Deus chama, prepara e envia

Deus chama, prepara e envia

Quando o crente procura viver em harmonia com Deus, percebe que o escândalo da cruz ainda não findou. Principados, potestades e hostes espirituais da maldade estão contra todos os que prestam obediência à lei de Deus. Por isso as perseguições deveriam causar alegria aos discípulos de Cristo. As perseguições são a evidência de que eles seguem os passos do Mestre. O próprio Jesus advertiu: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18,19).

Muitos cristãos confessos tratam a fé mais como religiosos que seguem certo ritual, e muitos fazem algo para Deus como se fossem obrigados e para ser participantes da salvação. Mesmo que uma pessoa entregue a sua vida para ser queimada em praça pública (1 Coríntios 13.3), isso não faria com que a pessoa tivesse os seus pecados perdoados e muito menos garantiria a salvação de sua alma. Ser servo de Cristo é estar disposto a morrer por amor de seu Mestre.

É bom lembrar que sempre foi Deus que procurou a aproximação com Suas criaturas. Por mais bem-intencionado que o ser humano seja, por causa do pecado não vai conseguir se aproximar de Deus, por isso é o Senhor que vem ao encontro do ser humano.

Deus chamou Adão e Eva (Gênesis 3.8-10). Após a desobediência, o casal imediatamente se escondeu de Deus, mas o Criador veio ao encontro do casal para refazer a comunicação. Diz a Bíblia que os dois “ouviram a voz de Deus, que andava no jardim pela viração do dia”. Adão saiu do esconderijo envergonhado e confessou: “Tive medo e me escondi”. A sensação de culpa o fez fugir de Deus, como se isso fosse possível. Ninguém consegue se esconder de um Deus que tudo vê. Então, por que o Senhor chamou o casal como se eles estivessem realmente escondidos? Isso aconteceu para que Adão e Eva confessassem o seu pecado e ouvissem de Deus que eles erraram e iriam receber o castigo pelo erro. Porém, ao invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o casal, Deus, o Justo Juiz, pois sua justiça é perfeita e misericordiosa, abriu espaço para a redenção da humanidade (Gênesis 3.15). 

Deus chamou a Noé (Gênesis 6.8). Noé andou passo a passo em fé como um exemplo vivo da sua geração. Noé vivia em uma sociedade cujas características eram a maldade (Gênesis 6.5), a violência (Gênesis 6.13) e a corrupção (Gênesis 6.11). Noé, porém, se manteve temente a Deus, o que o tornou elemento básico para uma nova geração (Gênesis 6.8). Aprendemos com Noé que em um mundo corrupto como o nosso precisamos cuidar da nossa fé para não cairmos no engodo de Satanás.

Deus chamou Abrão e dele fez uma grande nação (Gênesis 12.1, 2). Abrão foi escolhido por Deus para restaurar a geração pós-diluviana, a qual se corrompera. Para tal empreendimento, o Senhor estabeleceu um plano radical com Abrão, exigindo dele completa separação, obediência e fidelidade incontestáveis. O Senhor chamou Abrão e mostrou-lhe um caminho longínquo, desconhecido e perigoso. Quando o Senhor escolheu Abrão, não foi simplesmente para que ele se tornasse Abraão, um amigo especial de Deus, mas para que fosse um transmissor dos privilégios particulares que o Senhor desejava outorgar às nações. Aprendemos com Abraão que o caminho da fé não está livre de provações.

Deus chamou Isaque (Gênesis 26.1-4). Deus prometeu a Isaque Sua companhia, proteção e provisão. Isaque era do tipo quieto, que cuida apenas da sua vida, até que foi especificamente chamado para agir. Isaque era esforçado e trabalhador (Gênesis 26.12-19). Isaque era um homem pacifico. Ao sofrer terrível oposição dos invejosos e ser aconselhado a sair do lugar onde prosperava, Isaque não fez questão alguma. Foi habitar no vale de Gerar (Gênesis 26.17). Isaque era de obediência e submissão aos pais e a Deus. Certamente, esses são os aspectos mais marcantes do caráter de Isaque. Ele soube honrar seu pai e sua mãe, como manda o Senhor (Êxodo 20.12). Com Isaque aprendemos o valor da obediência e da submissão a Deus, aos pais e aos que lideram segundo a vontade de Deus (Hebreus 13.17). 

