingança e da exclusão”, acrescenta declaração.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o cristão de ascendência judaica Hananya Naftali questiona sobre a humanidade do mundo, enquanto os cristãos na Síria vivem um massacre. “Um civil cristão na Síria está clamando por ajuda enquanto a sua aldeia está sendo massacrada. As famílias estão sendo despedaçadas enquanto o mundo fica em silêncio. Onde está a humanidade?”, indaga Naftali.

Oremos pelos cristãos na Síria e civis de forma geral que estão sob perseguição intensa naquele país.

(Com informações do GB News e do jornal Christian Post)

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