Segundo um estudo da Universidade de Stanford, viver reclamando danifica o cérebro. Faz mal à saúde de quem reclama e também das pessoas que estão ao redor do reclamão, pois acaba acontecendo aquilo que chamamos de espelhamento neuronal (comportamentos que são ativados e reproduzidos quando alguém observa uma ação de outra pessoa), podendo a atitude ser reapresentada – inconscientemente – por outro indivíduo. Dessa forma, quando uma pessoa reclama constantemente, a negatividade de suas emoções reverbera pelo ambiente, contaminando os ouvintes. Em contrapartida, quando elogiamos cotidianamente as pessoas empenhadas, elas ficam felizes por terem recebido um elogio e tal estado de espírito também contagia, de forma positiva, o espaço circundante. A Palavra de Deus diz que a vida e a morte estão no poder da língua (Provérbios 18.21).
A murmuração no deserto
Se observarmos o que aconteceu com o povo de Israel depois
de sair do Egito, vamos entender o porquê de ele ficar bordejando por 40 anos no
deserto, quando o percurso até Canaã tinha uma distância de cerca de 200 km,
com uma estimativa de que poderia ser concluído em cerca de 40 dias. Mesmo que
o povo tivesse motivos para descontentamento, não deveria ficar murmurando, pois,
essa atitude sabidamente prejudica a capacidade de decisão, impedindo uma boa
solução para os problemas.
Além da clareza de mente, a murmuração prejudicou o
relacionamento do povo, desencadeando palavras negativas contra Moisés e o
Senhor, e uma energia maligna entremeteu-se no seio do povo de Deus. Nosso
cérebro tem uma tendência a reprogramar, de forma rápida, cada comportamento
frequente. Uma espécie de gatilho mental. A meu ver, foi isso que aconteceu. Havia
o vício da reclamação. A murmuração na socialização
As reclamações em forma de murmúrio devem ter vindo até como
forma de socialização, a fim de se sentirem pertencentes ao grupo e acolhidos
pelos demais murmuradores. É muito comum pessoas se deixarem guiar por outras,
de maneira consciente e até mesmo inconsciente, passando a participar de
reclamações, murmurações e fofocas, falando mal de alguma coisa ou de pessoas
para se sentirem aceitas, embora esse comportamento, na maioria das vezes,
traga prejuízos enormes a elas mesmas. Quase sempre falam do que desconhecem,
não tendo ciência global dos fatos ou das pessoas vítimas da murmuração.
Reproduzem, por simples replicação, afirmações, negações ou argumentos sem nenhuma
checagem. É o conhecido “ouvi dizer”. Assim, são partícipes de um plano que
fere, condena, entristece, divide e mata. Sabemos quem é o promotor espiritual
disso. Isso não vem de Deus!
A murmuração afeta a saúde
Estudos mostram que temos a tendência a reclamar, seja do
que for, pelo menos uma vez por minuto durante uma conversa. Saiba que reclamar
vicia, assim como comer doce, fumar, jogar, que trazem sensação momentânea de
prazer, porém não fazem bem à saúde emocional a curto, médio e longo prazos.
Quando reclamamos, nosso corpo libera o cortisol, o hormônio
do estresse. Esse hormônio, em uma situação tensa, eleva a pressão arterial e o
açúcar no sangue, pois o corpo interpreta que está em perigo por conta do
cortisol. Há mais: quando a pessoa tem o hábito de reclamar, seus neurônios
ramificam-se para facilitar o fluxo de informações, o que torna esse
comportamento repetitivo, sem a pessoa perceber. É gravíssimo! A pessoa pode
até ter um lampejo para parar de murmurar, mas não consegue! A área que a
doença de Alzheimer danifica no hipocampo é a mesma afetada pela murmuração.
Veja o quão prejudicial é a reclamação patológica!
Uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia mostrou que
as pessoas que substituíram o hábito de reclamar por uma atitude positiva,
passando a observar as pequenas e diárias coisas boas pelas quais poderiam
agradecer, conseguiram diminuir em 23% o hormônio do estresse – o cortisol – e,
consequentemente, se sentiram mais bem humoradas, com mais disposição, menos
ansiosas, menos negativas e, com o passar do tempo, tornaram-se mais gratas, incorporando
um prazeroso hábito de vida. Gratidão gera gratidão.
O direito a reclamar
Podemos reclamar de algo quando o propósito é a mudança ou a
reparação. No âmbito jurídico, ouvimos a expressão: “O cidadão reclama o seu
direito ao magistrado”. Aqui o sentido é de se fazer justiça pelos meios legais
e cabíveis. Esse é um direito de todo cidadão: reclamar a quem de direito e da
forma correta, pelos meios e vias legais. Não é este o sentido do termo
reclamação que estamos tratando neste artigo.
Em nossa abordagem psicológica, também é possível reclamar
para reparação de algo. Porém, sempre que você precisar reclamar sobre um fato
ou atitude que te frustrou ou entristeceu, comece pontuando os aspectos
positivos do processo, expondo o que precisa ser mudado de forma especifica e
termine reafirmando o objetivo, traçando metas para que possa ocorrer a
mudança. Evite falar de pessoas. Discuta propostas e ideias. Discutir ou
prejulgar pessoas é muito pequeno e antiético. Se o assunto é pessoal, logo,
como a Bíblia ensina, vá até a pessoa e converse com ela. O correto é falar com
ela, e não falar dela.
