Quem é a Jezabel citada no texto bíblico de Apocalipse 2.19-24?

Quem é a Jezabel citada no texto bíblico de Apocalipse 2.19-24?


Qual o correto entendimento da passagem bíblica? A mulher mencionada no texto realmente existiu ou o Senhor fez uso de uma metáfora para disciplinar a igreja na antiga Ásia Menor?

A Bíblia fala de duas mulheres de nome “Jezabel”, uma cuja história está registrada nos livros dos Reis, no Antigo Testamento, casada com o rei Acabe; e a outra, em um só versículo, em Apocalipse, mas o texto não relata sua história. Para entender a segunda Jezabel é necessário, primeiro, conhecer a primeira.

A Jezabel de Reis era de origem pagã, seu pai era o rei Etbaal dos fenícios, da cidade-estado de Sidom. O rei Acabe a tomou por mulher, e dois de seus filhos reinaram no Reino do Norte, em Israel, Acazias e Jorão (1 Reis 22.53,53; 2 Reis 1.17). Jezabel usou a sua posição para o mau (1 Reis 16.31-33). Mas, Acabe teve outras mulheres e filhos, cujos nomes a Bíblia não menciona (1 Reis 20.3, 5, 7; 2 Reis 10). Atalia, casada com Jeorão, filho de Josafá, rei de Judá, era sua cunhada, pois 2 Crônicas 22.3 afirma que Atalia era filha de Onri. Mas, se é verdade que essa linguagem não indica linhagem direta, ela seria, então, sua neta e não filha, como aparecem na NTLH e na NVI. Nesse caso, Jezabel teria tido influência até no Reino do Sul.

Jezabel é geralmente vista pela tradição judaico-cristã como a encarnação do mau. Isso com base nas afirmações das Escrituras, pois o seu poder no reino e a sua influência e domínio sobre o marido levaram a nação à bancarrota espiritual. Ela não somente se posicionou contra os profetas de Javé como também os matou (2 Reis 18.4). Além disso, estabeleceu o culto fenício de Baal e Aserá na corte de Acabe e em todo o Israel. Ela alimentava 450 profetas de Baal e 400 de Aserá (1 Reis 16.32; 18.19) e comandava esses falsos profetas, ao passo que, por ordem dela, os profetas legítimos de Javé foram exterminados (2 Reis 9.7).

Na programação de Jezabel constava tudo o que é abominável aos olhos de Deus: idolatria, feitiçaria, prostituição e corrupção. Alguns acreditam que a palavra “prostituições”, usada para Jezabel em “se ainda continuam as prostituições de sua mãe Jezabel e as suas muitas feitiçarias?” (2 Reis 9.22), seja metafórica, uma referência ao baalismo, visto que os cultos pagãos eram orgíacos. Além disso, as Escrituras empregam esse termo para designar a idolatria.

O nome Jezabel aparece novamente em Apocalipse na mensagem que o Senhor Jesus envia “ao anjo da igreja em Tiatira” (Apocalipse 2.18). Há muitas discussões e interpretações sobre a sua identidade, pois nada sabemos a seu respeito além do que está escrito. A linguagem indica uma líder específica. “Tenho, porém, contra você o fato de você tolerar que essa mulher, Jezabel, que se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticar a prostituição e a comer coisas sacrificadas aos ídolos” (Apocalipse 2.20 – NAA). Sabe-se que se trata de uma mulher que, com suas declarações proféticas, seduzia os servos de Deus para a idolatria e a prostituição, e exercia domínio sobre os crentes como Jezabel fazia em Israel.

Esse nome, então, foi o título que Jesus deu a essa profetisa de Tiatira devido às semelhanças de comportamento entre as duas mulheres, pois a Jezabel de Apocalipse estava substituindo o culto a Deus pela idolatria como a Jezabel do Antigo Testamento fez. Assim, embora a profetisa de Apocalipse seja histórica e real, entendemos esse cognome como simbólico.

por Esequias Soares

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem