O desejo de vingança é uma tentação que cerca o coração
quando vivenciamos uma experiência na qual nos sentimos injustiçados ou
agredidos. Às vezes, no calor do sentimento, somos impulsionados pela ira ou
pela indignação a agir de forma violenta e maldosa. O desejo de vingança pode aflorar
de muitas maneiras, inclusive disfarçado de desejo por justiça. Mas, talvez alguém
pense: “Qual é o problema de reagirmos diante de uma ofensa ou mau
tratamento?”. Você já parou para pensar sobre o que aconteceria se todos
“pagassem com a mesma moeda”? O que aconteceria se devolvêssemos o malfeito a
nós com outra conduta maligna? IrÃamos construir uma sociedade baseada na
violência; construirÃamos relações baseadas em uma cultura de morte, vingança e
feridas. A BÃblia apresenta uma sociedade assim quando nos revela a história de
Lameque, que foi capaz de matar pessoas por incidentes com elas (Gênesis 4.23);
e também mostra essa malignidade na sociedade do tempo de Noé (Gênesis 6.5,6),
a qual atraiu o juÃzo divino.
Embora o desejo de vingança seja um sentimento primitivo do
ser humano, a Palavra do Senhor nos faz um sério alerta: “Não digas: Como ele
me fez a mim, assim o farei eu a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra” (Provérbios
24.29). Podemos encontrar muitos outros versÃculos que trazem claramente essa
instrução, pois é um tema recorrente na BÃblia: “Não digas: Vingar-me-ei do
mal; espera pelo Senhor, e ele te livrará” (Provérbios 20.22).
A vingança é uma prática alimentada por ressentimento, mágoa,
feridas. Mas Deus tem planos melhores para Seus servos e filhos. Nosso Pai não
deseja que nossas escolhas, relacionamentos e comportamentos sejam guiados pela
dor ou pelo mal. Ele tem um caminho mais elevado: “Não te vingarás nem
guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Eu sou o Senhor” (LevÃticos 19.18). Todo aquele que está em Cristo
precisa ter seu entendimento renovado pelo EspÃrito Santo para compreender e viver
a vontade de Deus (Romanos 12.2). Em Cristo, encontramos cura para nossas
feridas, renovo para nosso interior e transformação de caráter mediante o novo
nascimento. Em outras palavras, com a ajuda do EspÃrito Santo, temos o nosso
homem interior renovado e transformado à luz da Palavra de Deus (Efésios 3.16).
Todo aquele que está em Cristo foi chamado para viver nesse
mundo seguindo os mandamentos do Reino de Deus, isso porque recebemos do Senhor
o perdão dos nossos pecados e uma grande porção da Sua maravilhosa Graça,
mediante a salvação em Jesus. Quem recebeu o amor imerecido do Pai, tem amor, graça
e bondade suficientes para compartilhar com o próximo.
A moeda do Reino de Deus é muito diferente da moeda deste
mundo pecaminoso. É certo que precisamos fazer um esforço legÃtimo para viver
dentro dos padrões e valores do Reino. A nossa carnalidade quer nos inclinar à s
práticas pecaminosas e malignas, mas o nosso espÃrito quer obedecer a Deus.
Precisamos todos os dias renunciar aos nossos impulsos carnais em favor da
fidelidade a Deus (Gálatas 5.17). O Senhor Jesus é claro em seus mandamentos:
“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem
aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que
sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5.43-45). A prática do
mal não é uma opção para os filhos de Deus. Ele nos chamou para amar o próximo,
independente do seu comportamento. Precisamos aprender a não sermos contaminados
com a malignidade dos outros, porque servimos a um Deus que é bom! Somos
chamados a ser benignos não por causa da forma como as pessoas nos tratam, mas por
causa da forma como Deus nos tratou: Ele nos amou, Ele nos recebeu, Ele nos
perdoou (1 João 4.11,19).Diante disso, precisamos aprender a sermos
pacificadores como Jesus. Isto é, espalhar a cultura do bem, desfazendo
intrigas, sendo agentes de conciliação entre pessoas, não sendo guiados pela
ira, escolhendo um vocabulário não violento, incentivando o perdão. Há muitas formas
de praticar o bem e esta é a única maneira de vencer o mal (Romanos 12.18-21).
Quando escolhemos o caminho carnal, ou seja, um
comportamento vingativo ou, na linguagem popular, “dar o troco na mesma moeda”,
não estamos promovendo a justiça, mas a extensão da malignidade. A única forma
de vencer o mal é pagando com a moeda do Reino: estendendo a mão para quem
nunca faria isso por nós, oferecendo perdão a quem talvez nem esteja pedindo,
sendo generoso com quem lhe negou ajuda, compartilhando uma palavra gentil com
quem é agressivo. Em suma, compartilhando um pouco do amor e da graça que
recebemos de Deus.
Cristo não espera pouco de nós. Ele disse: “Amai a vossos
inimigos, fazei bem aos que vos odeiam” (Lucas 6.27a). Obedecer não é fácil. Exige
abnegação e sacrifÃcios, mas há uma recompensa (Salmos 34.14,15). Então, “não
te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.21).
por Flavianne Vaz
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