A doutrina da imputação em Filemom

A doutrina da imputação em Filemom


Quem era Filemom? O destinatário da epístola enviada pelo apóstolo Paulo morava em Colossos, na Ásia Menor. Filemon era um homem rico e mantinha a Igreja em sua residência. Mas um seu escravo chamado Onésimo havia furtado algo e fugido para Roma. Lá, encontrou-se com Paulo, que o evangelizou e ganhou para Cristo. Vendo a necessidade de corrigir o mal que Onésimo havia provocado, o apóstolo Paulo o enviou de volta ao seu amo, porém ele não voltou sozinho, Tíquico, um dos cooperadores de Paulo o acompanhou, além disso, o escravo viajou portando uma carta na qual Filemon era exortado a recebê-lo de volta, exercesse misericórdia e tê-lo como irmão em Cristo. O apóstolo Paulo entendia que a dívida de Onésimo deveria ser paga, mas o escravo não tinha como quitar o débito, dessa forma, o apóstolo Paulo comprometeu-se a pagar a sua dívida (Filemon 1.17, 18). Nessa emocionante passagem, o Apóstolo dos Gentios nos oferece um exemplo da doutrina da imputação.

Mas o que vem a ser imputação? Segundo o consultor teológico da CPAD, pastor Claudionor de Andrade, a ideia de imputação nas três línguas clássicas [do Lat. Imputare; do Gr. logizomai; do Hb. Hasad] é uma só: creditar na conta de alguém. Trata-se de uma declaração formal de que determinada ação foi, de fato, praticada pelo indivíduo em juízo. No que concerne a justificação pela fé, o Senhor Deus, em vez de considerar culpado o pecador arrependido, declara-o justo com base nos méritos de Cristo Jesus (Romanos 4.7; 2 Coríntios 5.19). A imputação é o lançamento ou creditamento da justiça de Cristo em nosso favor, mediante a nossa fé em Cristo (Romanos 4.3ss; Gálatas 2.16ss; 3.6-8; Gênesis 15.6; Tiago 2.23), “o Senhor justiça nossa” (Jeremias 23.6); “mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus [...] justiça” (1 Coríntios 1.30).

Paulo pagou a dívida de Onésimo, o escravo fugitivo que se converteu e foi aconselhado a retornar à casa de seu senhor. Como dito antes, Onésimo não tinha meios de saldar os prejuízos causados ao seu dono e isto deveria ser feito antes de qualquer restauração. Logo, o seu mentor assumiu suas dívidas e pediu a Filemon que recebesse o escravo como se fosse ele mesmo.

Paulo se apresentou como mediador entre Onésimo e Filemon para quitar todo o débito do escravo. A dívida de Onésimo foi colocada na conta do apóstolo, que se dispôs a pagá-la. O pecado da humanidade foi imputado por Deus Pai a Deus Filho. A nossa dívida era impagável, mas Cristo a quitou para nós (João 19.30). Jesus tomou a nossa dívida que tínhamos com Deus e cobrou de Si mesmo nosso débito, colocando Sua justiça em nossa conta (Isaías 53.4-6; 2 Coríntios 5.21; 1 Pedro 2.24).

A dívida que pesava sobre os nossos ombros foi transferida para Cristo, a imputação, o ajuste de contas, no qual Deus computou na “coluna de débito” de Jesus Cristo, aquilo que realmente não lhe cabia, pois não tinha pecado. O escritor William Macdonald diz que: “não podemos ler isso sem recordar da enorme dívida que tínhamos contraído como pecadores, e como tudo foi colocado na conta do Senhor Jesus no calvário. Ele pagou a dívida toda quando morreu como nosso substituto”. 

Paulo, ao assumir a dívida de Onésimo, nos mostra o que Deus fez por nós em Jesus Cristo, analogamente, o apóstolo Paulo assumiu a dívida de Onésimo, solicitando que Filemon, que tinha sido prejudicado, lançasse o débito em sua conta. Do mesmo modo Jesus Cristo tomou a dívida que tínhamos. Por causa do pecado e da desobediência a Deus, estávamos condenados a passar a eternidade longe do Senhor, porém Jesus, “agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hebreus 9.26). Jesus, além de pagar a nossa dívida, pagando o preço pelos nossos pecados, nos tornou justificados. Recebemos esse benefício pela fé (Romanos 5.1). Glória a Deus!

Referências

ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro, CPAD, 2013.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro, CPAD, 2016.

MACDONALD, Willian. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. São Paulo, Mundo Cristão, 2011.

por Ismael Ferreira Silva

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