Perseguição a cristãos aumentará em 2019 na China, Índia e Nigéria

Perseguição a cristãos aumentará em 2019 na China, Índia e Nigéria

Enquanto isso, no Ocidente, em reação à ascensão conservadora em alguns países, ataques da mídia progressista a valores cristãos também aumenta

Segundo relatório divulgado neste início de ano pela Release InternacionalVoice of Persecuted Christians, entidade com 50 anos de atividade em favor dos cristãos perseguidos no mundo, o ano de 2019 será marcado pelo aumento da perseguição aos cristãos em todo o mundo, com especial preocupação com os crentes na Nigéria, na China e na Índia. De acordo com o comunicado da instituição, cerca de 215 milhões de crentes em Cristo enfrentam hoje violência e discriminação por sua fé em todo o mundo. “Na Nigéria, os militantes Fulani parecem preparados para continuar os ataques devastadores contra os cristãos no norte e centro do país. Somente em seis meses do ano passado, eles mataram cerca de 6 mil e expulsaram 50 mil de suas casas”, disse o grupo sobre a situação do país africano.

Um parceiro da entidade, cujo nome não foi divulgado, disse que há um “plano deliberado” por parte de grupos radicais islâmicos na Nigéria “para destruir e assumir as comunidades predominantemente cristãs na região”. A fonte acrescentou que “os cristãos estão enfrentando uma jihad estratégica moderna”. Ano passado, a Associação Cristã da Nigéria e chefes denominacionais de igrejas no Estado de Plateau disseram que o que está acontecendo na Nigéria hoje é “puro genocídio e deve ser interrompido imediatamente”. A Sociedade Internacional pelas Liberdades Civis e o Estado de Direito avisou no final do ano passado que os ataques recentes contra os cristãos no interior da Nigéria não devem ser confundidos com décadas de confrontos entre pastores de gado e fazendeiros. Emeka Umeagbalasi, presidente do conselho da instituição, contou ao jornal The Christian Post em agosto do ano passado que os crentes tiveram suas igrejas incendiadas e foram expulsos em massa. “Quantos agricultores muçulmanos estão sendo mortos por pastores fulanis? Quantos lares muçulmanos foram destruídos ou queimados? A resposta é negativa. Não tem nada a ver com confrontos entre pastores e fazendeiros. Isso é falso”, disse Umeagbalasi.

O governo comunista da China também foi mencionado entre as maiores causas de preocupação do relatório da Release International, com novas regras sobre a regulamentação da religião reprimindo igrejas, pastores e congregações em todo o país, como o jornal Mensageiro da Paz também tem divulgado nos últimos meses. “O governo quer reduzir o cristianismo a apenas uma atividade menor de pessoas dosas sem importância”, alertou a instituição.

Na Índia, a Release International apontou violentos grupos radicais que invadiram reuniões de oração, saquearam igrejas e espancaram crentes. “Estamos fornecendo Bíblias nas línguas locais para substituir as que os militantes destroem e estamos dando assistência legal vital e apoio aos pastores que foram presos”, revelou o grupo.

Outros países de particular preocupação para 2019 listados são Coreia do Norte, Eritreia e Paquistão.

As perspectivas da Release International para os cristãos no mundo em 2019 vêm logo depois de o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, anunciar que o governo britânico fará uma revisão sobre os dados da perseguição cristã em todo o mundo. Hunt disse em janeiro que embora o Reino Unido defenda há muito tempo a liberdade religiosa internacional, muito mais pode ser feito para ajudar os cristãos em regiões problemáticas do mundo, como no Oriente Médio.

“Não estou convencido de que nossa resposta às ameaças enfrentadas pelos cristãos em particular tenha sempre correspondido à escala do problema, nem levado em conta a dura evidência de que os cristãos frequentemente suportam um fardo desproporcional de perseguição. Talvez isso seja fruto do próprio sentimento britânico de constrangimento em relação ao tema Deus”, sugeriu o secretário de Relações Exteriores. “Talvez seja fruto da nossa história colonial ou porque a Grã-Bretanha é um país tradicionalmente cristão, então alguns estão com medo de serem mal vistos por ajudar os cristãos em necessidade desesperada”, acrescentou. “Seja qual for a causa, nunca devemos permitir que uma posição politicamente correta equivocada possa inibir nossa resposta à perseguição de qualquer comunidade religiosa”, concluiu.

Hunt compartilhou que ele nomeou o bispo de Truro, o Rev. Philip Mounstephen, para liderar uma revisão global da perseguição aos cristãos. “Não é do nosso caráter nacional fechar os olhos ao sofrimento. Todas as minorias religiosas devem ser protegidas e as evidências demonstram que, em alguns países, os cristãos enfrentam o maior risco”, disse ainda. Paul Robinson, CEO da Release International, saudou a revisão planejada. “Apoiamos o pedido para que o Reino Unido faça mais para apoiar a Igreja que sofre em todo o mundo”, disse Robinson.

No Ocidente, ataques da mídia progressista aumentam

Há exatos cinco anos, em uma entrevista concedida ao programa America’s Forum da TV Newsmax, o evangelista Franklin Graham, presidente da Associação Evangelística Billy Graham e da ONG de assistência internacional Samaritan’s Purse, fez uma declaração que repercutiu em seu país e em todo o mundo evangélico naquela época. Disse Graham: “Estamos vendo o aumento do anticristianismo e do antissemitismo no mundo inteiro. Não há a menor dúvida disso. É assustador. Estamos vendo o anticristianismo nos Estados Unidos. Estamos vendo boa parte disso vindo da indústria de entretenimento, principalmente em certos segmentos da mídia noticiosa. Os cristãos estão sendo atacados”. Na ocasião, Graham ainda alertou: “Estamos vivendo em um mundo que está mudando e é assustador ver como o mundo está mudando rapidamente. Penso que nos próximos anos vamos ver real perseguição a cristãos e judeus [no Ocidente]”.

Cinco anos depois, a declaração de Franklin Graham mostra-se mais atual do que nunca. Não apenas nos EUA e na Europa, mas até mesmo aqui em nosso país, onde vemos o mainstream midiático cada vez mais agressivo contra os valores cristãos e Israel. Tais ofensivas são basicamente uma reação histérica à ascensão de movimentos conservadores nos últimos anos em todo o mundo, seja na Europa, nos Estados Unidos ou mesmo no Brasil. Um detalhe interessante é que como os ataques ao cristianismo abarcam um espectro amplo do pensamento cristão, esses movimentos conservadores acabam levando até mesmo católicos e evangélicos a se unirem em um mesmo front, seja no campo político, seja no campo da mídia alternativa (ou independente) na internet, para responder a esses ataques.

Outro detalhe é que cada vez mais aumenta o número de pessoas que se dizem defensoras dos valores judaico-cristãos, inclusive muitos jovens. Há até quem diga, especialmente nos EUA e na Europa, que o conservadorismo acabou se tornando a contracultura do mundo de hoje. Se nos anos 60 e 70 do século 20 a contracultura era formada pelos movimentos hippies ou progressistas em geral, hoje os progressistas estão à frente da mídia, das universidades, do mundo do entretenimento, e a contracultura – a “rebeldia” ao sistema por assim dizer – passou a ser exatamente o conservadorismo.

Para os formadores de opinião da elite cultural de hoje, ser radical, ser “extrema” alguma coisa, é ser contra o aborto, não apoiar o “casamento” homossexual, ser contra a liberação das drogas, contra a ideologia de gênero, contra o politicamente correto, defender Israel, ser contra o feminismo, ser a favor do conceito natural e tradicional de família, ser religioso (especialmente cristão), não concordar com a teoria evolucionista etc. É o que o atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, classificou em janeiro, em discurso de posse na nova função, de uma onda de “teofobia” no Ocidente.

