Centenas de cristãos mortos por terroristas pelo mundo em ataques

Centenas de cristãos mortos por terroristas pelo mundo em ataques


Fanáticos armados espalham terror e morte em comunidades cristãs; entre as vítimas, um missionário brasileiro assassinado no Quênia

A perseguição aos cristãos pelo mundo parece não ter fim. A escalada de violência contra os servos de Deus em vários países inclui destruição de igrejas, sequestros e morte de líderes e fiéis em ambiente tomado por insegurança, medo e terror.

O mês de junho deste ano, por exemplo, foi marcado por tristes acontecimentos, mas já em maio, precisamente na noite do dia 11 até as primeiras horas do dia 12, como resultado de dois ataques da etnia fulani às comunidades de Takalafiya e Gwanja, na Nigéria, foram computadas as mortes de 43 cristãos e muitos outros ficaram feridos. Dentre as vítimas fatais constam o reverendo Daniel Danbeki, da Igreja Evangélica Ganhando Todos (ECWA) no condado de Karu, e sua esposa. Os sobreviventes disseram ao site Morning Star News que o casal foi morto com outros moradores que dormiam em suas casas. Os radicais incendiaram várias casas e um prédio da igreja.

“Escrevo isso com dor, pois tenho ido ao Centro Médico Federal em Keffi [para onde os feridos foram levados] quase todos os dias para verificar meu povo que foi atacado por pastores Fulani e terroristas em Takalafiya e, para minha surpresa, nenhum funcionário do governo os visitou no hospital para auxiliá-los. Os cristãos foram deixados à mercê de Deus, com suas contas médicas se acumulando, sem ninguém para pagar as contas”, relata Isaac Dabu, um morador da vila, que teve seu irmão mais velho gravemente ferido e que está entre a vida e a morte.

“Qual é o pecado cometido pelos cristãos nas comunidades de Takalafiya e Gwanja? É porque somos cristãos que estamos sendo atacados, e os governos estadual e federal, controlados pelos muçulmanos, não se importam em nos proteger?”, questiona o sobrevivente.

A International Christian Concern (ICC) emitiu o seu relatório de Perseguição do Ano de 2022, onde a Nigéria foi classificada como o país de pior perseguição do mundo. A comunidade cristã nigeriana é alvo das hostilidades dos radicais fulani, maior grupo étnico nômade do planeta, de maioria muçulmana e radicalizados pelo Islã extremo. O grupo já assassinou dezenas de milhares de cristãos e deixou mais de três milhões de desabrigados ao longo de 20 anos de perseguição.

No dia 19 de junho, os moradores da vila de Sambak em Riyom, estado de Plateau, na Nigéria, foram surpreendidos pela investida de militantes islâmicos que mataram sete cristãos. Os sobreviventes afirmam que os atacantes foram da etnia fulani. Um cristão, morador da vila, informou à International Christian Concern (ICC) que a comunidade lamenta por não saber “quando e onde será o próximo ataque” e pediu orações.

Testemunhas disseram que os mortos eram vigilantes noturnos que alertavam os moradores sobre qualquer ameaça à segurança. “Os militantes atacaram a comunidade cristã por volta das 21h, atirando em qualquer pessoa no local. A região recebeu uma série de ataques de militantes fulani e desde o início de junho, mais de 50 pessoas foram mortas em decorrência desses episódios”, relata o líder da juventude de Riyom.

Passado junho, no primeiro dia de julho, por volta da meia-noite, os cristãos da Paróquia dos Desejos das Nações em Abule-Ori, ligada à Igreja Cristã Redimida de Deus em Obafemi Owode, no estado de Ogun, sudoeste da Nigéria, foram vítimas de radicais muçulmanos no que resultou na morte do pastor Kayode Oluwakemi, de 56 anos, e no sequestro de sete cristãos. O oficial de relações públicas da polícia do comando estadual Omolola Odutola informou que o líder foi baleado no peito e morreu no local. “A vítima encontrava-se na igreja com outros pastores e demais fiéis no momento do ataque quando cerca de sete bandidos invadiram o local e os atacaram com revólveres, facões e outras armas perigosas com a intenção de sequestrar membros”, disse.

O jornal nigeriano Daily Post publicou que os sete fiéis sequestrados foram resgatados por agentes da Segurança do Estado de Ogun em confronto que envolveu trocas de tiros e resultou na morte de um dos assaltantes e graves ferimentos em outros. “O corpo do sequestrador morto foi recuperado e depositado em um necrotério próximo, e as buscas pelos fugitivos continuam, uma vez que o nosso objetivo é capturá-los vivos, para que eles sejam julgados por seus crimes brutais”, informou o comandante do Corpo de Orientação Social e segurança do estado, Soji Ganzallo.