Um vírus contagiante
Murmurar é um caminho mais fácil, já que, nesse caso, a
culpa está sempre fora, no outro. A pessoa se coloca em uma posição confortável
de analista, de superioridade e até de juiz. Se o povo de Israel reclamasse
menos, se as reclamações tivessem como objetivo a busca por soluções com
atitudes positivas, ou se deixassem a murmuração e se apegassem à oração, os
resultados seriam menos penosos. Com exceção de Josué e Calebe, o restante do
povo foi levado pelo “efeito manada” e, com o espírito da murmuração impregnado
em cada um deles, instalou-se o espelhamento pelo qual, pela imitação, criaram
a repetição de comportamentos negativos. Certamente, os dez espias negativistas
enviados por Moisés para sondar a Terra de Canaã influenciaram-se mutuamente,
em “efeito manada”. Observe como ficou evidenciado o espírito pessimista no
retorno da viagem, na devolutiva daqueles dez comissionados (Números
13.28,29,31-33).
A reclamação cega a alma
Os filhos de Israel murmuraram em tantas ocasiões, que
normatizaram esse hábito tão nocivo, o qual foi amalgamado pela incredulidade e
a desesperança na promessa, mesmo que tivessem presenciado vários milagres,
como a abertura do Mar Vermelho e a providência do maná. É que a murmuração
cega a compreensão. Imagine que eles viam uma nuvem durante o dia para fazer sombra
e, à noite, uma coluna de fogo para aquecê-los. Mesmo assim, estavam viciados
em murmurar. Essa atitude cristalizada, a ponto de murmurar contra Moisés e
Deus, nos deixa claro como a murmuração aliena, confunde e afeta o coração.
Murmuração após milagres
É difícil compreender como o povo murmurou tão rapidamente, logo
depois do grande milagre do Mar Vermelho. Precisamos lembrar, contudo, que
embora a escravidão tenha limitado a liberdade dos israelitas, ela também
provia suas necessidades básicas, de modo muito semelhante ao que acontece com uma
pessoa na prisão. Como os filhos de Israel tiveram liberdade restrita para
fazer escolhas, eram espiritualmente imaturos. Já que o Senhor está interessado
em nosso crescimento, Ele quer, e até exige, que façamos escolhas. Quando precisamos
de Sua ajuda, Ele provê, auxiliando-nos de modo a exigir que façamos coisas
difíceis que nos edificarão e nos fortalecerão. Ou cremos em Deus ou não
cremos.
A murmuração paralisa projetos e conquistas
Por falta de gratidão, quase a totalidade do povo não entrou
na Terra Prometida. Como já dito, a conquista, que se daria em dias, durou décadas.
Dos que saíram do Egito, só Josué e Calebe, e os que tinha de 20 anos para
baixo no episódio dos espias, entraram na terra. O que tem sido postergado em sua
vida por conta da murmuração? O que poderia já estar resolvido, edificado,
concluído ou conquistado que Deus ainda não permitiu por conta da sua
reclamação? Quem vive preocupado com os defeitos do outro está, na maioria das
vezes, tentando jogar uma cortina de fumaça sobre seus próprios pontos de
deficiência para se esconder dos outros e do seu verdadeiro eu.
Procure promover diálogos positivos e propositivos. Veja o
lado bom das pessoas. Você pode fazer melhor do que reclamar. Faça a sua boa
medida na construção de algo bom no ambiente em que você está inserido. Pare de
travar seu chamado ou o propósito de Deus para sua vida por conta da
murmuração! A gratidão nos torna mais altruístas, resilientes, produtivos e
capazes de viver a vida em toda a sua plenitude, com prazer e satisfação, em
sociedade. Quando você se retira de um grupinho de murmuração, você sai pesado
dali. Quando você precisa se retirar de um grupo de pessoas gratas, você chora
de saudade, porque aquele ambiente te faz bem. Na gratidão mora a união, a
comunhão, e nela o Espírito Santo age lindamente.
Quantas vezes, ao não ser atendidos por uma pessoa da forma
como gostaria, você começa a murmurar. Compreenda que as promessas de Deus para
sua vida irão se cumprir desde que não perca a fé. Se Deus te fez uma promessa,
não murmure, não desista, mesmo que esteja demorando. Lembre-se das bênçãos já recebidas.
Persevere com paciência e não queira resolver com sua própria força. Confie no
Senhor! Fale menos e ore mais! Seja grato por todos os benefícios: vida, saúde,
alimento, família, emprego, amigos e tudo que Deus é e tem proporcionado.
Coré morreu, mas Josué e Calebe viveram para entrar na Terra
Prometida. Pessoas que têm fé são mais equilibradas, felizes e altruístas; são
mais abençoadas e vivem mais! Deus abençoe você e sua família!
por Valquíria Salinas
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