As Escrituras relatam que em certa ocasião, após Jesus sair do Templo, os discípulos se aproximaram dEle com ar de admiração e lhe mostraram a estrutura do imponente Templo reformado por Herodes o 2rande, e de como o mesmo estava ornado de belas pedras e dádivas dedicadas a Deus. Ao que Jesus declarou: “Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mateus 24.2 – ARA). Diante dessas palavras, os discípulos Pedro, Tiago, João e André (Marcos 13.3) lhe perguntaram em particular: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século” (Mateus 24.3b). Tal pergunta escatológica merecia uma resposta contundente, e foi exatamente o que Jesus fez, como podemos observar no decorrer do capítulo 24 de Mateus.
Porém, antes de discorrermos sobre a resposta de Jesus aos
discípulos, é válido lembrar que a palavra profética de Jesus acerca do Templo,
de acordo com os estudiosos bíblicos, cumpriu-se no ano 70 da era cristã,
quando o general romano Tito aparelhou as suas tropas e invadiu a cidade de
Jerusalém. O pastor e teólogo Severino Pedro (2018, p. 77) afirma: “As
predições de Jesus a este respeito, cumpriram-se literalmente! No ano 70 d.C., o Templo foi totalmente
arrasado pelas tropas de Tito. Este tentou conservar intacto o Templo, já que
era uma das maravilhas do mundo, mas seus soldados o incendiaram, atirando em
seu interior uma tocha acesa”. Assim, a primeira parte da pergunta dos
discípulos a Jesus, que disseram “Dize-nos quando sucederão estas coisas” (v.3ª),
cumpriu-se poucos anos depois das predições do nosso Senhor e de forma literal,
quando Tito, com as suas tropas, arrasou Jerusalém e o Templo Judaico no ano 70
d.C.
Também é importante lembrar aqui que a Segunda Vinda de Cristo
terá dois momentos importantes: primeiro, o Arrebatamento, momento em que Ele
virá para buscar a Sua noiva, isto é, a Igreja, lavada e comprada pelo sangue
do Cordeiro (João 14.1-3; 1 Coríntios 15.51-54; 1 Tessalonicenses 4.13-17);
segundo, o ápice da Segunda Vinda, a manifestação do Senhor, ocasião em que Ele
retornará triunfante à terra, no final da Grande Tribulação, com poder e grande
glória, para dar vitória a Israel, que estará em grande agonia no vale do
Armagedom, e para destruir o Anticristo (Mateus 24.29-31; Zacarias 14.1-4; Apocalipse
1.7; 19.11-21). Os sinais apresentados por Jesus no texto de Mateus 24.4-14,
sobre os quais falaremos aqui, “são sinais genéricos e um resumo dos eventos
principais que levaria aos últimos dias” (STAMPS, 2022, p. 1669). Eles se
intensificarão à medida que o fim se aproximar.
Jesus iniciou a Sua resposta fazendo uma importante advertência,
quando disse: “Vede que ninguém vos engane” (Mateus 24.4 – ARA). Essa advertência
era necessária, considerando que, de acordo com as Escrituras, o ministério da
iniquidade e do engano já está em plena operação (2 Tessalonicenses 2.7), ou seja,
a necessidade de vigilância é imprescindível. Sabe aqui a observação de Stamps 2022,
p. 2243) “O ministério da injustiça (ou espírito de rebelião) é uma atividade
nos bastidores das forças malignas que opera durante toda a história humana,
preparando o caminho para a rebelião final e o homem do pecado”. Jesus
completou a Sua advertência inicial declarando: “Porque virão muitos em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos” (Mateus 24.5 – ARA). O
aparecimento de falsos cristos é uma realidade cada vez mais perceptível em
nossos dias. Há pessoas que afirmam ser Jesus e que, na verdade, não passam de
impostores que, infelizmente, têm enganado muitas pessoas. Nos últimos tempos,
muitos apostatarão da fé (1 Timóteo 4.1).
Na sequência, Jesus fala de guerras e rumores de guerra,
conflitos armados que ocorreriam no fim dos tempos (Mateus 24.6-7). No século
passado, duas grandes guerras mundiais aconteceram, a primeira (1914-1918) e a
segunda (1939-1945). Além destas, a Guerra do Golfo (1990-1991), a Guerra dos Seis
Dias (1967), a Guerra de Yom Kippur (1973), dentre outras. E mais recentemente,
a invasão da Rússia à Ucrânia (2022), o ataque terrorista do Hamas contra Israel
(2023), bem como outros rumores de guerra no oriente médio e pelo mundo afora.
A fome, a peste e os desastres naturais (Mateus 25.7; Lucas 21.11) são sinais
que também têm ocorrido de forma latente nos últimos dias. De acordo com a ONU,
cerca de 733 milhões de pessoas passaram fome no mundo em 2023. A pandemia do COVID
19 causou milhões de mortes, desencadeou doenças emocionais e físicas, e um
impacto econ¼mico sem precedentes na economia global. Quanto aos desastres
naturais, como enchentes, furacões, maremotos e terremotos, nas últimas décadas
eles têm aumentado assustadoramente - é só observar os noticiários. A natureza
geme por causa do pecado (Romanos 8.22). Jesus ainda disse: “Mas todas essas
coisas são o princípio das dores” (Mateus 24.8 – ARC).