Igrejas incendiadas e 80 cristãos assassinados na Índia

No início do mês de junho, a comunidade cristã da tribo Kuki, na Índia, sofreu ataque perpetrado pelos radicais do grupo étnico Meitei, que assaltaram as casas e propriedades dos cristãos, que fugiram para salvar suas vidas. A ação dos meitei já era uma tragédia anunciada, uma vez que os dois grupos já enfrentavam conflitos no estado de Manipur. Os meitei professam o hinduísmo e as hostilidades recrudesceram devido à suposta conexão dos meitei com organizações nacionalistas hindus, perseguidoras de cristãos.

Os cristãos locais dizem que mais de 350 igrejas foram destruídas, além dos muitos vilarejos que ficaram sem comunicação, levando a comunidade a estimar em 80 o número de vítimas fatais do ataque dos meitei. Há estimativas de que a quantidade de mortos possa ser ainda maior.

“Os meitei continuam atacando com tiros todos os dias para aterrorizar os cristãos tribais. Mulheres e meninas são assediadas sexualmente e abusadas. Já os homens com mais de 18 anos são treinados com armas pelos grupos insurgentes. O único lugar seguro para as minorias étnicas são os acampamentos de refugiados”, disse Ngai Elam (nome alterado por motivos de segurança), que reside em uma das regiões recém-afetadas.

Em razão dos ataques, os locais de cultos que restaram continuam funcionando apenas para reuniões de oração por curtos períodos. A internet permanece suspensa e a comunidade cristã e demais moradores se revezam na vigilância das fronteiras entre os vilarejos de Kuki e as terras Meitei.

“Apesar de as igrejas não funcionarem como antes, os cristãos ainda podem vir e orar. E, de fato, muitos cristãos têm vindo para orar. Cremos que as orações dos cristãos do mundo todo ajudam a manter os cristãos das minorias étnicas seguros até agora”, disse a parceira Lhing Haokip (nome alterado por motivo de segurança).

Ainda na Índia, a morte de Domkhohoi Haokip, cristã da etnia kuki, com cerca de 60 anos, leva à crença de que a intolerância contra os cristãos não tem limites. A tragédia aconteceu no dia 9, enquanto a cristã orava em um santuário em Manipur, noroeste da Índia. De acordo com o site Morning Star News, o crime foi perpetrado por um grupo de homens meitei munidos de fuzis automáticos. Eles atacaram o templo na aldeia Khoken, matando também os cristãos Jangpao Touthang e Khaimang Guite, e ferindo outras duas outras pessoas. O Fórum de Líderes Tribais Indígenas (ITLF) denunciou que os assassinos chegaram em veículos e com uniformes do exército indiano, fazendo com que os moradores acreditassem que eram militares em ronda.

O pastor local L. Kamzamang explica que os radicais tentaram desenvolver a filosofia nacionalista hindu junto aos líderes meitei, em troca de privilégios. Fontes locais dizem que a onda de violência ceifou a vida de 160 pessoas e deixou pelo menos 317 igrejas destruídas desde maio.

Dez mortos em ataques no Congo

Na última semana de junho, a Agência France Presse divulgou mais uma tragédia de ataque na República Democrática do Congo (RDC): um vilarejo foi alvo do grupo extremista Forças Aliadas Democráticas (ADF), ligado ao Estado Islâmico desde 2019. A agência divulgou a morte de seis homens e quatro mulheres no ataque perpetrado pelos muçulmanos radicais, que também sequestraram diversas pessoas. “As tropas congolesas e ugandenses estavam estacionadas a apenas três quilômetros (duas milhas) do local do ataque, mas as forças de segurança não reagiram a tempo. Condenamos esses assassinatos perpetrados, exigimos a segurança de nosso povo”, disse Socrates Mumbere, morador do vilarejo.

Os terroristas da ADF cometem há décadas ataques violentos aos cristãos no Leste da RDC, matando crentes congoleses e destruindo abrigos, depósitos de alimentos, hospitais e veículos. No dia 31 de maio, um orfanato cristão, além de ter sido palco do massacre dos pais das crianças que acolhe, ainda sofreu um incêndio elétrico que o destruiu completamente. Por sua vez, o abrigo havia ultrapassado a sua capacidade, à medida que cada vez mais órfãos iam chegando.

