Objetos encontrados apontam destruição por Nabucodonozor
Arqueólogos ligados a Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte (EUA) responsáveis pelas escavações na região do Monte Sião, em Jerusalém, encontraram em meados de agosto, depósitos de cinzas, pontas de flechas, pedaços de vasos e lâmpadas que, de acordo com relatório emitido pelos especialistas, evidenciam a conquista da Cidade Santa pelos exércitos babilônios em 586 a.C. O local da escavação e dos achados está localizado no parque “Sovev Homot”, administrado pela Autoridade de Natureza e Parques de Israel.
O co-diretor do projeto arqueológico Mount Zion da
universidade norte-americana, Shimon Gibson concedeu entrevista à rede CNN e disse
que os artefatos indicam pela primeira vez que os arqueólogos descobriram
sinais das “elites”. O especialista acrescentou que “parecendo confirmar as
descrições bíblicas da riqueza de Jerusalém antes da conquista em 587-586 a.C.
Trata-se de um achado raro em locais de conflito, já que os soldados
normalmente as roubavam. É uma indicação clara da riqueza dos habitantes da
cidade na época do cerco”.
O especialista disse também que ele “gosta de pensar” que durante
o seu trabalho no sítio arqueológico está “escavando dentro das ‘casas dos
poderosos’, mencionadas no segundo livro de Reis 25.9. Este lugar estaria em
uma localização ideal, pois fica perto do cume ocidental da cidade, com uma boa
vista sobre o Templo de Salomão e o Monte Moriá, a nordeste. Temos grandes expectativas
de encontrar muito mais da cidade da Idade do Ferro em futuras temporadas de
trabalho”, afirmou o especialista.
O historiador explicou que, apesar de os objetos isolados
sejam insuficientes para concluir que Jerusalém foi alvo do ataque babilônio, os
objetos levam os pesquisadores a acreditarem que têm em mãos evidências diretas
da conquista. Os arqueólogos acreditam que os objetos encontrados podem ser
datados, especificamente, dentro do ambiente conflituoso da conquista por causa
da combinação de artefatos e materiais encontrados pelos arqueólogos: cerâmica
e lâmpadas, incluindo as evidências do cerco babilônico representado pela
madeira e as cinzas, além de várias pontas de flechas de bronze e ferro típicas
desse período.
O professor Gibson argumentou que para os arqueólogos, camadas
formadas por objetos antigos podem trazer informações relevantes sobre o
período da história em análise.
“Para os arqueólogos, uma camada cinzenta pode significar várias
coisas diferentes. Pode ser depósitos de cinzas retirados de fornos ou uma
queima localizada de lixo. No entanto, neste caso, a combinação de uma camada
de cinzas cheia de artefatos, misturada com pontas de flechas e um enfeite
muito especial indica algum tipo de devastação e destruição. Ninguém abandona
joias de ouro e ninguém tem pontas de flecha em seu lixo doméstico”, disse
Gibson em um comunicado.
Os membros da equipe perceberam que as pontas de flechas recuperadas
são itens “bastante comuns” em campos de batalha dos séculos 7 e6 a.C., e peculiares aos soldados
babilônios. “Esta evidência aponta para a conquista histórica da cidade pela
Babilônia, porque a única grande destruição que temos em Jerusalém para este período
é a conquista de 587-586 a.C.”, explica Gibson.
O especialista disse também que os artefatos de barro -
peças quebradas de cerâmica, partes das lâmpadas comprimidas de época e demais
objetos domésticos – foram fundamentais na datação dos achados.
“É muito emocionante poder escavar vestígios do material de qualquer
evento histórico, e ainda mais em relação a um evento histórico importante,
como o cerco babilônico de Jerusalém”, disse o co-diretor do projeto, Rafi
Lewis.
Esses resultados possuem uma relevância descomunal para os arqueólogos,
uma vez que contribuem com informações acerca de um evento catastrófico na
história judaica. Os historiadores acreditam que a campanha militar conduzida pelo
rei babilônio Nabucodonozor contra Jerusalém tenha resultado em um verdadeiro
banho de sangue quando a cidade foi arrasada por suas tropas. O grande Templo erguido
pelo rei Salomão não ficou incólume e acabou sendo alvo da destruição ocorrida
na tomada da cidade. O incêndio provocado pelos conquistadores e o desmantelamento
do santuário erguido durante o reinado de Salomão teriam sido coordenados por
Nebuzaradan, comandante da guarda de Nabucodonozor. O governante do Reino de
Judá naquele fatídico período, rei Zedequias caiu prisioneiro e a população
acabou deportada para a Babilônia. Esses acontecimentos foram narrados nas
seguintes passagens bíblicas: 2 Reis 25.1.21 e Jeremias 52.1-27. Por outro
lado, a Palavra de Deus deixa claro que a catástrofe foi resultado da
impenitência dos judeus que foram alertados diuturnamente pelo profeta Jeremias
que chegou a confrontar muitos de seus compatriotas. A falta de arrependimento
fez com que o juízo divino viesse através das tropas invasoras.
Apesar da rejeição de familiares (Jeremias 12.6), sacerdotes
e falsos profetas (Jeremias 20.2,2; 28.1-17), Jeremias testemunhou diversos
vaticínios cumprirem-se, principalmente aqueles que se referiam ao epílogo do
Reino de Judá e ao exílio de seus conterrâneos na Babilônia. Por sua vez, os
motivos que levaram Nabucodonozor a resolver destruir Jerusalém foi a recusa de
Zedequias a pagar-lhe tributos (2 Reis 24.20; 2 Crônicas 36.13; Jeremias 52.3;
Ezequiel 17.15) e sua intenção
em aliar-se ao faraó Apriés (Hofra, cf Jeremias 44.30) com o objetivo de formar
uma coligação e oferecer resistência ao império babilônio (Jeremias 37.5-8).
A fatídica data é lembrada pelos judeus ortodoxos espalhados
por todo o planeta. A comunidade recorda o acontecimento todos os anos em Tishá
be’Av, um dia anual dedicado ao jejum e luto. Os membros da comunidade afirmam
ser este o dia mais triste do calendário judaico, também é lembrado por causa
da destruição do Templo reconstruído por Herodes (Lucas 21.5,6). O monarca procurou
a conciliação com seus súditos através das reformas no prédio. A tradição
judaica afirma que os dois santuários foram arrasados no nono dia do mês de Av,
sendo que a última construção foi destruída no ano 70 d.C. pelas tropas romanas
sob o comando do general Tito, que posteriormente seria o novo imperador de
Roma.
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