Construir uma narrativa do atual conflito entre Israel e o Hamas exige um longo percurso histórico e um amplo exame documental. Tratar da Declaração Balfour e dos efeitos para o Oriente Médio do m da dominação Otomana, analisar o poder de intervenção da Liga das Nações, do Mandato Britânico, da ascensão da ONU, dos planos de partilha – projetados ou levados a efeito, considerando a sucessão de líderes e as diferentes circunstâncias que influenciaram cada etapa e cada conflito, tendo ele ocorrido nas terras escaldantes do Sinai ou nas alturas do Golan –, nada pode ser analisado sem cautela e, sobretudo, sem um olhar calcado nas Escrituras, isso se quisermos compreender os fatos à luz das Sagradas Letras. Pois é justamente nelas que encontramos a mais profunda causa dos embates passados e atuais envolvendo Israel.
O pastor Abraão de Almeida afirmou que “nenhum estudo sério de
escatologia bíblica pode ignorar o povo de Israel ou colocá-lo num plano
secundário”. Segundo ele, “não se pode negar a influência de Israel no destino
dos povos; a promessa feita por Deus a Abraão em Gênesis 12.3: ‘Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem’
tem sido rigorosa e admiravelmente cumprida através dos séculos, até os nossos
dias; as nações que apoiam e protegem os israelitas são prósperas e abençoadas,
ao passo que as que os perseguem são sempre castigadas: ou desaparecem, ou estagnam,
ou são humilhadas, e, invariavelmente, perdem a bênção divina” (Mais de 201
respostas para o seu enriquecimento espiritual e cultural, CPAD). De fato,
a existência de Israel e do povo judeu após milênios de perseguições, banimentos
e massacres impetrados pelos mais variados povos e seu retorno à terra
ancestral, onde prospera e continua abençoando e influenciando as demais
nações, é prova da existência de Deus e de Sua fidelidade para com o povo escolhido.
Israel é o nosso relógio escatológico: “Olhai para a figueira,
e para todas as árvores” (Lucas 21.29), e tudo o que diz respeito a ela precisa
ser considerado, pois o Senhor não esqueceu de Seus propósitos para com aquela
terra e povo. Muito embora alguns afirmem que as promessas feitas por Deus não
são mais válidas, a própria Palavra os contradiz, pois afirma: “Mudarei a sorte
do meu povo de Israel; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão,
plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto.
Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão
arrancados, diz o Senhor, teu Deus” (Amós 9.14-15). Negar o papel de Israel no
plano de Deus para o futuro das nações é aproximar-se dos discursos antissemitas
dos radicais. A teologia da substituição permanece infiltrando suas
argumentações carentes de embasamento bíblico entre o povo de Deus, mas aqueles
que estão atentos às profecias sabem que Israel tem para si um futuro glorioso,
pois o Senhor não o rejeitou.
Chegamos, portanto, ao real motivo pelo qual os povos atacam
Israel. Não se trata de terras, não tem a ver com tesouros em ouro ou petróleo,
não diz respeito nem mesmo à construção de um poderoso reino islâmico, mas o motivo,
manifesto em guerras as mais variadas, quer sejam através de armas de metal,
armas químicas ou armas de palavras, espalhadas na mídia tendenciosa, não é
outro senão a tentativa de tornar Deus um mentiroso. Exatamente – a antiga
serpente, o Diabo, permanece colocando em dúvida as palavras do Criador, da
mesma forma como fez no Éden. Uma vez que o futuro profético tem como pano de
fundo a nação de Israel, o inimigo de Deus quer destrui-la. Uma vez que a descendência
de Israel cumprirá um importante papel no milênio, o opositor a persegue. Uma vez
que Jerusalém despontará de maneira gloriosa como local do governo do Senhor
Jesus sobre a terra, ao dragão importa tragá-la e aos seus. Dentro da
perspectiva das trevas, aniquilados o povo, a terra e a cidade, nada poderá se cumprir.
A estratégia não é nova. Foram muitas as investidas contra
os elevados projetos. Consideremos a matança dos meninos hebreus no Egito ou a
matança dos meninos por Herodes. Consideremos a destruição do Templo, a
dispersão, o difícil retorno e o trabalho fundamental de um homem como Esdras
para resgatar o texto e as promessas nele contidas, reacendendo a esperança de
toda uma nação. Consideremos o esforço de cada um que preservou, traduziu e
ensinou cada trecho das Escrituras, para que fosse sabido que “uma estrela
procederá de Jacó”. O profeta Isaías também declarou: “Naquele dia recorrerão as
nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos; a glória lhe
será morada” (Isaías 11.10). Assim como, no passado, muitos eventos foram
manifestações de oposição ao cumprimento da Palavra, hoje, de igual maneira,
Satanás procura desfazer a cena cultural e geopolítica do desenrolar profético.
