As sagradas Escrituras revelam que aprouve a Deus fazer para si uma grande nação (Gênesis 12.1-2). Neste intento, o Senhor escolheu Abrão, de Ur dos Caldeus, e por meio da descendência deste patriarca adveio a nação eleita. Todavia, embora os planos do Deus Todo-Poderoso não sejam suscetíveis a falhas, a responsabilidade humana jamais é deixada de lado no chamamento divino. Assim, desde a promessa a Abraão até a conquista da Terra Prometida concretizada por Josué, ocorreram variadas intempéries para tentar atrapalhar a promessa divina, tais como: a insensatez de Abraão em ter um filho com Agar (Gênesis 16.15); a esterilidade de Rebeca (Gênesis 25.21); o engodo de Labão para com Jacó (Gênesis 29.19); a venda de José como escravo (Gênesis 37); a escravidão do povo hebreu no Egito (Êxodo 1.13), e muitas outras adversidades.
Contudo, como diz as Escrituras, o “justo passa por muitas
adversidades, mas o Senhor o livra de todas” (Salmos 34.19, NVI). Desta forma,
após o povo sair do Egito,
caminhou durante 40 anos no deserto até
chegar à Terra Prometida (Êxodo 16.35). Nesta toada, durante a jornada, o
capítulo 26 do livro de Números
registra a ordem divina para que Moisés realizasse a contagem do povo, a fim de
que quando chegassem à Canaã, cada família recebesse seu pedaço de terra.
Entretanto, diante de uma lacuna na lei civil do povo hebreu, as cinco filhas
de Zelofeade ficariam sem herança. Então, elas tomaram coragem e procuraram o líder
Moisés e o sacerdote Eleazar para que eles pudessem resolver “a brecha na lei”
que lhes prejudicava (Números 27.1-11).
O episódio das filhas de Zelofeade ensina-nos lições
valiosas para a vida cristã, tais como: (1) a necessidade de sermos exemplo; ()
o Deus que responde às nossas orações; e (2) o Deus que não nos desampara.
A necessidade de sermos exemplo
As Sagradas Letras arrazoam que é papel dos pais ensinarem
os filhos no caminho em que devem andar, porque, mesmo após a velhice, os filhos
que foram instruídos não se esquecerão do aprendizado (Provérbios 22.6). Nesse
contexto, memora-se a notória frase que “as palavras convencem, mas o exemplo
arrasta”, ou seja, é dever dos pais cristãos ensinarem as ordenanças prescritas
nas Sagradas Escrituras, mas também é uma responsabilidade dos pais viverem
conforme prediz a Bíblia Sagrada. Nessa quadra, Jesus Cristo foi muito severo com
a seita dos fariseus, haja vista que eles desejavam demostrar um pretenso
testemunho pessoal que não era verdadeiro. Dessa forma, o Messias chamou-os de
sepulcros caiados (Mateus 23.27), isto é,
por fora eles possuíam aparência e testemunho de santidade, porém por dentro
eram sujos e impuros.
Quando as filhas de Zelofeade procuraram o líder Moisés,
arrazoaram publicamente sobre o testemunho de seu genitor. Argumentaram que
Zelofeade não era uma pessoa má, que seu pai não fizera parte do grupo de
rebeldes da congregação de Corá engolidos pela terra; ao contrário, o pai
daquelas mulheres obedecia a liderança divinamente estabelecida (Números 27.3).
O apóstolo Paulo assevera que “tudo o que no passado foi
escrito, para o nosso ensino foi escrito” (Romanos 15.4, NAA). Desta maneira,
assim como aquelas mulheres deram testemunho de fé e relembraram o testemunho
de seu pai, que Deus tenha misericórdia de nossas vidas e que possamos ser
exemplos em toda a nossa maneira de viver, de maneira que as gerações futuras possam
testemunhar de nosso caráter cristão.
O Deus que responde às nossas orações
Quando Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza, as filhas de
Zelofeade, postularam o direito à propriedade de seu pai, Moisés foi
confrontado com algo que nunca ninguém havia solicitado ou reclamado na lei
civil do povo hebreu, o que chamamos no direito moderno de lacuna legislativa.
O filho de Joquebede poderia ter decidido aquela petição de inúmeras formas,
inclusive negando o pedido, porque a lei em vigor não garantia às mulheres o
direito de herdar a propriedade de seus pais, porém o homem mais manso da terra
“levou a causa delas perante o Senhor” (Números 27.5).
Deste texto extrai-se uma valiosa lição, qual seja que nem
sempre teremos resposta todas as questões, mas o nosso Senhor Deus, que é
sabedor de todas as coisas, responde às nossas orações e súplicas e “age em
todas as coisas para o bem daqueles que o amam” (Romanos 8.28, NVI).
É da natureza humana preocupar-se com o dia de amanhã, ainda
mais em meio a dificuldades e problemas, mas o exemplo de Moisés ensina-nos que
em lugar de ficarmos preocupados, devemos orar, porque aquele que invoca o Altíssimo
receberá resposta de Seu Santo Trono (Salmos 91.15).
O Deus que não nos desampara
O Deus que responde às orações dos justos também não os
desampara. Assim, Ele respondeu à oração de Moisés: “As filhas de Zelofeade
estão pedindo o que é justo. Certamente você deve dar-lhes propriedade como
herança entre os parentes do pai delas e deverá transferir a elas a herança do
pai” (Números 27.7 NAA). O pedido daquelas mulheres de fé foi respondido, o
Deus dos Exércitos escutou o clamor e abençoou-as grandemente. Daquela maneira,
a ousadia e a fé de Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza foi coroada com as bençãos
de Deus para elas e também para as gerações futuras.
Considerações finais
Destacamos que as filhas de Zelofeade solicitaram o direito
de propriedade, a fim de que elas não perdessem o direito à terra de seu pai.
Porém, Deus, na sua onisciência e infinita misericórdia, realizou muito mais do
que foi pedido. Ele garantiu a todas as mulheres dali em diante a prerrogativa
de receber bens como herança. O nosso Deus é maravilhoso! Ele concede muito
mais do que pedimos e muito mais do que merecemos: “Ora, àquele que é poderoso
para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos,
segundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em
todas as gerações, para todo o sempre. Amém” (Efésios 3.20-21).
por Carlos Matheus Costa Maninho
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