“Ouça conselhos e aceite instruções, e acabará sendo sábio” (Provérbios 19.20 – NVI). Neste breve texto, vamos discorrer sobre o perfil de um conselheiro eclesiástico, tendo como base uma abordagem psicoteológica no que se refere ao aconselhamento.
O conselheiro deve, de forma bastante prudente, mostrar ao
aconselhado os possÃveis recursos para tomar a melhor decisão possÃvel. “Não
havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há
segurança” (Provérbios 11. 14). Através de seu envolvimento, irá se tornar um
guia, mostrando os possÃveis caminhos nas estradas da vida. Interessante
salientar que Jesus, enquanto passou por essa terra, deixou declarado de
maneira clara e objetiva como viverÃamos aqui: seria uma vida que não seria
fácil, mas Ele estaria presente através do Seu Santo EspÃrito prometido a nós
em João 14.16: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que
fique convosco para sempre”. Segundo Jesus, Ele estaria conosco até a
consumação dos séculos.
Esse caminho, apesar de ser árduo, é um caminho que
trilhamos na companhia do Santo EspÃrito, e é o caminho da vida eterna. Esse
caminho é exclusivo para aqueles que aceitam o Senhor Jesus Cristo mediante a
fé e o arrependimento (Efésios 2.8; Atos 3.19). Porém, existe também outro
caminho: o daqueles que não creem na obra redentora do Senhor Jesus e não O
confessam como único e suficiente Salvador. Cada um é livre para trilhar o
caminho que achar melhor. Jesus apenas nos apresenta, como Salvador e nosso Bom
Conselheiro, os possÃveis caminhos e as melhores escolhas, mas a decisão final
será da pessoa.
Sabemos que o próprio Deus é a única fonte fiel do
aconselhamento através de Sua Palavra, onde inspirou a homens que, de acordo
com suas personalidades e temperamentos e o contexto da época, pudessem compreender
a vontade de Deus e passá-la ao Seu povo (Jeremias 23.18, 22).
O modelo de conselheiro que se destaca na BÃblia é o do
Senhor Jesus Cristo, tendo em vista a Sua personalidade, conhecimento e habilidade.
Por isso que IsaÃas o chama de “maravilhoso conselheiro” (IsaÃas 9.6).
Nós, como Igreja, temos um papel muito grande, que é
estarmos dispostos a ouvir. Às vezes, não é nem necessário praticar o aconselhamento,
mas simplesmente ouvir com calma, demonstrar empatia quando o nosso irmão
estiver passando por algum problema difÃcil. Isso é um valor que tem sido pouco
cultivado: “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem seja pronto
para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1.19).
A ideia de um lÃder religioso fazer psicoterapia ainda não é
muito aceito em alguns lugares, mas quanto mais conhecimento técnico a pessoa tiver,
melhor será seu trabalho de aconselhamento, contanto que a BÃblia seja a sua
principal referência.
As igrejas são instituições que muito têm contribuÃdo de
maneira significativa para o bem-estar biopsicossocial e espiritual da
humanidade. Muitas pessoas têm procurado as mais variadas denominações em busca
de uma palavra de ânimo, de direcionamento para determinadas tomadas de
decisões. Outras pessoas buscam as igrejas com o objetivo de encontrar um
“significado” para a sua vida, pois a fé religiosa tem sido um destes possÃveis
significados que o homem encontra para viver a sua vida, e até mesmo lutar por ela.
Porém, mais do que isso, na Igreja está a mensagem de Salvação.
O aconselhamento psicológico aliado ao trabalho religioso
faz com que as pessoas que veem em busca desse auxÃlio possam ter uma visão amplificada
de sua própria força e percepções do seu aprofundamento espiritual, que
consequentemente fará com que a pessoa veja a sua capacidade de resistência
psicológica diante das crises.
Na prática, o lÃder da igreja não está isento de praticar o
aconselhamento, pois os membros da casa, sem sombra de dúvidas, vão levar os
seus problemas a ele para obter uma orientação ou direcionamento. Eis a
importância de os lÃderes religiosos partirem em busca do conhecimento técnico
do aconselhamento, não ficando presos somente ao conhecimento bÃblico, embora
este seja o principal. Nos tempos hodiernos, temos ótimas literaturas que
tratam a respeito do ser humano. O que falta em alguns é comprometimento,
vontade, e ser movido de Ãntima compaixão para ajudar e cuidar de pessoas.
Paulo diz: “Meus irmãos, eu mesmo estou convencido
de que vocês estão cheios de bondade e plenamente instruÃdos, sendo capazes de
aconselhar uns aos outros” (Romanos 15.14, NVI).
Paulo está dizendo que é preciso nos preocuparmos com nossos
irmãos, estar atentos para ajudar quem quer que seja, levando em consideração
que o sangue de Jesus nos iguala; e como partilhamos de uma mesma fé, não
existe maior ou menor, feio ou bonito, rico ou pobre, pois a igreja deve ser o
lugar onde a inclusão deve ser colocada em prática veementemente.
Por meio da fala conseguimos transmitir sentimentos, desde
os mais doces até os mais amargos. Ouvi certo cantor dizer: “A lÃngua é um
órgão pequeno, mas tem um veneno que pode matar”. A nossa fala, quando
inspirada por Deus, desenvolve esperança; caso contrário, mata, destrói
projetos e sentimentos (Provérbios 18.21; 21.23). Muitos conflitos acontecem
nas igrejas perdendo valores e princÃpios por falta de autoridade espiritual,
habilidade e manejo. Lembro dos dizeres de certo escritor: “O que tem que ser feito,
faça bem-feito”.
O aconselhamento pastoral não está ligado à psicoterapia e muito
menos a práticas perigosas, esdrúxulas e irresponsáveis que não cabem ao pastor
da igreja ou ao profissional da Psicologia. O aconselhamento psicológico é uma prática
voltada para o momento que a pessoa atravessa, envolve o olhar holÃstico acerca
do ser e de todos os âmbitos que ele atua e onde está. É importante salientar
que o aconselhamento, como prática cientÃfica, envolve o levantamento de
hipóteses como base, e a partir disso, se faz uma análise com mais realismo
acerca do caso em questão. O aconselhamento funciona como uma ferramenta que
visa a mudanças e a uma direção a partir da análise, construindo um caminho
junto ao indivÃduo com a relação do que pode ser feito. Deus nos abençoe!
por Lucas dos Santos Simon
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