Deus chamou Jacó (Gênesis 28.10-22). A promessa de Deus a Abraão e Isaque também foi oferecida a Jacó. O caráter de um homem, sob a égide do ego, é vulnerável aos ímpetos da carne; mas, quando transformado, se torna firme e confiante. A história de Jacó é muito emocionante e assinalada por experiências marcantes. Nenhum outro personagem tomou tanto espaço no Gênesis. Foi ele quem recebeu a bênção de Abraão e Isaque. Por seu intermédio, foram formadas as doze tribos de Israel. Uma característica pessoal de Jacó, revelada ao longo de sua vida, era a persistência em lutar por um ideal e aproveitar todos os momentos possíveis para conquistá-lo, mesmo por uma forma errada, como no episódio da compra da primogenitura de seu irmão Esaú. Após colher o que plantou por essa atitude, quando aquele que enganou foi enganado, vemos Jacó arrependido das coisas erradas que tinha feito, ouvindo bater forte, como um martelo na bigorna, a voz de sua consciência (Gênesis 32.3-12). Jacó orou a Deus e teve seu caráter transformado. Deus mudou o rumo de sua existência, Jacó passou a se chamar Israel (Gênesis 32.27, 28) e tornou-se bênção nas mãos de Deus. Aprendemos com Jacó que nunca devemos adiantar os planos de Deus, porque Ele os cumpre no tempo próprio, sem nenhum prejuízo para nós. 

Deus chamou José (Gênesis 37.5-9). José, um dos doze filhos de Jacó, enfrentou grande perseguição após receber de Deus um chamado. “O alto caminho dos retos é desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma” (Provérbios 16.17). José foi perseverante em sua fé em Deus e pagou grande preço por sua obediência à Palavra do Senhor. O testemunho da vida de José nos mostra a possibilidade de o homem e a mulher manterem-se sob a graça divina, vivendo com integridade independente das circunstâncias que os envolvam. A família de Jacó passou por diversas crises: rixas entre as irmãs Léia e Raquel (Gênesis 29.33; 30.1-8); injustiças (Gênesis 31.41, 42); intrigas financeiras (Gênesis 31.1); propensão à idolatria (Gênesis 31.34); traição, violência, imoralidade e invejas (Gênesis 34.25-30; 35.22; 37.11). Diante desse contexto, que tipo de caráter José deveria ter? Entretanto, ele é um exemplo de que é possível, com a graça divina, manter-se puro e íntegro, mesmo convivendo com pessoas de comportamento reprovável (Filipenses 2.15). 

Deus chama Moisés (Êxodo 3.1-10). Deus falou com Moisés por meio de uma inesperada fonte, uma sarça ardente. Moisés foi investigar o que estava acontecendo e foi surpreendido pelo Deus de Israel. Deus conta sempre com a nossa disposição para ouvi-lO. Deus escolheu Moisés para conduzir Seu povo à terra prometida. Essa missão não seria possível se o Eterno não lhe moldasse o caráter, mediante o exercício da paciência (Atos 7.30). Por 40 anos, Moisés viveu como príncipe no Egito recebendo instrução e preparo na arte de liderar (Atos 7.22). Todavia, a humildade, tão urgente e necessária para a sua grandiosa incumbência, só viria após 40 anos de exílio em Midiã. Com Moisés aprendemos que é no tempo, na hora e do jeito que Deus quer, e não do jeito que nós queremos. Deus quer sempre o melhor para Seus filhos e filhas.

