Horrorizado. Assim o primeiroministro holandês, Dick Schoof definiu seu estado de ânimo após os ataques antissemitas ocorridos contra cidadãos israelenses, na última quinta-feira, dia " de novembro, na cidade de Amsterdã. Schoof assegurou a Benjamin 9etandahu, em conversa telefônica, que considera os acontecimentos “completamente inaceitáveis” e assegurou que “os criminosos serão identificados e processados”.
O incidente ocorreu logo após uma partida de futebol da Liga
Europa, jogada entre os times Maccabi e Ajax Amsterdã. Sabe-se que os ânimos
estavam exaltados mesmo antes do jogo, com os cerca de 3 mil torcedores
israelenses lançando palavras de ordem contra os adversários, prática comum entre
as torcidas, que não justifica o que veio a seguir. Manifestantes pró-palestinos
tentaram chegar à Johan Cruyff Arena e
emboscaram os torcedores na saída do estádio. A prefeita de Amsterdã, Femke Halsema
concluiu que os torcedores do 8accabi foram “atacados, maltratados e atingidos
por fogos de artifícios”. Segundo ela, “este é um momento muito sombrio para a
cidade, do qual estou profundamente envergonhada”. A classificação dos atos
como sendo de cunho antissemita partiu das próprias autoridades holandesas. Halsema,
por exemplo, declarou que: “criminosos antissemitas atacaram e agrediram
visitantes da nossa cidade, em ações de atropelamento e fuga”. Medidas de
segurança foram aumentadas na região. Cinco pessoas foram hospitalizadas,
sessenta e duas pessoas foram detidas e a noite violenta ganhou repercussão internacional.
Para o governo de Israel, “esse é um incidente sério, um
sinal de alerta para qualquer país que deseje defender os valores da liberdade”
(Netanyahu). Dois aviões comerciais foram enviados para a retirada dos
torcedores e Israel estuda a repatriação de centenas de pessoas, por garantia
de segurança. De fato, o antissemitismo aumentou na Holanda, desde que Israel
respondeu ao ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023. Escolas
e organizações judaicas holandesas têm relatado ofensas e ameaças, enquanto as
mensagens de ódio multiplicam-se nas redes sociais. Aproximadamente 5% da
população holandesa é muçulmana, o que não justifica os ataques. Sabemos,
contudo, que em meio aos pacíficos estão os extremistas políticos, ocupados em
transportar ideologicamente uma guerra, expandindo-a a dimensões extraterritoriais.
A batalha ideológica, por sinal, parece não sofrer
diminuição, mas aumenta, na mesma proporção em que se veem repetidas as mesmas afirmações
desprovidas de fundamentação histórica, no esforço de que a reafirmação formate
uma verdade e fortaleça uma bandeira. As palavras da escritora Noa Tishby (“Israel
- uma nação fascinante e incompreendida”), neta de pioneiros na construção do
atual Estado Judeu, ecoam como um grito por justiça, por uma justiça histórica
a favor do esforço realizado para a construção de uma pátria num território
desprezado, embora, hoje, valorizado, que sempre abrigou uma população Árabe, Judaica,
cristã, numa luta insólita para sobreviver em meio à seca, aos pântanos, ̈à malária, à falta dos recursos mais básicos,
até formar uma nação progressista e confortável
̈ vida: “Através da história da minha família e do uso mais uma vez de
fatos infames, preciso expressar uma verdade inconveniente, mas ainda assim uma
verdade. Os judeus não ‘tomaram a Palestina’. Não havia Palestina para ser tomada.
São havia Estado, nenhuma governança unida, nem muita indústria, ou um sistema
de saúde, ou agricultura, sistemas econômicos ou educacionais. Certamente não
havia democracia, igualdade, segurança ou prosperidade para as pessoas que ali viviam.
Os pioneiros, meus avós, transformam muito dessa terra, de um lugar que era
quase inabitável para uma florescente comunidade agrícola, em crescente expansão
econômica, estabelecendo as fundações para o Estado que Israel é hoje. Eles não
tinham escolha e nenhum outro lugar para aonde ir. Isso não tinha a ver com excepcionalidade.
