Qual o correto entendimento da passagem bíblica? A mulher mencionada no texto realmente existiu ou o Senhor fez uso de uma metáfora para disciplinar a igreja na antiga Ásia Menor?
A Bíblia fala de duas mulheres de nome “Jezabel”, uma cuja história está registrada nos livros dos Reis, no Antigo Testamento, casada com o rei Acabe; e a outra, em um só versículo, em Apocalipse, mas o texto não relata sua história. Para entender a segunda Jezabel é necessário, primeiro, conhecer a primeira.
A Jezabel de Reis era de origem pagã, seu pai era o rei
Etbaal dos fenícios, da cidade-estado de Sidom. O rei Acabe a tomou por mulher,
e dois de seus filhos reinaram no Reino do Norte, em Israel, Acazias e Jorão (1
Reis 22.53,53; 2 Reis 1.17). Jezabel usou a sua posição para o mau (1 Reis
16.31-33). Mas, Acabe teve outras mulheres e filhos, cujos nomes a Bíblia não
menciona (1 Reis 20.3, 5, 7; 2 Reis 10). Atalia, casada com Jeorão, filho de
Josafá, rei de Judá, era sua cunhada, pois 2 Crônicas 22.3 afirma que Atalia
era filha de Onri. Mas, se é verdade que essa linguagem não indica linhagem
direta, ela seria, então, sua neta e não filha, como aparecem na NTLH e na NVI.
Nesse caso, Jezabel teria tido influência até no Reino do Sul.
Jezabel é geralmente vista pela tradição judaico-cristã como
a encarnação do mau. Isso com base nas afirmações das Escrituras, pois o seu
poder no reino e a sua influência e domínio sobre o marido levaram a nação à
bancarrota espiritual. Ela não somente se posicionou contra os profetas de Javé
como também os matou (2 Reis 18.4). Além disso, estabeleceu o culto fenício de
Baal e Aserá na corte de Acabe e em todo o Israel. Ela alimentava 450 profetas
de Baal e 400 de Aserá (1 Reis 16.32; 18.19) e comandava esses falsos profetas,
ao passo que, por ordem dela, os profetas legítimos de Javé foram exterminados
(2 Reis 9.7).
Na programação de Jezabel constava tudo o que é abominável
aos olhos de Deus: idolatria, feitiçaria, prostituição e corrupção. Alguns
acreditam que a palavra “prostituições”, usada para Jezabel em “se ainda
continuam as prostituições de sua mãe Jezabel e as suas muitas feitiçarias?” (2
Reis 9.22), seja metafórica, uma referência ao baalismo, visto que os cultos pagãos
eram orgíacos. Além disso, as Escrituras empregam esse termo para designar a
idolatria.
O nome Jezabel aparece novamente em Apocalipse na mensagem que
o Senhor Jesus envia “ao anjo da igreja em Tiatira” (Apocalipse 2.18). Há muitas
discussões e interpretações sobre a sua identidade, pois nada sabemos a seu
respeito além do que está escrito. A linguagem indica uma líder específica.
“Tenho, porém, contra você o fato de você tolerar que essa mulher, Jezabel, que
se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a
praticar a prostituição e a comer coisas sacrificadas aos ídolos” (Apocalipse
2.20 – NAA). Sabe-se que se trata de uma mulher que, com suas declarações
proféticas, seduzia os servos de Deus para a idolatria e a prostituição, e
exercia domínio sobre os crentes como Jezabel fazia em Israel.
Esse nome, então, foi o título que Jesus deu a essa
profetisa de Tiatira devido às semelhanças de comportamento entre as duas mulheres,
pois a Jezabel de Apocalipse estava substituindo o culto a Deus pela idolatria
como a Jezabel do Antigo Testamento fez. Assim, embora a profetisa de
Apocalipse seja histórica e real, entendemos esse cognome como simbólico.
por Esequias Soares
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