Com o surgimento de um evangelho centralizado no homem, a situação da mordomia se agravou. Muitos estão na igreja não para servirem a Deus, mas para se servirem do mesmo. Todo cristão deve compreender que Deus ao criar o homem, o criou para Sua glória e Seu louvor. O conhecimento e a prática da mordomia cristã desenvolverão no crente uma espiritualidade compatível com o propósito de Deus para sua vida no mundo.
A mordomia cristã tem como alavanca a comunhão entre o
crente e seu Senhor. Ele tem tudo em comum com Deus. Será impossível a prática
da mordomia cristã na vida de alguém que nunca experimentou o novo nascimento
em sua vida.
Um cristão nominal pode até ter consciência da mordomia,
porém será um não praticante da mesma sem uma experiência espiritual. Se um cristão
exerce a prática da mordomia é porque teve uma boa formação espiritual.
Formação que começou com uma autêntica conversão, foi acompanhada de um
discipulado eficaz e tem-se mantido por uma atitude de entrega, fidelidade e consagração
a Deus.
O mordomo é um administrador de casa (Lucas 12.42). Uma das
características do mordomo cristão é que ele é um servo do Senhor. Jesus não é
apenas o seu salvador, mas acima de tudo o seu Senhor. Ele aceitou
voluntariamente Jesus como Senhor absoluto de sua vida e de tudo quanto possui.
O mordomo é amigo de Deus. Ninguém confiaria seus bens a estranhos
e insubmissos. A Bíblia nos diz que “o segredo do SENHOR é para os que o temem
(Salmos 25.14). Ao mordomo fiel são revelados todos os segredos. Certa vez
Jesus disse: “vós sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando” (João 15.14).
O mordomo é sócio e cooperador de Deus. Caminhar em
sociedade com Deus sugere um relacionamento de amizade e companheirismo. Neste ponto
de vista não se trata de uma relação entre patrão e empregado e sim de sócio e
cooperador de Deus. O mordomo verdadeiro reconhece que tudo o que ele é e
possui foi concedido por Deus, como por exemplo: vida, saúde, tempo, dons,
talentos, bens materiais, bens espirituais, enfim, tudo procede da bondosa e
imerecida graça de Deus.
Mordomia dos talentos
Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), o
talento era o maior peso usado pelos hebreus. Era utilizado para quantificar
ouro, prata, chumbo, ferro e cobre. A parábola dos talentos (Mateus 25.14-30)
fala de um número variado de talentos que são dados por um senhor aos seus
servos, a cada um de acordo com sua própria capacidade ou potencial pessoal.
Esta parábola nos adverte que nosso lugar e nosso serviço no céu dependerão da
fidelidade da nossa vida e serviço aqui. A parábola dos dez talentos fala que
um homem partindo para longe, chamou seus servos e a um deu cinco, a outro dois,
a outro um conforme suas capacidades, o que recebera cinco negociou e ganhou
mais cinco, da mesma forma o que recebera dois. Mas o que recebera um, cavou e
enterrou na terra. Jesus se apresenta na parábola como o dono dos talentos e
aquele que tem que se ausentar por um tempo e confia aos seus servos às terras,
as propriedades e os recursos.
É interessante que o
trabalho é feito sem fiscalização do patrão. Somente no final é que haverá um acerto
de contas. Deus confia que vamos realizar sua obra com dedicação, motivação e
responsabilidade.
Mordomia do tempo
O vocábulo tempo provém da raiz grega “kronos”, que
deu origem a palavra “cronômetro”, e “tempus”, do latim, que significa:
período, época, idade, ocasião própria. É Deus quem concede ao homem uma porção
desse período e o dá para ele administrar. Mas o tempo, embora não renovável e
perecível, é um recurso democraticamente distribuído. O tempo pertence a Deus,
desperdiçá-lo em coisas inúteis constitui pecado de dissipar os bens do Senhor.
Tempo é vida! Quando o tempo termina, acaba a vida e não há
maneiras de recuperá-lo mais. O tempo não usado não pode ser estocado para ser
usado no futuro.
Aqui, algumas dicas de como planejar o tempo:
Na vida espiritual. A robustez da nossa vida espiritual está
em separarmos tempo para tal. Dedicamos a maior parte de nossa vida ao
desenvolvimento físico e mental, quase não restando nada para nossa vida
espiritual, mas ela deve sempre estar em primeiro lugar na administração do
tempo.
Na sociedade. Quando falo em sociedade estou abrangendo trabalho
e lazer. Trabalho: conjunto das atividades humanas, manuais ou intelectuais,
que visam à produtividade, esforço humano aplicado à produção de riqueza,
cuidado ou esmero em qualquer serviço, ofício. O trabalho é um elemento
integral da constituição de Deus do homem como o administrador de sua criação. Trabalho
é o resultado da criação e não do pecado. Tempo e trabalho são inseparáveis,
pois sempre estiveram presentes na vida do homem. É preciso reservar um tempo
para o lazer e estar com pessoas amigas.
Portanto, planeje seu tempo, pois a administração do mesmo
requer inteligência, e nesse planejamento deve haver previsão, objetivos e programação.
O tempo é precioso, por isso, devemos aproveitá-lo bem, sem, contudo, nos
escravizarmos pelo relógio.
Mordomia da família
A família continua sendo o primeiro grupo de vital
importância que o ser humano se relaciona tendo sua função biológica e social.
Sem a liberdade, a igualdade, a solidariedade e a afetividade, é impossível compreendê-la.
Ela é importante, pois é a primeira experiência de mundo e primeira experiência
de convívio do ser humano.
A mordomia da família está na conscientização de que a
família foi instituída por Deus e que deve ser preservada contra toda
possibilidade de dissolução. A família representa a unidade básica da
sociedade, por isso ninguém tem o direito de interferir ou fazer alterações no
plano divino. Dentro dessa estrutura do propósito divino, consideremos os
papéis que Deus atribuiu a cada membro: aos homens, como esposos e pais, às
mulheres, como esposas e mães, e aos filhos, como heranças do Senhor.
O homem que não serve a Deus prejudica a sua família. A mãe
infiel guia os filhos no caminho errado. Assim pergunto: você ama a sua família?
Quer ver seus filhos no céu? Então, seja fiel a Deus. Lute por seu lar. Para
enfrentarmos e vencermos todos os desafios, nós precisamos servir a Deus fielmente
nas nossas famílias! Pode ser uma ideia simples, mas é verdadeira. Servir a
Deus sempre tem sido a melhor maneira de nos manter fortes espiritualmente e
sobrevivermos aos ataques de uma cultura hostil.
O rei Salomão identificou as três grandes pedras
fundamentais do lar:
1) Sabedoria
– conhecimento dos caminhos de Deus e capacidade de tomar as decisões certas tanto
em assuntos práticos como éticos; 2) Inteligência –
capacidade de aplicar os princípios de Deus, principalmente aos
relacionamentos; 3) Conhecimento – habilidades úteis em áreas específicas. Não
devemos esquecer também da importância do culto doméstico.
Mordomia das finanças
Devemos usar sabiamente as nossas finanças; não para comprarmos
o céu. Nossa integridade é frequentemente provada em assuntos relacionados ao
dinheiro. Devemos nos lembrar da Oração de Agur em Provérbios 30.7, que fala: “Duas
coisas te pedi; não mas negue antes que morra: afasta de mim a vaidade e a
palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza, mantém-me do pão da minha
porção acostumada; para que, porventura, de farto te negues e diga: Quem é o
Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus”.
Nesta oração, ele fala tanto do perigo da pobreza como da riqueza.
Agur tinha visto homens ricos, na sua presunção, negarem a
Deus e pessoas pobres O maldizerem em seu desespero. Então, ele pediu a Deus que
não o deixasse nem muito rico, nem muito pobre. “Dá-me somente aquilo de que
realmente preciso”, longe da presunção e distante do desespero.
A volta de Jesus está próxima, e devemos estar preparados
para a prestação de contas. Assim, trabalhemos com alegria e motivação para que
naquele dia nossas obras não sejam queimadas. Portanto, não devemos realizar a
obra de Deus relaxadamente. Os talentos devem ser empregados para edificar os outros
e glorificar a Deus, o tempo deve ser usado com sabedoria, a família deve ser
preservada com amor e respeito mútuo e o dinheiro deve ser gasto com cautela e
dado com responsabilidade.
O que nos dá motivação para cumprir fielmente essas
exigências é a profunda consciência de nossa responsabilidade pessoal perante Deus.
Jesus ensina um princípio importante sobre o galardão do crente no céu e seu
estado ali. Sua posição e herança no céu serão proporcionais à sua atual
dedicação e consagração às coisas de Deus e do seu reino aqui. Pois a missão da
Igreja é: servir e adorar a Deus, promover a edificação e comunhão, e propagar
o Evangelho de Deus. Sem persistência e esforço é impossível sermos mordomos fiéis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA, Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Revista
e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
BÍBLIA, Português. A Bíblia da Mulher. Leitura,
Devocional e Estudo. Rio de Janeiro – Sociedade Bíblica do Brasil – 1993.
CABRAL, Elienai. Revista Lições Bíblicas. Rio de
Janeiro: CPAD, 1987.
Comentário Bíblico Expositivo – São Paulo –
Geográfica – 2006.
Dicionário Wycliffe. Rio de Janeiro - CPAD – 2006.
SANTOS, Wilson Vallentim dos. Curso de aperfeiçoamento de
vida Cristã –2006.
por Serenita de Meira Rienzo
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