Reconstruir uma pátria, um porto seguro, era sua única maneira de sobreviver. E
tornou-se ainda mais urgente à medida que a crise pela qual passavam os judeus
europeus que ficaram para trás piorava a cada minuto”.
Noah nos recorda que, hoje, Israel é uma sociedade mista, um
caldeirão de culturas, uma soma de refugiados. No início de 2020 eram cerca de
nove milhões e duzentos mil habitantes, dentre eles: 74% judeus, 21% de Árabes e
5% de outros. Dentre os árabes, 4% são árabes cristãos, 84,4% muçulmanos e 7,8%
drusos. Os judeus também estão divididos entre 45% de judeus seculares, 25%
tradicionais, 16% religiosos e 14% ultraortodoxos (charedim – lê-se rraredim). Por
essa pequena amostragem, notamos que os cidadãos árabes (quase dois milhões de
pessoas) podem ser seculares, tradicionais, religiosos, muito religiosos,
drusos, beduínos, além das pessoas que se auto-definem como árabes israelenses ou
palestinos israelenses. Nada há de coeso, branco ou uniforme, especialmente se
somarmos aos já citados grupos os samaritanos, os bahais, os circassianos, os
armênios e outros grupos ocasionais. Entre eles estão os judeus cristãos ou judeus
messiânicos, grupo que aumenta significativamente, embora muitos façam questão de
ignorar.
Bem que os primeiros governantes judeus tentaram amalgamar as
diversidades num resultado único, mas isso mostrou-se totalmente impossível. Ser
um povo único não significa apagar tradições ancestrais, o que equivaleria a
trair a história de seus antepassados, suas práticas, seus hábitos, sua sabedoria.
Houve a tentativa do apagamento da ancestralidade em prol de um estado
uniforme. Essa uniformidade cedo se revelou a imposição de um tipo de judeu e de
judaísmo. Com o tempo, Israel foi cedendo à aceitação de seus variados filhos e
à recepção de suas múltiplas tradições como forma de enriquecimento e não de
perda de identidade. Ainda é um processo, mas está em curso. Ainda é um
processo, repito, que o digam os judeus ‘anussim’, sefarditas que se recusam a
abandonar sua história de sofrimentos e lutas e desejam ser aceitos sem a
conversão ao judaísmo ortodoxo europeu oriental, mas sonham um reconhecimento
da jornada histórica de um povo que usou da assimilação como estratégia de
escape e sobrevivência, e que, hoje, pretende retornar ao Deus de seus
ancestrais, sem ter de agregar uma formatação religiosa distante e estranha.
A questão, portanto, não se resume a ser judeu ou árabe, mas
em que haja respeito mútuo, quer na manifestação de sua fé ou de seu gosto
esportivo. :s eventos em Amsterdã mostraram, tristemente, o quanto essas
questões, não discutidas e entendidas, podem ser canalizadas e eclodir em feridas
e mortes. Estão presos para investigação algumas dezenas de homens, mas, e
quanto aos que alimentaram o ódio em seus corações? E quanto aos que foram omissos
enquanto viam as ‘pequenas’ manifestações ocorrerem em escolas, em sinagogas,
em cemitérios judeus? A não manifestação da justiça não é, em sua gênese, a
manifestação do ódio e da violência que a ele está atrelada? A Holanda
manifestou-se contra os ataques... tardiamente. Os sinais estavam presentes e eram
claros - sinais de que o mal ali descansava, buscando o momento de sua
manifestação. O governo holandês esqueceu-se de que o mal precisa ser erradicado
em sua raiz - rápida e prontamente.
Fica um alerta e uma lembrança a mais para todos nós. Uma
raie pequena de amargura pode explodir de forma abrupta e terrivelmente destrutiva.
Deixemos o Espírito do Senhor livrar-nos de todo o mal, tratandonos e moldando-nos
segundo a excelência de Sua vontade e pela ação amorosa de Seu Poder.
por Sara Alice Cavalcanti
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