Todos nós conhecemos a história do pequeno homem de Jericó. Lucas acrescenta a história de Zaqueu em seus escritos para mais uma vez mostrar a manifestação da graça divina revelada em toda trajetória do Filho de Deus. É também neste episódio que Jesus revela Sua missão: “Porque o filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19.10).
O autor do evangelho que traz o seu nome, Lucas, como um
gentio alcançado pela graça, escreve com satisfação sobre o poder da mesma,
confirmando sua universalização, fato também intensificado por Paulo, o
Apóstolo dos Gentios (Romanos 1.16; Tito 2.11).
Zaqueu era um judeu, seu nome significa “puro”, porém a
narrativa revela que sua vida não seguia o significado do seu nome. Ele era um
cobrador de impostos, chefe dos publicanos, o que revela que era alguém de elevada
posição. Não se tratava de um simples cobrador, mas de alguém que tinha vários
cobradores ao seu comando. Segundo MacArthur, havia duas categorias de
coletores de impostos: os gabbai, que coletavam taxas gerais sobre terra,
propriedade e renda; e os mokhes, que coletavam uma ampla variedade de
impostos. Esta última categoria tinha duas divisões: os pequenos mokhes e os
grandes mokhes. Os pequenos mokhes faziam suas próprias avaliações e coletas (o
discípulo Mateus era um desses), enquanto os grandes mokhes contratavam outros
coletores de impostos para si mesmos. Zaqueu pertencia a essa categoria.
Como a coleta de impostos estava sempre ligada ao lucro pessoal
desonesto, os publicanos tornaram-se símbolo do pior tipo de gente. Diante da
sociedade judaica, eram considerados ladrões e traidores. Assim, quando lemos o
relato de Lucas, passamos a entender que não era apenas a estatura de Zaqueu
que lhe era desfavorável para ver Jesus, mas também a multidão. A grande multidão,
composta de escribas e fariseus, não tolerava a classe dos publicanos e
pecadores, que queriam se aproximar de Jesus (Marcos 2.15-17).
Entretanto, independente do olhar e da posição da multidão, Jesus
nunca ignorou a Sua missão de salvar o perdido. Todos os que iam até Ele eram
recebidos, independente da situação espiritual, e todos os que foram expulsos pelos
homens, Jesus os buscava (João 6.37; 9.35-39). É provável que a multidão que
cercava a Jesus estava atenta aos sinais que Ele fazia, mas era cega ao espetáculo
da salvação. Ainda não compreendiam a Sua verdadeira missão, por isso ignoravam
os verdadeiros necessitados. Todos estavam juntos para ovacionar diante dos milagres,
mas não adoravam a Deus pelo resgate dos perdidos. Que triste ignorância
espiritual!
O anseio de Zaqueu em ver Jesus o fez tomar atitudes indignas
para um homem da sua posição. Mas é o caminho certo a ser tomado por todo
aquele que deseja alcançar a salvação: vencer os obstáculos internos e externos
sem se preocupar com a visão de todos que estão à sua volta. Quem ama a glória
dos homens nunca contemplará a glória de Deus (João 12.42,43). Jesus não veio
fazer reforma em ninguém, Ele veio para transformar o homem, o fazendo nova
criatura por meio do novo nascimento. É necessário nascer de novo (João 3.3). O
passado obscuro de alguém não será empecilho para quem deseja clarear o seu
presente e iluminar o seu futuro com a luz de Cristo. Ele é a luz do mundo e
quem anda com Ele não anda em trevas (João 8.12).
Ao avistar Zaqueu, Jesus interrompe Sua caminhada e, chamando-o
pelo nome, o intima a recebê-lo em sua casa. Todo o processo da salvação de
Zaqueu começou no momento da sua decisão em querer ver Jesus. Ele queria ver o
Reino e foi inserido no Reino. Todos os que se despertaram em ver o Reino foram
inseridos no Reino. Nicodemos (João 3.3,5; 19.39) e o ladrão da cruz são provas
desta verdade (Lucas 23.42,43). A confissão de Zaqueu diante de Jesus
demonstrava o seu verdadeiro arrependimento. Sua autodeclaração de restituir quadruplicado
a alguém revela o seu desejo de cumprir além do que a lei exigia. Que
maravilha! O verdadeiro arrependimento sempre gerará a metanoia.
Ao contrário do jovem rico, relatado também no evangelho lucano,
Zaqueu não estava embaraçado com as riquezas. Ele mesmo se dispôs a doar metade
de seus bens aos pobres, pois desejava ter tesouros nos Céus.
O poder da graça é maravilhoso! Somente a salvação tem o
poder de mudar a nossa cosmovisão. Jesus deseja entrar em cada lar e transformar
mentes e corações. Não devemos perder a oportunidade, pois o tempo da graça
está se aproximando do fim, e triste será para aqueles que fecharam suas portas
para não receberem Jesus. A salvação deseja entrar em sua casa!
por Antônio Adson Rodrigues
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante