E se todos pagassem com a mesma moeda?

E se todos pagassem com a mesma moeda?


Você conhece a expressão “dar o troco”? Todas as pessoas entendem claramente essa expressão quando se trata de uma relação comercial, na qual compramos algo e temos direito de receber a diferença do valor de volta. Quando isso acontece, geralmente queremos o troco na mesma moeda, que estamos utilizando para comprar. Entretanto, quando se trata do comportamento, humano a expressão “dar o troco” significa refutar ou devolver uma ofensa ou agressão na mesma intensidade. Ou seja, “dar o troco” é se vingar.

O desejo de vingança é uma tentação que cerca o coração quando vivenciamos uma experiência na qual nos sentimos injustiçados ou agredidos. Às vezes, no calor do sentimento, somos impulsionados pela ira ou pela indignação a agir de forma violenta e maldosa. O desejo de vingança pode aflorar de muitas maneiras, inclusive disfarçado de desejo por justiça. Mas, talvez alguém pense: “Qual é o problema de reagirmos diante de uma ofensa ou mau tratamento?”. Você já parou para pensar sobre o que aconteceria se todos “pagassem com a mesma moeda”? O que aconteceria se devolvêssemos o malfeito a nós com outra conduta maligna? Iríamos construir uma sociedade baseada na violência; construiríamos relações baseadas em uma cultura de morte, vingança e feridas. A Bíblia apresenta uma sociedade assim quando nos revela a história de Lameque, que foi capaz de matar pessoas por incidentes com elas (Gênesis 4.23); e também mostra essa malignidade na sociedade do tempo de Noé (Gênesis 6.5,6), a qual atraiu o juízo divino.

Embora o desejo de vingança seja um sentimento primitivo do ser humano, a Palavra do Senhor nos faz um sério alerta: “Não digas: Como ele me fez a mim, assim o farei eu a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra” (Provérbios 24.29). Podemos encontrar muitos outros versículos que trazem claramente essa instrução, pois é um tema recorrente na Bíblia: “Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor, e ele te livrará” (Provérbios 20.22).

A vingança é uma prática alimentada por ressentimento, mágoa, feridas. Mas Deus tem planos melhores para Seus servos e filhos. Nosso Pai não deseja que nossas escolhas, relacionamentos e comportamentos sejam guiados pela dor ou pelo mal. Ele tem um caminho mais elevado: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor” (Levíticos 19.18). Todo aquele que está em Cristo precisa ter seu entendimento renovado pelo Espírito Santo para compreender e viver a vontade de Deus (Romanos 12.2). Em Cristo, encontramos cura para nossas feridas, renovo para nosso interior e transformação de caráter mediante o novo nascimento. Em outras palavras, com a ajuda do Espírito Santo, temos o nosso homem interior renovado e transformado à luz da Palavra de Deus (Efésios 3.16).

Todo aquele que está em Cristo foi chamado para viver nesse mundo seguindo os mandamentos do Reino de Deus, isso porque recebemos do Senhor o perdão dos nossos pecados e uma grande porção da Sua maravilhosa Graça, mediante a salvação em Jesus. Quem recebeu o amor imerecido do Pai, tem amor, graça e bondade suficientes para compartilhar com o próximo.

A moeda do Reino de Deus é muito diferente da moeda deste mundo pecaminoso. É certo que precisamos fazer um esforço legítimo para viver dentro dos padrões e valores do Reino. A nossa carnalidade quer nos inclinar às práticas pecaminosas e malignas, mas o nosso espírito quer obedecer a Deus. Precisamos todos os dias renunciar aos nossos impulsos carnais em favor da fidelidade a Deus (Gálatas 5.17). O Senhor Jesus é claro em seus mandamentos: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5.43-45). A prática do mal não é uma opção para os filhos de Deus. Ele nos chamou para amar o próximo, independente do seu comportamento. Precisamos aprender a não sermos contaminados com a malignidade dos outros, porque servimos a um Deus que é bom! Somos chamados a ser benignos não por causa da forma como as pessoas nos tratam, mas por causa da forma como Deus nos tratou: Ele nos amou, Ele nos recebeu, Ele nos perdoou (1 João 4.11,19).Diante disso, precisamos aprender a sermos pacificadores como Jesus. Isto é, espalhar a cultura do bem, desfazendo intrigas, sendo agentes de conciliação entre pessoas, não sendo guiados pela ira, escolhendo um vocabulário não violento, incentivando o perdão. Há muitas formas de praticar o bem e esta é a única maneira de vencer o mal (Romanos 12.18-21).

Quando escolhemos o caminho carnal, ou seja, um comportamento vingativo ou, na linguagem popular, “dar o troco na mesma moeda”, não estamos promovendo a justiça, mas a extensão da malignidade. A única forma de vencer o mal é pagando com a moeda do Reino: estendendo a mão para quem nunca faria isso por nós, oferecendo perdão a quem talvez nem esteja pedindo, sendo generoso com quem lhe negou ajuda, compartilhando uma palavra gentil com quem é agressivo. Em suma, compartilhando um pouco do amor e da graça que recebemos de Deus.

Cristo não espera pouco de nós. Ele disse: “Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam” (Lucas 6.27a). Obedecer não é fácil. Exige abnegação e sacrifícios, mas há uma recompensa (Salmos 34.14,15). Então, “não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.21).

por Flavianne Vaz

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