A pessoa que assume as posições elencadas no parágrafo acima geralmente é alvo de todo tipo de zombaria e desprezo, além de ataques diretos, nos círculos tradicionais de cultura e comunicação – universidades, indústria do entretenimento, mídia tradicional. Entretanto, seus posicionamentos têm o apoio da maioria esmagadora da população, que geralmente é conservadora em valores, o que evidencia o abismo que há hoje entre os formadores de opinião e a opinião pública – referimo-nos à opinião pública de fato (do povo), já que o que aparece nos jornais, nas revistas, no rádio e nas tevês, e que é chamado de “opinião pública”, é apenas opinião publicada. Ela expressa, na maioria esmagadora das vezes, apenas a opinião daquele indivíduo ou do grupo que ele representa, mas não da maioria da população.

O perfil da elite cultural hoje no Ocidente

Levantamentos recentes comprovam o perfil progressista da maioria esmagadora da elite cultural no Ocidente. A área de Humanas nas faculdades, por exemplo, está tomada pela ideologia de esquerda. Só para citar um exemplo, um levantamento feito ano passado em universidades da América do Sul por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) revelou que 85% dos professores de História desses países são confessadamente de esquerda. Eis alguns dados por países: no Uruguai, 100%; no Chile, 93; e na Argentina, 47̄%. No Brasil, são 84,5%. Detalhe: segundo dados da Unesco, em 2004, portanto 15 anos atrás, esse número no Brasil era de 75,5% – isto é, a porcentagem de professores de esquerda nessa área só tem aumentado em nosso país. Isso significa que gerações de jovens em nosso país têm sido doutrinadas no que diz respeito à história do seu país e do mundo dentro da visão de esquerda.

E quanto às informações do dia-a-dia? A própria mídia mainstream admite a hegemonia cultural de esquerda nas redações. Em artigo publicado em 12 de novembro de 2017 no jornal Folha de São Paulo, o editor-executivo do jornal, Sérgio Dávila, afirmava que uma pesquisa interna na redação daquele jornal, em que 321 profissionais foram ouvidos, revelou que 55% se declaravam de esquerda e 23% de centro. Essa porcentagem não é muito diferente na maioria das redações dos principais jornais, revistas e canais de televisão do país.

A classe artística, sabe-se, também é majoritariamente de esquerda. Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo levantamento da Verdant Labs em 2015, publicado em 3 de junho daquele ano no jornal The Washington Post, mais de 90% dos ecologistas, psiquiatras, comediantes, escultores, antropólogos, sociólogos, historiadores, bispos episcopais e livreiros do país, e mais de 70% dos professores, jornalistas, cientistas sociais, administradores acadêmicos, linguistas, filantropos, arquitetos, produtores de mídia, atores e profissionais de artes visuais nos EUA, são de esquerda. Enquanto isso, são majoritariamente de direita naquele país os militares, fazendeiros, construtores, dentistas, cirurgiões, seguranças, encanadores, petroleiros, bancários, empreendedores, lojistas, atacadistas, caminhoneiros, padres, apresentadores de talk show em rádios, xerifes, policiais, penhoristas e pilotos, dentre outros.

A verdade é que se não fosse uma pequena parte da mídia tradicional que se mantém independente em relação a essa hegemonia e principalmente a mídia alternativa mais séria na internet, esse bloqueio da hegemonia cultural progressista em nossa nação e no mundo dificilmente sofreria perfurações como tem sofrido.

Quando perguntaram a Franklin Graham há cinco anos o que devem fazer os cristãos que se deparam com a censura e os ataques anticristãos da hegemonia cultural contra eles, ele respondeu, dizendo: “Incentivaria os cristãos a não recuar, a permanecerem firmes, a darem testemunho de sua fé, a assumir uma postura por sua fé e a não terem medo dos secularistas que zombarão de você. Sabe, vivemos em um mundo em que as pessoas querem ser politicamente corretas; vivemos em um mundo em que as pessoas querem ser aceitas, e ao ficar ao lado de Jesus não vamos ser aceitos em alguns círculos. Temos simplesmente de ter a disposição de aceitar isso e não ficarmos com medo. Incentivaria os cristãos a tomar uma posição e ter orgulho de sua fé, e não serem tímidos. Digam aos outros sobre o que Deus fez por vocês, o que Cristo fez quando Ele morreu na cruz e ressuscitou dos mortos. Falem às pessoas sobre isso”.

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