Evangelização como estilo de vida

Evangelização como estilo de vida


O termo “Evangelho” significa Boas Novas ou Boas Notícias - no caso, para a salvação mediante a morte e a ressurreição de Cristo. O apóstolo Paulo conceitua o Evangelho dizendo que Jesus é “declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 1.4). Baseado nessa de claração, o apóstolo classificou o Evangelho como o poder de Deus para a salvação de todas as gentes (Romanos 1.16).

Os termos evangelismo e evangelização não podem ser confundidos, pois são palavras que têm definições totalmente diferentes. No substantivo evangelização, o seu sufixo “ação” denota trabalho, movimento, o modo de atuar do cristão para levar as boas novas de salvação. George W. Peters (2000, p. 256) conceitua evangelização como “apresentação inteligível, atrativa, significativa, propositada e persuasiva do Evangelho”. Já no termo evangelismo, o sufixo “ismo” traz mais a ideia de ciência e de um sistema de crença. De acordo com esse último, seria mais no sentido de um conjunto de doutrinas. Infelizmente, muitos estão mais interessados com a ação, sendo que, para alcançar as vidas, antes é preciso se preocupar em buscar o conhecimento de Deus por meio da doutrina bíblica, mediante um preparo sistemático dentro de uma perspectiva teológica sadia. Como o cristão, por meio do estilo vida, como prática do Evangelho, ganhará as pessoas para Jesus se não conhece o Filho de Deus nem Seus mandamentos?

Por outro lado, a igreja local também não pode ficar presa apenas ao campo teórico, uma vez que Cristo espera dela urgência no sentido de priorizar também a tarefa da Grande Comissão dada pelo Filho de Deus aos Seus discípulos. Para essa mensagem causar impacto neste mundo pós-moderno, o cristão precisa viver o Evangelho de maneira intensa para não ser repreendido pela sociedade que já tem sua cultura considerada como pós-cristã. Neste caso, a evangelização denota a ação para a demonstração do comportamento moral do cristão em contrapartida ao ambiente social corrompido pelo pecado, na proposta de provar que o Evangelho não envolve apenas doutrina teológica, mas apresenta mudança de vida no aspecto de um arrependimento sincero e de uma fé verdadeira. Enquanto arrependimento demonstra o afastamento do homem do pecado, a fé mostra este mesmo homem se aproximando de Cristo.

O conhecimento das doutrinas apresentadas na Bíblia será de fundamental importância para o cristão, porque assim serão colocadas em prática no sentido de testemunhar o caráter de Deus para influência de uma sociedade totalmente envolvida em densas trevas. Mas, para que isso aconteça, o crente não deve ser apenas ouvinte da Palavra de Deus, mas praticante da mensagem exigida pelo Evangelho (Tiago 1.22). Alguém pode dizer que obedecer a Palavra de Deus é muito difícil. Expressões como “é difícil ser crente” são muito comuns de serem ouvidas por algumas pessoas não evangélicas e até por aquelas que se consideram supostamente cristãos. Quanto a tudo isso, o apóstolo João discorda plenamente, pois ele acredita que uma pessoa verdadeiramente regenerada, isto é, nascida de Deus, não considera de forma alguma os mandamentos do Evangelho pesados; entretanto, um homem ou uma mulher genuinamente vivendo o novo nascimento terá sempre alegria e prazer (até mesmo em meio às dificuldades) em obedecer a Palavra de Deus (1 João 5.1-3).

Em última análise, o segredo da Igreja Primitiva estava em observar a doutrina dos apóstolos para em seguida praticarem a oração, a comunhão e a ação social. O conhecimento declarado pelos líderes apostólicos e apresentados como estilo de vida pela igreja recém-nascida estava resultando a cada dia no crescimento do povo da Nova Aliança, quando o Senhor acrescentava mais vidas ao Seu Reino (Atos 2.42-47).

As Sagradas Escrituras ensinam o cristão a almejar pela vinda de Cristo Jesus para buscar Sua Igreja eleita (Apocalipse 22.20). Contudo, o crente, antes de desejar ir para o céu, não pode se esquecer do seu papel como discípulo de Cristo no que envolve a sua responsabilidade de mudar a sociedade vivendo o Evangelho.

A igreja ocidental tem desconsiderado situações impostas pela sociedade totalmente divorciada dos valores cristãos que a construiu em meio à história. O que está sendo visto na sociedade ocidental são estes valores sendo invertidos; os valores que eram tidos como certos agora estão sendo vistos como errados. O pouco caso que alguns crentes fazem para sua responsabilidade de mudar uma sociedade doente, e que equivale a destacar o mundo espiritual esquecendo o mundo físico, é uma decorrência dos ensinamentos da filosofia platônica que perduraram em muitos sermões e escritos. Essa filosofia diz que o mundo invisível, ou mundo das ideias, é mais importante que o mundo material. Outro ensino que influencia bastante a igreja contemporânea é o gnosticismo, que causou problemas para a igreja ainda no século 2. Esse movimento criou um dualismo entre o espírito e a matéria, defendendo que o espírito era bom e a matéria era má.

Em consequência desses fatores históricos, compreende-se o porquê de muitos na igreja se interessarem mais pelo mundo espiritual, fazendo pouco caso do mundo material. Não há motivo teológico nem bíblico para um cristão se comportar de tal forma, porquanto, de acordo com as Escrituras, Deus não está interessado apenas no mundo espiritual. O mundo material foi Ele também quem criou e Deus mesmo é quem trabalha na história para levá-lo à sua restauração no dia da consumação de todas as coisas. Ora, se Deus se preocupa em transformar e restaurar este mundo, o cristão precisa ter a mesma preocupação em querer evangelizar para mudar o estado moral da humanidade.

bibliografia:

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LAWSON, J. Steven. Vai Te Custar Tudo. O que Significa Seguir a Jesus. Franca, SP: Defesa do Evangelho, 2022.

PETERS, W. George. Teologia Bíblica de Missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

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por Natanael Diogo Santos

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