Em maio, o site de notícias CPAD News noticiou uma série de ataques dos muçulmanos às comunidades no Leste da RDC, onde pelo menos oito cristãos morreram entre os dias 12 e 14 de junho. As mortes foram acompanhadas da destruição de carros e motocicletas em plena luz do dia.

Missionário brasileiro é morto a tiros e tem o corpo carbonizado

Em Nairobi, capital do Quênia, o missionário e pastor brasileiro Francisco Antônio Chagas Barbosa foi assassinado a tiros e teve o corpo carbonizado dentro de um carro. Nascido em Varjota (CE), ele atuava junto à Missão Cristã Mundial (MCM). A entidade veiculou que o brasileiro estava desaparecido desde o dia 7 de junho, quando saiu de casa para fazer compras em um supermercado. O último contato telefônico aconteceu às 16h03 do dia do desaparecimento. A instituição publicou um pedido de oração nas redes sociais informando o desaparecimento do missionário. Testemunhas contam ter visto o carro do religioso sendo dirigido em alta velocidade com um grupo de jovens locais a bordo por volta das 21 horas pelas ruas da cidade.

A confirmação da morte do missionário foi emitida em vídeo por sua esposa, Franciane Barbosa, que foi informada pela embaixada do Brasil no Quênia. “Dois homens colocaram meu marido dentro do carro, ele tentou sair do veículo e acabou sendo executado nesse momento. Sem saber o que fazer, eles incendiaram o carro e, de fato, o carro que encontramos com aquele corpo é realmente do Francisco”, relatou ela. Além da esposa, o falecido também deixa uma filha.

O perfil oficial da MCM no Instagram anunciou em comunicado que “Francisco deixa um legado ímpar em missões. Seu trabalho alcançou crianças, viúvas, povos que lutavam contra a fome e a sede. São incontáveis as sementes deixadas, Bíblias distribuídas e vidas que foram salvas pelo Senhor por conta de sua dedicação à obra”.

Pastor Saulo Gregório de Lima, secretário-executivo da Secretaria Nacional de Missões (Senami), órgão ligado à Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Brasil (CGADB), liderada pelo pastor José Wellington Costa Junior, lamentou a morte do missionário brasileiro. “Nossa solidariedade à MCM, que tem feito muito em prol da evangelização global. Que o Senhor conforte a todos os familiares e continue guardando nossos missionários espalhados pela face da terra”, disse.

Estudantes cristãos são mortos em ataques a dormitórios em Uganda

No dia 16 de junho, a Escola Secundária Lhubiriha em Mpondwe, distrito de Kasese, em Uganda, foi alvo de um ataque terrorista de muçulmanos que invadiram os dormitórios da instituição e assassinaram 37 estudantes que dormiam tranquilamente. Testemunhas contam que os terroristas sequestraram outros seis estudantes. Acionadas para investigação, autoridades emitiram a informação de que outras cinco pessoas foram mortas e quatro alunos ficaram feridos.

O site Morning Star News publicou que a maioria das vítimas professava o Cristianismo e pertencia a congregações da Igreja de Uganda, Igreja Crossway, Igreja Pentecostal de Kasese, Cidade de Todos os Santos Kasese, Igreja Batista Independente e Igreja Batista Central de Kasese. Por sua vez, a rede de notícias BBC veiculou que os jihadistas, munidos de facões, gritavam o slogan “Allahu akbar [Allah é maior]”, enquanto matavam as meninas e queimavam os meninos ateando fogo em seu dormitório.

Um dos sobreviventes disse ao Morning Star News que os militantes gritavam: “Esta escola está propagando o Cristianismo em Uganda e obtendo apoio dos cristãos no Ocidente. O Islã deve ser a religião dominante em Uganda”. O estudante Edgard Mumbere e seus colegas conseguiram ouvir o estampido dos tiros enquanto se escondiam debaixo das camas na instituição de ensino. “Alguns de nós conseguiram sair do dormitório, mas foram baleados e conseguiram sobreviver a ferimentos graves. Espalhei sangue no rosto e no corpo inteiro e fingi estar morto. Um veio, verificou e não viu nada, e foi assim que sobrevivi”, disse Edgard Mumbere ao Morning Star News.A cidade onde aconteceu o ataque está localizada próxima à fronteira de Uganda com a República Democrática do Congo, onde fica a filial do Estado Islâmico das Forças Democráticas Aliadas. No dia 17, o presidente Yoweri Museveni culpou um grupo dissidente do ADF pela tragédia. A organização é considerada uma das mais letais de mais de 120 grupos armados no leste da RDC. Entretanto, nem os acusados e nem o Estado Islâmico se responsabilizaram pela crueldade, como costumam fazer normalmente.

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem