“Termômetro” diz respeito a um instrumento que serve para
monitorar as condições do ar em qualquer ambiente; monitora a temperatura e a
umidade do ar. Trazer a figura do termômetro para o campo espiritual significa
usá-la como um elemento comparativo para falar do ambiente espiritual de um culto
pentecostal.
Para que tenhamos uma noção básica sobre o culto
pentecostal, precisamos começar pela palavra doutrinária do apostolo Paulo na
sua Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 14 e versículos 26-33,39,40: “Que
fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina,
tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. E,
se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois, ou, quando muito, três
e, por sua vez, haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado
na igreja e fala consigo mesmo e com Deus; e falem dois ou três profetas, e os
outros julguem, Mas, se a outro que estiver assentado, for revelada alguma
coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos
outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados. E os espíritos dos
profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão
de paz, como em todas as igrejas dos santos. Portanto, irmãos, procurai com zelo
profetizar e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com
ordem”.
Essa escritura doutrinária de Paulo nos conduz aos elementos
constituintes do culto pentecostal. O texto base desse capítulo retrata bem a
doutrina e a prática da adoração ensinadas por Jesus, quando respondeu à mulher
samaritana sobre o lugar da adoração dos que servem a Deus. Jesus disse: “Os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai
procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espirito e em verdade” (João 4.23,24). Ele fez distinção
entre o que adora verdadeiramente e o que o faz apenas religiosamente. Nas
experiências distintas com os fariseus e com a mulher samaritana, Jesus ensina
a verdadeira e a falsa adoração, aquela adoração que é aceita diante de Deus e
a que é rejeitada pelo Senhor. O tema dessa matéria procura destacar o nível em
que ocorre a adoração nas nossas igrejas.
Qual seria a distinção do culto pentecostal para o culto tradicional?
A diferença está nas atitudes dos líderes dos cultos, no envolvimento
congregacional, no propósito, no enfoque do culto, na intensidade dos elementos
do culto e até mesmo na duração (tempo) do culto.
Essencialmente, os elementos espirituais do culto são os mesmos.
A diferença está na ênfase às manifestações do Espírito Santo na vida da igreja
nos cultos realizados. Percebemos, outrossim, algumas distorções adotadas que
modificam o modo de cultuar. Há modismos litúrgicos que, apesar das aparências,
sempre acabam por acarretar sérios prejuízos à sã doutrina e aos costumes
genuinamente cristãos. Nossa preocupação como Igreja de Cristo é oferecer a
Deus uma adoração segundo nos prescreve a Bíblia, sem quaisquer misturas
estranhas à nossa liturgia.
É impossível tratarmos desse assunto sem que aprendamos a
doutrina que orienta nosso culto a Deus. Por isso, vamos tratar, inicialmente, sobre
o culto pentecostal à luz da Bíblia.
A definição de culto e de adoração na Bíblia
A palavra culto, na língua grega, é latréia, que aparece 21
vezes no Novo Testamento, significando “serviço religioso”. Paulo empregou a
palavra latréia com o sentido de culto, de serviço, fazendo uma metáfora (figura
representativa) do corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Romanos
12.1). Na língua inglesa, a palavra que aparece para “culto” é a palavra “service”,
ou seja, “serviço”. A quem prestamos culto? A quem oferecemos a nossa adoração,
o nosso ser viço? Jesus declarou que não podemos servir a dois senhores (Mateus
6.24). O culto pentecostal tem na adoração o seu modo de expressão. No grego
bíblico, adoração é proskyneo e o seu significado literal é o de prostrar-se no
chão, ou curvar-se diante de uma pessoa que admiramos até o ponto de beijar-lhe
os pés. A mulher pecadora, que ungiu os pés de Jesus com unguento, “beijava-lhe
os pés” em adoração (Lucas 7.38). Na visão apocalíptica do apóstolo João, ele
viu os 24 anciãos no céu prostrados diante daquEle que estava assentado no
Trono (Ap 4.10).
A essência do culto a Deus é a adoração
A melhor definição do Antigo Testamento para “adoração” foi apresentada
por Moisés quando ensinou ao povo de Israel que a melhor forma de adorar a Deus
é amá-lO como primeiro mandamento divino. Amar a Deus sem limite é a mais pura
forma de adorá-lO. Esse é o primeiro mandamento (Deuteronômio 6.4,5). Nos dias
de Jesus, séculos depois, um doutor da lei mosaica interrogou-Lhe: “Qual é o
grande mandamento? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração,
e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento” (Mateus 22.35-38). Na adoração cristã, o adorador deve ter a sua
mente e o seu coração voltados para Deus, porque o Senhor é a essência de nossa
adoração. Por isso, quando nos reunimos para adorar, o Espírito Santo aclara a
nossa mente para reconhecermos que Jesus foi feito Senhor e a Ele adoramos em
verdade. Entendemos, então, que culto verdadeiro é aquele que manifesta amor de
todo o coração, uma vez que o coração, metaforicamente, representa o centro da v
ida intelectual, emocional e espiritual do crente.
Dois elementos básicos do culto cristão
Esses elementos são: (1) O relacionamento entre Deus e a Igreja,
e (2) o relacionamento fraternal entre os membros da Igreja. Normalmente, os
crentes dizem que vão ao culto para adorar a Deus, mas sem a preocupação com as
pessoas que estão ao seu redor ou ao lado. Não basta ter amizade com nossos
irmãos de fé. A adoração, ainda que individual, deve ter um caráter mútuo e
coletivo de expressar-se. O melhor exemplo foi a igreja emergente de Jerusalém
depois do Pentecoste. O texto de Atos nos permite ver como aqueles irmãos se
uniram com profundo amor entre eles e com o amor de Deus em seus corações.
Havia entre eles uma alegria e comunhão (Atos 2.43-47). Já na igreja de
Corinto, havia certa dicotomia na forma de adorar e na relação entre os irmãos.
Logo, ali não houve uma experiencia saudável, porque o princípio que deve
prevalecer na adoração cristã é a união de corações e mentes (1 Coríntios
11.17-22).
A Igreja é uma comunidade de adoração
No início da Igreja, depois do Pentecoste, o culto cristão
não tinha uma forma litúrgica definida. Os cultos eram verdadeiros e genuínos,
porém sem a preocupação de estabelecer formas e ritos para a sua efetivação. Ao
longo da história, a igreja sofreu mudanças drásticas, e a forma simples foi
abandonada, dando lugar a um tipo de culto que engessava a liberdade espiritual
dos crentes para adorarem ao Senhor.
Há uma relação íntima entre adoração e culto
Na verdade, o ato de cultuar significa adorar. A igreja
local é uma comunidade de adoração. A igreja é visivelmente o corpo de Cristo
que adora a Deus. O chamado de Deus a todo ser humano é um chamado à adoração.
A obra salvífica de Deus transforma pessoas rebeldes, obstinadas e pecadoras em
santos obedientes e adoradores. A adoração não tem sua origem no homem, mas ela
se origina da dignidade de Deus. Essa relação entre o homem e Deus é uma
relação intrínseca porque o homem foi “criado à imagem e semelhança de Deus” (Gênesis
1.26). Depois vemos os patriarcas, chamados por Deus para uma relação especial
com Ele, com Deus estabelecendo com um deles, Abraão, uma nação para O adorar
ao longo das gerações humanas. Posteriormente, o Espírito Santo gerou um novo povo,
a Igreja, que existe para adorar ao Senhor.
por Elienai Cabral
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