A memória humana precisa ser ativada

A memória humana precisa ser ativada

Leia com atenção os seguintes textos: “Disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que nos cantos das suas vestes façam borlas pelas suas gerações; e as borlas em cada canto, presas por um cordão azul. E as borlas estarão ali para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor e os cumprais; não seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos, após os quais andais adulterando, para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Números 15.37-41 – ARA). Leia atentamente ainda: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Coríntios 11.23-26 – ARA).

Dentre as muitas consequências da Queda do homem, o esquecimento talvez seja a mais acentuada. Muito resumidamente, o esquecimento de que falo tem duas vertentes: 1) pode acontecer por fatores naturais, como envelhecimento, estresse, fadiga; 2) pode também acontecer por uma questão patológica, que é o esquecimento provocado por uma enfermidade.

A verdade é que todos nós, em alguns momentos, temos (ou teremos) lapsos de memória. Portanto, não entre em pânico se, em dado momento, você não conseguir se lembrar do nome ou da fisionomia de alguém.

O Senhor nosso Deus sabia desse esquecimento do homem e criou uma ferramenta para ativar a memória do povo de Israel: “E as borlas estarão ali para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor e os cumprais; não seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos, após os quais andais adulterando” (v. 39). Vale dizer aqui que o adultério não acontece apenas entre lençóis, mas também quando princípios da Palavra são quebrados. Olhar para aquele acessório preso ao corpo fazia com que as pessoas se lembrassem do princípio que Deus havia estabelecido. Hoje, os judeus ortodoxos ainda usam este cinto com franjas a fim de se lembrarem de que aquilo é um princípio de Deus para a própria vida. Essa vestimenta lhes serve como mecanismo de lembrança, da mesma forma que a Mesusah (Mezuzá), que é a Palavra de Deus a ser colocada em cada entrada de uma dependência.

Levado pela reflexão dessas coisas, eu fiquei imaginando uma maneira de trazer essas borlas e franjas para a nossa vida hoje. Algo que nos ajude a lembrar de tudo o que o Senhor tem feito e faz por nós. Também não podemos esquecer de que representamos a Igreja onde quer que estejamos; fato que merece nossa total observação e cuidado, principalmente com as vestimentas que escolhemos usar cotidianamente. As borlas exortavam e faziam com que a Palavra fosse lembrada. Hoje, as borlas e as franjas são espirituais e elas devem estar presentes em nossa vida o tempo todo.

Da mesma forma que o Senhor estabeleceu aquela vestimenta para o povo de Israel como mecanismo de lembrança, instituiu a celebração da Ceia para a Igreja de Cristo. Esta Ele instituiu por algumas razões fundamentais.

O pão e o cálice representam o sacrifício de Cristo por nós. No momento especial da celebração da Ceia, precisamos lembrar de que alguém pagou o preço por nós. A Ceia do Senhor é também o maior exemplo de amor que Ele trouxe para nós. “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (João 15.13 – ARA). É por isso que não podemos abrir mão de participar da Santa Ceia, porque ela representa a maior dádiva que nos foi concedida. Ela nos faz lembrarmos disso. A Ceia nos traz à lembrança de que Jesus está voltando. “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Coríntios 11.26). A Igreja de Cristo não tem mais as vestes judaicas do passado, mas tem as ordenanças do Senhor a serem cumpridas, e isto nos traz à lembrança tudo o que Ele fez por nós.

Refletindo sobre vestes e sua representação espiritual, lembrei-me de Ana, que fazia todos os anos uma veste sacerdotal nova para Samuel. Hoje, antes mesmo de ensinar a Palavra e os princípios cristãos, muitos pais tratam logo de comprar para os filhos a camisa do time de futebol para o qual torce. Não furte de seus filhos a possibilidade de se chegarem ao Senhor! Encaminhe-os na Verdade, para que estejam fortalecidos a ponto de não sucumbirem quando expostos a ambientes contrários à fé cristã. Vestes espirituais nos identificam entre os demais e nos fazem lembrar de que somos do Senhor. Pense nisso e mantenha as suas borlas e franjas formosas para que expressem a verdade de Deus em sua vida. Ensinando sobre estas coisas, o Senhor Jesus disse a respeito dos fariseus:

“Então, falou Jesus às multidões e aos seus discípulos: Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas” (Mateus 23.1-5). Era sobre hipocrisia que o Senhor Jesus estava falando. Portanto, que suas franjas (vestes espirituais: caráter cristão) representem a verdade contida em seu coração.

por Jaime Soares

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