Deus chamou Josué. Deus escolhe a quem quer, pois só Ele conhece aqueles que possuem as qualidades necessárias para o trabalho no Seu Reino (Deuteronômio 31.7). Josué, filho de Num e neto de Elisama, príncipe da tribo de Efraim (Êxodo 33.11), nascera no Egito à época em que seu povo estava debaixo do jugo de Faraó. Josué foi um fiel servidor, por isso Deus lhe honrou com uma posição tão distinta. Até assumir a liderança de Israel, Josué foi desafiado em várias circunstâncias, enfrentando diversos obstáculos, os quais lhe deram condições de aprender a lidar com as adversidades. Dentre muitas qualidades morais e espirituais que pontuam a vida de Josué, três são imprescindíveis àqueles que desejam exercer um trabalho no Reino de Deus. Primeiro, a obediência. Porque era obediente a Deus, Josué também foi um “servidor obediente” a seu líder (Êxodo 17.9-10; 24.13). Obedecer por amor equivale à verdadeira submissão, isto é, colocar-se sob a autoridade de alguém. Josué aprendeu bem cedo que o sucesso de seu ministério dependeria de sua obediência a Moisés, seu líder, e à Palavra de Deus (Josué 1.7-9). Segundo, fidelidade. Josué tinha um caráter integro, por isso pode manter-se leal a Deus e a Moisés. Ele assumira um compromisso de fidelidade que o tempo não conseguiu abalar. Fidelidade é uma qualidade moral de Deus (Tiago 1.17). Josué aprendeu a confiar na fidelidade divina, logo, em tudo que fazia, sua fidelidade era demonstrada em atitudes firmes no cumprimento da Palavra de Deus (Deuteronômio 7.9). Por fim, caráter ilibado. O bom caráter é determinante para o sucesso de qualquer empreendimento. Em diversas situações, Josué soube manter o equilíbrio e assim não quebrar os princípios aprendidos com Moisés. O caráter tem a ver com o mundo interior de motivos e valores morais que moldam nossas ações no mundo exterior. Josué nos ensina que o Senhor não convoca soberbos, mas estende as mãos aos humildes. Deus não arregimenta ninguém por sabedoria, experiência ou força, mas chama o servo por sua obediência.

Deus enviou Jesus. “E o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6). Como homem, Jesus demonstrou um caráter perfeito, suportando as fraquezas humana sem dar lugar ao pecado. Jesus se fez homem a fim de remir o homem perdido. É impossível descrever a grandeza de Sua personalidade e do Seu caráter com palavras meramente humanas. Sua entrada no seio da raça humana, que se achava em miséria espiritual, não somente significou Deus entre nós, o Emanuel (Mateus 1.23), mas o cumprimento da promessa do Criador de redimir o homem no Éden. Ele se humanizou como “a semente da mulher” que haveria de ferir a cabeça do Diabo (Gênesis 3.15). Como homem, Jesus teve um desenvolvimento e um caráter perfeitos que refletiam Sua natureza divina. Cristo se fez homem e servo para nos dar o exemplo (Mateus 20.28).

Jesus nos chamou. “Não escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda” (João 15.16). Jesus fez a primeira escolha: amar-nos e morrer por nós para nos convidar a viver com Ele para sempre. A nossa escolha é aceitar ou rejeitar Sua oferta. Se Ele não tivesse feito a primeira escolha, não teríamos qualquer escolha a fazer! Não desejemos somente Suas bênçãos, mas a Ele próprio. “Une-te pois a Ele, e tem paz” (Jó 22.21). Buscai e encontrareis. Deus está buscando, e o próprio desejo que você tem de a Ele se achegar não é senão a atração de Seu Espírito. Deus ainda hoje continua chamando e capacitando quem esteja disposto a se submeter por amor à Sua santa vontade.

por Márcio Antônio da Silva

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem