Atualmente, muitos que professam a fé cristã são levados pelos recentes e assustadores eventos ocorridos no mundo e no Brasil ao sentimento de que o mal, simbolizado na figura de Satanás, derrotou o bem. Há até pessoas que admiram e até invejam os praticantes do mal, assim como ocorreu com Asafe no Salmo 73.2-3: “[...] meus pés quase se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos, pois eu tinha inveja dos soberbos ao ver a prosperidade dos ímpios”. Por que esse sentimento de derrota? Qual o motivo de passarmos por tempos sombrios? Como fortalecer a fé dos que declinam como Asafe em sua admiração aos iníquos? Pois estes “são corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Erguem a sua boca contra os céus[...].” (v. 8-9).
O primeiro embate travado entre o bem e o mal ocorreu no céu
EM Ezequiel 28.11-19, o profeta se dirige contra o rei de Tiro, todavia exegetas
entendem que essa passagem também se refere à queda de Lúcifer. Havia
iniquidade no querubim ungido: “Perfeito eras nos teus caminhos, [...] até que
se achou iniquidade em ti” (Ezequiel 28.15, ARC). A Bíblia King James substitui
o termo “iniquidade” por “malignidade”.
O rei da Babilônia foi alvo do profeta Isaías em um texto
que tem levado os intérpretes bíblicos a entenderem que aponta para Satanás: “Como
caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra,
tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: ‘Eu subirei ao céu,
acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me
assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e
serei semelhante ao Altíssimo’. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais
profundo do abismo” (Isaías 14.12-15).
Lúcifer, ao ser expulso dos céus por querer ser semelhante a
Deus e desejar usurpar a glória unicamente devida ao Criador, tornou-se um ser maligno
e carregado de ódio contra o Eterno e contra Suas criaturas. Já que não poderia
mais voltar aos céus, ele decide atacar Deus através do primeiro casal feito à
imagem e à semelhança do Senhor.
O Maligno trabalha por meio do engano e da mentira, dos
quais tem a paternidade: “Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio,
porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 8.44). Ele induz Eva à
desobediência e esta, por sua vez, faz com que Adão desobedeça o Eterno. Assim,
travou-se a primeira batalha do bem contra o mal na Terra e ocorria a primeira
ilusão da vitória do mal. Satanás vibrava, achando que, porque “todo o mundo está
no maligno” (1 João 5.19), a glória
já lhe pertencia. Entretanto, Deus decreta sua derrota ao profetizar o Messias:
“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”(Gênesis 3.15). Assim,
tivemos a primeira batalha do bem contra o mal nos céus, com vitória do bem; e
a primeira batalha do bem contra o mal na Terra, com o prenúncio de uma vitória
total futura do bem. Desde então, a luta espiritual contra as trevas intensifica-se
diariamente. Não há surpresa nisso. O próprio Filho de Deus profetizou a
respeito dos dias que vivemos: “E ouvireis de guerras e de rumores de
guerras;[...] se levantará nação contra nação, e reino contra reino,[...] vos
hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas
as nações por causa do meu nome.[...] muitos serão escandalizados, e
trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão.[...] E, por se
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mateus 24.6-12).
No contexto atual do Brasil e do mundo, a impressão é que politicamente
o mal venceu, que o espírito do Anticristo, que já opera no mundo (1 João 4.13,
está produzindo tanta
malignidade e iniquidade que está levando crentes a se sentirem fracassados em
sua luta contra os príncipes das trevas (Efésios 6.12). Ora, por que esse
sentimento de derrota? Por causa da apostasia. Mas Paulo já alertava: “[...]
nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4.1). Muitas pessoas são levadas por promessas falsas
proferidas por homens obcecados pelo poder e negam os valores e preceitos bíblicos
aprendidos. Ao negar a fé e os sagrados valores, homens e mulheres fracos na
fé, na primeira batalha mais árdua, geram dentro de si um sentimento pessimista
e derrotista.
Qual o motivo de passarmos por tempos sombrios? Amamos a
Cristo e Ele nos ama (1 João 4.19), e a partir do momento que decidimos seguir o
Mestre, sabíamos que teríamos aflições (João 16.33). Paulo afirma “[...] todos os que piamente querem
viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Timóteo 3.12).
Como fortalecer a fé dos que declinam como Asafe? Como afirma
o próprio Asafe no Salmo 73, crendo que “bom é Deus[...] para com os limpos de
coração” (v. 1); buscando a Deus e entendendo Seus propósitos (“Quando pensava
em entender isto, foi para mim muito doloroso; Até que entrei no santuário de
Deus; então entendi eu o fim deles”, vv. 16,17); crendo na destruição dos
iníquos (“[...] tu os lanças em destruição”, v. 18; e “[...] os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído
todos aqueles que se desviam de ti”, v. 27); estando com Deus (“Todavia estou
de contínuo contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita. Guiar-me-ás com
o teu conselho, e depois me receberás na glória”, vv. 23,24); e tendo Deus como
fortaleza e nEle confiando (“Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha
porção para sempre”, v. 26; e “[...]
bom é aproximar-me de Deus; pus
a minha confiança no Senhor Deus”, v. 28).
por Edimilson José Silvino
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