O cristão deve estar atento aos compromissos por causa de seu testemunho na sociedade a fim de evitar constrangimentos e escândalo aos circunstantes nos dias atuais
O sermão da montanha não foi dirigido exclusivamente aos discípulos, mas à multidão (Mateus 5.1). Logo, estes princípios de vida são destinados para todas as pessoas, em todos os tempos e para todas as culturas, independente da legislação de cada país. Pelo menos três fatores interessantes se destacam nesta afirmação do Mestre, tratados neste contexto: o primeiro é o assassinato (5.21-26), tanto o físico quanto o espiritual; o segundo é o adultério e a consequente separação do casal, tratado aqui como repúdio (Mateus 5.32); e o terceiro, não menos importante, é a questão do juramento, e em que circunstâncias ele pode ou não ocorrer.
Como poucas pessoas tinham acesso ao hebraico, elas dependiam
da interpretação dos escriba para entenderem a lei mosaica. Foi, então, que
Jesus mostrou a interpretação da letra da lei, o real sentido que Deus queria
que todos entendessem. “Eu, porém, vos digo” enfatizava o Mestre, para explicar
como ele entendia aquele assunto (repetido cinco vezes: 5.22, 26, 34, 39 e 44).
Observe que, em relação à quebra do quinto mandamento, o
assassinato espiritual é mais enfático do que o físico. Não que este não fosse
grave, mas o assassinato causado através de palavras agressivas e inconsequentes
foi colocado no mesmo pé de igualdade. Por esta causa Jesus afirmou que de
“toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo”
(Mateus 12.36). Menos grave seria se o sentido original dessa “palavra” fosse aquela
proferida por um louco, mas aqui está claro que se refere às palavras
expressadas conscientemente, com conhecimento intelectual do real significado, sabendo
o que poderia produzir tais palavras. O assassinato espiritual será julgado com
tanta gravidade quanto o assassinato físico. A infidelidade no casamento mostra
a outra face do engano, que vai além da mentira: enquanto esta é algo que se
afirma mesmo sabendo não ser a verdade, o engano vai mais longe, porque ele
passa por um planejamento ardiloso. O desdobramento da questão da infidelidade
esbarra no repúdio do marido infiel que rejeita e abandona sua esposa, a quem
empenhou sua palavra, solenemente, de permanecerem juntos, como Jesus afirmou:
“O que Deus ajuntou, não o separe o homem” (Marcos 10.9).
Quanto ao juramento, a palavra se refere a alguém que
depende de jurar para que sua palavra seja acreditada. Foi exatamente o que Pedro
fez ao negar seu Senhor pela terceira vez (Mateus 26.74). Ele sabia que estava
mentindo, mas julgou que, ao “jurar e praguejar”, poderia se livrar das
possíveis retaliações por parte dos seus algozes. Não há necessidade de juramento
quando a pessoa é confiável.
Em relação aos três pontos aqui mencionados, todos destacam
o peso da palavra empenhada de alguém sobre algo considerado de muita
seriedade. Empenhar ou penhorar é conceder algo de valor a outrem, como
garantia de que o tratado não será desfeito. É como uma dívida, do tipo que Judá
fez com a sua nora Tamar (Gênesis 38.17-18).
Era a isso que Jesus se referia: um simples sim, ou um
simples não, resolveria qualquer tratado porque o “o que passar disso é de procedência
maligna”.
por Cyro Mello
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante