Samuel Nyström, um dos pioneiros da Assembleia de Deus

Samuel Nyström, um dos pioneiros da Assembleia de Deus

Importante como líder e na consolidação doutrinária da Assembleia de Deus brasileira

Nascido em 9 de outubro de 1891, na cidade de Österhaninge, em Arsta, Suécia, Lars-Erik Samuel Nyström, mais conhecido como Samuel Nyström, foi o primeiro missionário enviado pela Igreja Filadélfia em Estocolmo, capital sueca, igreja liderada pelo pastor Lewi Pethrus. Mesmo tendo nascido em um lar evangélico – seus pais eram batistas –, Samuel decidiu-se para Cristo somente aos 14 anos de idade. Em 19 de fevereiro de 1913, após aderir ao pentecostalismo, ele foi batizado nas águas na Igreja Filadélfia e em dezembro do mesmo ano recebeu o batismo com Espírito Santo. Sua chamada para a obra missionária se deu após ouvir o missionário Daniel Berg falando na Igreja Filadélfia sobre o trabalho que ele e Gunnar Vingren haviam começado pela graça de Deus no Brasil.

Sempre muito dedicado ao estudo da Palavra de Deus desde a sua conversão, Nyström resolveu ingressar, no início de 1914, na Escola Bíblica da Missão de Örebro, do pastor John Ongman. Passou dois anos estudando ali. Seu desejo era, ao final dos seus estudos, ser enviado ao campo missionário por Örebro, porém a saída da Igreja Filadélfia da União Batista Sueca em 1913 por adesão ao pentecostalismo impediu que os quatro alunos da instituição que eram ligados a essa igreja – dentre eles Nyström – fossem enviados por Örebro ao campo missionário. A Igreja Filadélfia, então, assumiu a responsabilidade pela manutenção e envio desses alunos para o campo; e já em 7 de dezembro de 1914, os separou ao ministério de evangelista. Eram eles Carls Ericsson, Ernst Nilsson, Ester Boström e Samuel Nyström.

Pouco tempo depois de ordenado ao ministério, começou a pastorear uma igreja na cidade de Boras. Ali, recebeu uma profecia de que Deus o chamava para o campo missionário. Em 1915, começou a namorar e noivou com Karolina Josefina Berggren, quatro anos mais velha do que ele, e que ficaria conhecida como Lina Nyström. Lina congregava na Igreja Filadélfia e fora batizada no Espírito Santo em 1914, tendo recebido no mesmo ano a chamada divina para trabalhar no campo missionário.

Em 1916, Samuel Nyström conheceu pessoalmente Gunnar Vingren, quando da visita deste à Suécia. Em 5 de junho do mesmo ano, Lewi Pethrus celebrou o casamento de Samuel e Lina, e no mesmo dia os separou oficialmente para serem enviados pela Igreja Filadélfia como missionários ao Brasil. Devido a problemas de saúde, o casal não teve filhos naturais, mas foram milhares os filhos espirituais em plagas brasileiras.

Samuel e Lina chegaram ao Brasil em 18 de agosto de 1916, encontrando a igreja em Belém do Pará com 70 crentes, além de mais algumas centenas de crentes espalhados por todo o país. O casal de missionários passou cinco meses aprendendo a nossa língua até começar a trabalhar na evangelização do nosso país, iniciando suas atividades no estado do Pará entre as comunidades de Bragança e Vizeu. Em outubro de 1917, Samuel assume a direção da Assembleia de Deus em Manaus (AM). Porém, de 1919 a 1921, a pedido de Gunnar Vingren, Samuel Nyström se dividiu entre o pastoreio da igreja em Manaus e a direção dos trabalhos e da evangelização nas ilhas do Amazonas na região do Pará, já que Daniel Berg, que cuidava desses trabalhos, teve que viajar à Suécia nesse período. Enquanto se dividia entre esses dois campos, sua esposa Lina chegou a dirigir por quatro meses e meio a Assembleia de Deus em Manaus. Quando Daniel Berg retornou em 1921, Nyström havia estabelecido 14 igrejas nas ilhas e batizado 200 novos crentes na região, os quais se somaram aos que Berg já havia ganho para Jesus ali antes.