No decorrer de Sua resposta aos discípulos, Jesus apresenta
mais alguns sinais, senão vejamos: a perseguição contra os servos de Cristo,
que nos dias atuais está se intensificando cada vez mais e de diversas formas (Mateus
24.9; Marcos 13.9); os escândalos, uma realidade plausível, principalmente nas
mídias sociais (Mateus 24.10); o surgimento de falsos profetas (Mateus 24.11);
a proliferação da iniquidade e o esfriamento do amor entre as pessoas (Mateus 24.12),
a ponto de um irmão entregar à morte outro irmão, e o pai ao filho, e os filhos
se levantarem contra os pais e os matarem (Marcos 13.12). Diante de tudo isso,
Jesus fez uma afirmação que não podemos esquecer: “Mas aquele que perseverar
até o fim será salvo” (Mateus 24.13). O texto correlato de Lucas também fala de
grandes sinais no céu (Lucas 21.11). Aqui cabem as palavras de Lima (2016, p.
15): “Não sabemos que sinais serão estes nos céus, pois as Escrituras não
revelam, porém sabemos que trarão espanto a todos que os virem, mostrando que
serão algo jamais visto pelos homens”.
Diante de todos esses sinais, tão presentes em nossos dias,
é indispensável os elementos da oração e do conhecimento das escrituras para
não sermos enganados pelos falsos profetas e falsos mestres, além da
necessidade da vigilância e da perseverança.
A evangelização eficaz também é um sinal dos últimos tempos.
Jesus disse: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em
testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” (Mateus 24.14 – ARC). A igreja
como agente do Reino de Deus deve continuar proclamando o evangelho com todos
os recursos que estão ao seu alcance, até que Cristo venha. Stamps (2022, p. 1670)
nos lembra “que apesar deste período de intensas dificuldades e incertezas, a
mensagem de Cristo se espalhará por todo o mundo e muitos irão responder
aceitando o seu perdão e iniciando um relacionamento pessoal com Deus”. Ele
ainda afirma: “O fim virá somente depois que o evangelho do Reino tiver sido
pregado apropriadamente por todo o mundo” (STAMPS; 2022, p. 1671). Somente Deus
saberá quando esta tarefa estiver concluída. A nós, Seus servos, cabe
proclamarmos a mensagem do evangelho: Jesus Cristo salva, cura, liberta, batiza
no Espírito Santo e breve voltará!
Estes sinais são chamados por Jesus de “princípio das dores”
(Mateus 24.8), que, de acordo com Ron Rhodes 2016, p. 129), quer dizer que “do
mesmo modo como as dores de parto aumentam em frequência e em intensidade,
também esses sinais se tornarão mais e mais catastróficos”. Rhodes (2016, p. 139)
ainda faz uma observação importante, quando die “que estes sinais proféticos já
estão lançando suas silhuetas. Eles aparecem de maneira preparatória já em
nossa época. A partir disso podemos concluir que o palco para a Tribulação já
está preparado”. Em Mateus 24.15-29, Jesus falou sobre os “sinais especiais de
advertência para indicar os últimos dias desta era, que serão a Grande
Tribulação” (STAMPS, p. 1669).
Porém, é preciso enfatizarmos que a igreja do Senhor será
arrebatada antes da Grande Tribulação. A Bíblia nos oferece várias provas
indubitáveis quanto a isto. A igreja não será submetida aos juízos proclamados
nos capítulos 4 a 18 de Apocalipse. Afirmamos que a visão prétribulacionista é
a que mais se adequa à interpretação literal da profecia bíblica 1 Tessalonicenses
1.9-10; 5.9; Apocalipse 3.10. O pastor Antônio Gilberto (1985, p. 15), de
saudosa memória, faz uma observação importante: “Entre o Arrebatamento e a
revelação de Jesus decorrerá um período de sete anos, segundo as Escrituras. Muitos
fatos estupendos estarão acontecendo na terra. É a semana de anos mencionada em
Daniel 9.27. O fato de a vinda de Jesus abranger um período de sete anos, não
deve constituir problema para ninguém. Lembremo-nos de que seu primeiro advento
levou mais de 30 anos”. Os tempos são trabalhosos, as profecias estão se
cumprindo cabalmente. Devemos estar alertas. “Conserva o que tens, para que
ninguém tome a tua coroa” Apocalipse 3.11. Maranata Ora vem, Senhor Jesus!
Referências Bibliográficas
LIMA, Elinaldo Renovato de. Sinais que antecedem a volta
de Cristo. O final de Todas as Coisas - Esperança e glória para os salvos. Lições
Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre, 2016.
RHODES, Ron. A cronologia do fim dos tempos: uma visão
geral da profecia bíblica. Porto Alegre: Chamada, 2016.
SILVA, Severino Pedro da Silva. Escatologia – Doutrina
das Últimas Coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
SILVA, Antônio Gilberto da Silva. O calendário da Profecia. Rio
de Janeiro: CPAD, 1985.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal:
edição global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
por Raydfran Leite de Oliveira
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante