O genuíno culto pentecostal – Parte 1

O genuíno culto pentecostal – Parte 1


Foi solicitado escrever e considerar duas perguntas que representam a preocupação da igreja pentecostal nos dias atuais: “Qual o termômetro do culto pentecostal?” e “O que determina se o culto foi mais ou menos pentecostal?”. Percebe-se a perda de algumas caraterísticas típicas do culto pentecostal que estão desaparecendo na nossa prática de adoração. As duas perguntas merecem apreciação e devem ser respondidas com pureza de sentimento.

“Termômetro” diz respeito a um instrumento que serve para monitorar as condições do ar em qualquer ambiente; monitora a temperatura e a umidade do ar. Trazer a figura do termômetro para o campo espiritual significa usá-la como um elemento comparativo para falar do ambiente espiritual de um culto pentecostal.

Para que tenhamos uma noção básica sobre o culto pentecostal, precisamos começar pela palavra doutrinária do apostolo Paulo na sua Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 14 e versículos 26-33,39,40: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois, ou, quando muito, três e, por sua vez, haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fala consigo mesmo e com Deus; e falem dois ou três profetas, e os outros julguem, Mas, se a outro que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. Portanto, irmãos, procurai com zelo profetizar e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem”.

Essa escritura doutrinária de Paulo nos conduz aos elementos constituintes do culto pentecostal. O texto base desse capítulo retrata bem a doutrina e a prática da adoração ensinadas por Jesus, quando respondeu à mulher samaritana sobre o lugar da adoração dos que servem a Deus. Jesus disse: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espirito e em verdade” (João 4.23,24). Ele fez distinção entre o que adora verdadeiramente e o que o faz apenas religiosamente. Nas experiências distintas com os fariseus e com a mulher samaritana, Jesus ensina a verdadeira e a falsa adoração, aquela adoração que é aceita diante de Deus e a que é rejeitada pelo Senhor. O tema dessa matéria procura destacar o nível em que ocorre a adoração nas nossas igrejas.

Qual seria a distinção do culto pentecostal para o culto tradicional? A diferença está nas atitudes dos líderes dos cultos, no envolvimento congregacional, no propósito, no enfoque do culto, na intensidade dos elementos do culto e até mesmo na duração (tempo) do culto.

Essencialmente, os elementos espirituais do culto são os mesmos. A diferença está na ênfase às manifestações do Espírito Santo na vida da igreja nos cultos realizados. Percebemos, outrossim, algumas distorções adotadas que modificam o modo de cultuar. Há modismos litúrgicos que, apesar das aparências, sempre acabam por acarretar sérios prejuízos à sã doutrina e aos costumes genuinamente cristãos. Nossa preocupação como Igreja de Cristo é oferecer a Deus uma adoração segundo nos prescreve a Bíblia, sem quaisquer misturas estranhas à nossa liturgia.

É impossível tratarmos desse assunto sem que aprendamos a doutrina que orienta nosso culto a Deus. Por isso, vamos tratar, inicialmente, sobre o culto pentecostal à luz da Bíblia.

A definição de culto e de adoração na Bíblia

A palavra culto, na língua grega, é latréia, que aparece 21 vezes no Novo Testamento, significando “serviço religioso”. Paulo empregou a palavra latréia com o sentido de culto, de serviço, fazendo uma metáfora (figura representativa) do corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Romanos 12.1). Na língua inglesa, a palavra que aparece para “culto” é a palavra “service”, ou seja, “serviço”. A quem prestamos culto? A quem oferecemos a nossa adoração, o nosso ser viço? Jesus declarou que não podemos servir a dois senhores (Mateus 6.24). O culto pentecostal tem na adoração o seu modo de expressão. No grego bíblico, adoração é proskyneo e o seu significado literal é o de prostrar-se no chão, ou curvar-se diante de uma pessoa que admiramos até o ponto de beijar-lhe os pés. A mulher pecadora, que ungiu os pés de Jesus com unguento, “beijava-lhe os pés” em adoração (Lucas 7.38). Na visão apocalíptica do apóstolo João, ele viu os 24 anciãos no céu prostrados diante daquEle que estava assentado no Trono (Ap 4.10).

A essência do culto a Deus é a adoração

A melhor definição do Antigo Testamento para “adoração” foi apresentada por Moisés quando ensinou ao povo de Israel que a melhor forma de adorar a Deus é amá-lO como primeiro mandamento divino. Amar a Deus sem limite é a mais pura forma de adorá-lO. Esse é o primeiro mandamento (Deuteronômio 6.4,5). Nos dias de Jesus, séculos depois, um doutor da lei mosaica interrogou-Lhe: “Qual é o grande mandamento? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento” (Mateus 22.35-38). Na adoração cristã, o adorador deve ter a sua mente e o seu coração voltados para Deus, porque o Senhor é a essência de nossa adoração. Por isso, quando nos reunimos para adorar, o Espírito Santo aclara a nossa mente para reconhecermos que Jesus foi feito Senhor e a Ele adoramos em verdade. Entendemos, então, que culto verdadeiro é aquele que manifesta amor de todo o coração, uma vez que o coração, metaforicamente, representa o centro da v ida intelectual, emocional e espiritual do crente.

Dois elementos básicos do culto cristão

Esses elementos são: (1) O relacionamento entre Deus e a Igreja, e (2) o relacionamento fraternal entre os membros da Igreja. Normalmente, os crentes dizem que vão ao culto para adorar a Deus, mas sem a preocupação com as pessoas que estão ao seu redor ou ao lado. Não basta ter amizade com nossos irmãos de fé. A adoração, ainda que individual, deve ter um caráter mútuo e coletivo de expressar-se. O melhor exemplo foi a igreja emergente de Jerusalém depois do Pentecoste. O texto de Atos nos permite ver como aqueles irmãos se uniram com profundo amor entre eles e com o amor de Deus em seus corações. Havia entre eles uma alegria e comunhão (Atos 2.43-47). Já na igreja de Corinto, havia certa dicotomia na forma de adorar e na relação entre os irmãos. Logo, ali não houve uma experiencia saudável, porque o princípio que deve prevalecer na adoração cristã é a união de corações e mentes (1 Coríntios 11.17-22).

A Igreja é uma comunidade de adoração

No início da Igreja, depois do Pentecoste, o culto cristão não tinha uma forma litúrgica definida. Os cultos eram verdadeiros e genuínos, porém sem a preocupação de estabelecer formas e ritos para a sua efetivação. Ao longo da história, a igreja sofreu mudanças drásticas, e a forma simples foi abandonada, dando lugar a um tipo de culto que engessava a liberdade espiritual dos crentes para adorarem ao Senhor.

Há uma relação íntima entre adoração e culto

Na verdade, o ato de cultuar significa adorar. A igreja local é uma comunidade de adoração. A igreja é visivelmente o corpo de Cristo que adora a Deus. O chamado de Deus a todo ser humano é um chamado à adoração. A obra salvífica de Deus transforma pessoas rebeldes, obstinadas e pecadoras em santos obedientes e adoradores. A adoração não tem sua origem no homem, mas ela se origina da dignidade de Deus. Essa relação entre o homem e Deus é uma relação intrínseca porque o homem foi “criado à imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1.26). Depois vemos os patriarcas, chamados por Deus para uma relação especial com Ele, com Deus estabelecendo com um deles, Abraão, uma nação para O adorar ao longo das gerações humanas. Posteriormente, o Espírito Santo gerou um novo povo, a Igreja, que existe para adorar ao Senhor.

por Elienai Cabral

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