Porém, da mesma maneira como seus intentos foram frustrados anteriormente, mais
uma vez os povos contemplarão e o inimigo verá, humilhado, a manifestação da
Glória do Senhor nas terras por onde Seu amigo, Abraão, um dia peregrinou.
Tomemos as palavras de Norbert Lieth sobre o cumprimento das
profecias: “Assim como a vara de Arão provou quem era o sumo sacerdote eleito e
escolhido por Deus, assim ficará provado que Jesus Cristo era e é o Messias, o escolhido
de Deus – e todos O reconhecerão. Ele salvará Israel das mãos do anticristo e
se assentará no trono de Davi. [...] Nessa ocasião, todas as palavras de Deus
terão seu cumprimento perfeito, [...] E então também se cumprirá o que o Senhor
profetizou há muito tempo atrás em Isaías 27.6: “Dias virão em que Jacó lançará raízes, florescerá e brotará
Israel, e encherão de fruto o mundo”. Jacó criará raízes e Israel florescerá nAquele
que é o Renovo”.
Para que Jesus viesse ao mundo como descendente de Abraão, pertencente
à tribo de Judá, nascido da família de Jessé, na cidade de Belém, conforme
profetizado, era necessária a existência de Israel e dos judeus, na terra
prometida. Era necessária a existência do Templo, onde o menino foi
apresentado, para alegria dos idosos Simeão e Anna. Era preciso que o Senhor,
pronto a realizar o sacrifício definitivo e substitutivo, fosse confirmado pela
declaração profética emitida pelos lábios do próprio Caifás, o Sumo Sacerdote,
de que um homem morreria pela nação. Na perfeição do projeto divino, o
sacrifício ocorreu na Páscoa, no dia devido, na hora devida do sacrifício da
tarde.
Em Seu retorno, igualmente, Ele pousará Seus pés em Israel. Ele
virá pessoalmente, “como um ladrão de noite” e encontrará a situação da terra
semelhante aos dias de Noé. Conforme a declaração angelical, “varões galileus,
por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao
céu, assim virá do modo como o vistes subir” (Atos 1.11). Jesus virá em poder e
glória e sua vinda confrontará as nações e tal maneira que ninguém poderá negar
Seu poder e Sua majestade. Ele voltará com Seus anjos e Seus santos [a Igreja],
sim, Ele virá de forma tremenda: “Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu
braço dominará: eis que o seu galardão está com ele, e diante dele a sua
recompensa” (Isaías 40.10). A recompensa que O acompanha é a multidão dos homens
e mulheres que aceitaram o sacrifício que fez, derramando Seu sangue para a
salvação de um povo, uma herança, uma conquista que alcançou para Ele próprio. Jesus
retornará para Israel.
Jesus retornará para Jerusalém. Jesus retornará para os
judeus. Diante de tais afirmativas, concluímos que ainda existirá uma nação
chamada Israel, uma cidade chamada Jerusalém e um povo chamado judeu. Os
recentes progressos israelenses para a obtenção de uma linhagem de novilhas
vermelhas despertaram a fúria daqueles que, conhecendo a importância desses
animais para a purificação do terreno antes da edificação do futuro Templo,
querem evitar que isso aconteça a todo o custo. Para esses, destruir Israel equivaleria
a destruir as condições para o cumprimento das profecias bíblicas;
instituiu-se, assim, uma verdadeira “caça” a todas as iniciativas nessa
direção.
Ora, independentemente dos progressos da moderna zoogenética
e do ódio de alguns, naquele dia, toda a resistência será confrontada com a
apresentação dAquele que venceu na Cruz do Calvário e foi recebido por um tempo
nos céus, pois está escrito: “é necessário que o céu receba até aos tempos da
restauração de todas as coisas” (Atos 3.20-21). Haman ou Hamas, quaisquer que sejam
os opositores, todos terão de reconhecer a supremacia do Senhor que escreve a
História. O tempo da restauração plena de Israel virá. Embora não conheçamos o
tempo preciso, há algo que podemos e que procuramos fazer, antes de sermos
chamados a estar com Ele: olhar atentamente para Israel, pois o Senhor nos disse:
“Assim também vós: quando virdes todas estas cousas, sabei que está próximo, às
portas” (Mateus 24.33). O Senhor vem. Israel – que sobreviverá – O aguarda.
por Sara Alice Cavalcanti
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