Ao voltar ao Brasil, Daniel Berg trouxera consigo novos companheiros de trabalho vindos dos Estados Unidos e da Suécia: Nels Nelson, Elizabeth Johanson, Samuel e Tora Hedlund, e Ingrid e Ester Andersson. Berg também comprou um novo barco e voltou a trabalhar, desta vez acompanhado de Nels Nelson, nas ilhas, enquanto Samuel Nyström voltou a trabalhar em terra firme, desta vez no Pará e novamente nas vilas de Bragança e Vizeu. Na primeira Escola Bíblica promovida pela Assembleia de Deus em Belém do Pará, de 4 de março a 4 de abril de 1922, Samuel Nyström, já reconhecido notoriamente como grande ensinador, ministrou os estudos bíblicos aos obreiros brasileiros. A inda em 1922, ele e a esposa voltaram à Suécia, retornando ao Brasil em 1923. Em 1924, com a ida de Gunnar Vingren ao Rio de Janeiro, Nyström assume a liderança da Assembleia de Deus em Belém do Pará. Nessa época, a Assembleia de Deus paraense era responsável pela direção das Assembleias de Deuss em todos os estados do Norte do país, e nos estados do Maranhão, do Piauí e do Ceará, além das igrejas da região nordeste do Mato Grosso. Em 30 de outubro de 1926, Nyström inaugurou o novo templo da Assembleia de Deus em Belém do Pará, com a presença de 1,2 mil pessoas; e em 1927, deu início ao serviço beneficente em favor das viúvas dos pastores.

Em 1930, Samuel Nyström assume a Assembleia de Deus em São Paulo; e em 1932, com o retorno de Gunnar Vingren à Suécia (onde faleceria no ano seguinte), Nyström assume a Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, que já estava em franco crescimento. Sob sua gestão, a Assembleia de Deus que mais crescia no Brasil nessa época era a igreja carioca. Com poucos meses ali, Nyström teve que alugar um novo salão para os cultos que era três vezes maior do que o que era usado, e mesmo assim este rapidamente lotou também.

Em 1934, Nyström precisou retornar à Suécia. Em 1935, foi enviado pela Igreja Filadélfia como missionário a Portugal, tendo permanecido ali até 1938, quando retornou ao Brasil reassumindo a direção da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro. Seu segundo período à frente da igreja carioca, que se estendeu de 1938 até 1945, foi ainda mais próspero, sendo marcado pela intensa atividade evangelística e pela qualidade do ensino bíblico. Em 24 de junho de 1944, por exemplo, em um único dia, mais de 200 mil folhetos evangelísticos foram distribuídos na então capital federal. E nesse período, a Escola Bíblia do Rio de Janeiro se tornou uma das mais destacadas do país.

Em 1945, de volta à Suécia, Samuel Nyström assumiu o importante cargo de secretário da Missão Sueca, sendo responsável por mais de 600 missionários espalhados pelo mundo e por uma rádio em Marrocos, no norte da África, fundada por Lewi Pethrus e que transmitia a mensagem do evangelho a vários países e em vários idiomas. Em 1946, ele viajou aos Estados Unidos para levantar ofertas para a instalação das oficinas da Casa Publicadora das Assembleias de Deus no Brasil (CPAD), que havia sido fundada em 1940 no Rio de Janeiro.

Como afirma o Dicionário do Movimento Pentecostal (CPAD), “durante os 30 anos de atividades no Brasil, [Samuel Nyström] trabalhou como um verdadeiro apóstolo, ajudando a lançar e consolidar os fundamentos doutrinários das Assembleias de Deus no Brasil. Exercia grande liderança espiritual e eclesiástica entre os missionários e pastores nacionais. Sua atuação estendeu-se do Norte ao Sudeste do Brasil, fortalecendo igrejas, ministrando estudos bíblicos e ensinando em escolas bíblicas, organizando setores, orientando de maneira sábia importantes assuntos das Assembleias de Deus em todo o país” (pp. 510 e 511).

A liderança de Nyström pode ser exemplificada não apenas por sua influência doutrinária sobre a denominação em suas primeiras décadas, mas também por sua liderança à frente do órgão máximo da denominação no país, a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), a qual presidiu por nove vezes: 1933, 1934, 1936, 1938, 1939, 1941, 1943, 1946 e 1948. Ele também é autor de quatro hinos da Harpa Cristã (13, 87, 290 e 494), além de ser o autor das versões dos hinos 82, 83, 92, 167, 222, 288, 293, 332, 416, 454, 456, 459 e 511 do hinário assembleiano. Ele foi também, ao lado de Gunnar Vingren, pioneiro da imprensa pentecostal (jornais Boa Semente e Mensageiro da Paz) e das revistas de Escola Dominical. Nyström publicou dois livros (Concernente aos Dons Espirituais e Jesus Cristo, Nossa Glória), era profundo conhecedor das Escrituras, tendo significativo conhecimento de hebraico e grego, além de ser um poliglota: além da sua língua materna, o sueco, falava também inglês, francês, alemão, espanhol e, claro, o português.

Por seu conhecimento bíblico, era muito requisitado para ministrar estudos bíblicos, tendo falecido quando estava a caminho de um evento para ministrar. Ele faleceu em segundos, em um ataque cardíaco, quando estava no volante de seu carro, parado no sinal vermelho. Quando o sinal abriu, ele já havia partido para a Eternidade. Era 14 de novembro de 1960. Ele estava com 69 anos. Sua esposa Lina faleceria em 16 de novembro de 1984, aos 96 anos, também na Suécia.

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