Vivendo com uma mente renovada

Vivendo com uma mente renovada

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento.” (Romanos 12.2).

Vamos propor uma reflexão clara e sucinta de quão primordial é manter uma mente renovada em tempos difíceis, quando alguns modismos têm entrado sorrateiramente dentro de muitas igrejas na atualidade.

Falsos profetas têm levado muitas pessoas ao abismo e às decepções da vida por apresentarem um sincretismo religioso, distorcendo as verdades bíblicas.

Nas cartas neotestamentárias,  podemos detectar a preocupação apostólica com a igreja do primeiro século. As cartas são divididas entre paulinas e gerais. Paulo, quando escreve suas cartas, deixa claro o motivo e o perfil de seus escritos, que era tratar de assuntos dogmáticos, litúrgicos, morais e éticos. Em um contexto geral, sejam as cartas paulinas ou gerais, seus objetivos são ainda hoje trazer para a igreja soluções, doutrina, orientação, advertência e consolo para o contexto presente.

Romanos 12.2 têm uma contemporaneidade muito grande, levando em consideração que o escritor nos mostra que uma das batalhas mais travadas não é contra carne ou sangue (Efésios 6.10), mas sim a batalha no campo da mente. Muitos problemas poderiam ser evitados se esse versículo, na sua essência, fizesse parte diariamente da vida de todos os crentes.

Nossas maiores batalhas têm sido no campo das ideias, de maneira que se a nossa mente não for renovada, o nosso comportamento perante o mundo e suas ofertas aparentemente boas não será transformado. E para que sejamos vitoriosos diante das ideias, ideologias, vãs filosofias implantadas por um mundo efêmero, há uma grande necessidade da nossa mente ser renovada. Nessa passagem bíblica, a expressão “conformar” no grego significa “estar em conformidade com o mesmo padrão”.

Partindo desse pressuposto paulino, compreendemos que nós, Igreja do Senhor Jesus, não devemos seguir os padrões deste mundo, haja vista que o mesmo “está no maligno” (1 João 5.19). Esta renovação que Paulo está nos apresentando está relacionada a tornar o indivíduo diferente do seu passado, que consequentemente só será possível mediante a mudança da sua mente.

Para entendermos o propósito deste tópico, vamos fazer uma rápida viagem na história. A igreja do primeiro século influenciaria a sociedade sem ser influenciada, tendo em vista que a sua comunidade, através dos ensinos teológicos, se fortaleceria dos princípios bíblicos que agradara a Deus e estaria apta para se chocar com os padrões do mundo sem ser atingida. Mas essa igreja vivia integralmente a Deus, que é muito diferente do que se vê em alguns lugares nos dias atuais. Já temos uma defasagem natural porque, devido às ocupações que todos temos, geralmente as igrejas têm somente três cultos semanais. Sem falar que muitas pessoas, por viverem em grandes metrópoles ou estarem diariamente atarefadas, cultuam a Deus na igreja somente nos fins de semana. O problema é quando a nossa vida de fé está pautada apenas nessas duas horas no decorrer de uma semana, quando o mundo está 24 horas por dia gritando o seu comportamento totalmente distorcido e oposto ao nosso, através de todos os meios de acesso: olfato, paladar, tato, audição e visão, esses dois últimos sendo os principais.

Outro detalhe é a cultura do consumismo. Permita-me ser bem franco com você, caro leitor: muitos desses padrões de comportamento parecem ser inofensivos, simples, medíocres, mas estão destruindo a vida de muitas pessoas.

Após o período da revolução industrial, para se vender, colocou-se na mente das pessoas a necessidade de consumir para que assim o capital pudesse girar mais e mais sem parar. Nos dias em estamos vivendo, a maioria dos produtos - seja ele de qualquer ramo - não é mais produzido para durar muito, mas se coloca um “status” ou “grife” no produto, para que, quando seja lançada um versão dele mais avançada, você compre essa nova versão e assim por diante. Só para citar um exemplo: já perdi as contas de quantas edições do famoso iPhone já saíram e sabe-se lá quantas ainda estão para sair. O prazer de se ter na mão um aparelho daqueles tem virado uma obsessão na vida de muitas pessoas das mais variadas idades, que sonham com mais um produto da “maçã mordida”. Não é de se admirar que nos próximos manuais de doenças psíquicas coloquem surjam patologias relacionadas ao consumo. Ora, qual a função primordial de um aparelho celular? Se comunicar com alguém que está distante, mas infelizmente os meios de comunicação têm passado a ideia do prazer e o “status”: você precisa satisfazer determinado prazer e ter aquele algo mesmo que você não precise dele.

As pessoas começaram a comprar não por necessidade, mas, sim, por “status” e prazer, e com o passar do tempo muitas pessoas começaram a enxergar o seu próximo também como um produto que deve lhe dar prazer.

Se não permitirmos que a Palavra de Deus renove nossa mente, essa mentalidade mundana ganhará espaço em nós e invadirá até nossa forma de ver o culto. O padrão do culto neopentecostal, por exemplo. Somos a Noiva prometida a Jesus Cristo (Apocalipse 21.9), mas muitos estão se adaptando aos padrões deste mundo que, consequentemente, e está quebrando o elo matrimonial entre Cristo e eles como Sua Noiva. O padrão mundano é o da realização de desejos a todo custo, com Jesus para muitos não sendo mais visto como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1. 29b), mas muito mais como uma espécie de “office boy” que sai por aí entregando as mais variadas bênçãos ou como uma “fada madrinha” que faz acontecer todos os nossos desejos. As mensagens da salvação, da santidade, da esperança, do ânimo em meio às crises, perderam o sentido e a importância.

O apóstolo Paulo, inspirado por Deus, já havia dito para o jovem pastor Timóteo: “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade voltando às fábulas” (2 Timóteo 4.3-4).

Infelizmente, as exposições bíblicas em muitos lugares não são mais quadrangulares: Jesus Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará. Devemos valorizar o ensino bíblico em nossas vidas para que qualquer vento de movimento não nos leve para longe da verdade.

Em alguns lugares, os cultos parece que não são mais cultos, mas cardápio de oferta especial de restaurante: Quem é que vai pregar? Quem é que vai cantar? Se não falar o que eu quero ouvir, senão trazer a minha bênção, vou para a outra igreja ali do lado.

Dez leprosos chegaram a Jesus e perguntaram se os podia curar, Jesus então disse para aqueles homens: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E indo eles, ficaram limpos”. A cura para aqueles homens não apareceu de forma imediata, eles precisaram caminhar, e durante o percurso receberam a sua purificação. Quando um deles percebeu que estava limpo, imagino que gritou: “Ei? Vamos voltar!”. E outro respondeu: “Voltar para que?  Vocês não perceberam que a lepra foi embora?”. Sendo assim, só um deles voltou glorificando a Deus. Esse texto dos Evangelhos nos ensina a lição da gratidão: o homem que voltou recebeu a cura física e a cura emocional, pois aprendeu o que é gratidão. Sua mente foi renovada e ele perdeu - penso eu - a mentalidade semelhante à nossa “consumista” ou “fast food” de querer tudo de forma instantânea, levando em consideração que existe lepra que só vai sair das nossas vidas ao longo da caminhada cristã, conforme você vai caminhando, perseverando, confiando, acreditando, não murmurando. A lepra vai indo embora.

Em Cristo, quem mentia não vai mais mentir, quem roubava não vai mais roubar, quem era escravizado pelos vícios da vida vai ser liberto, enquanto casa, carro, dinheiro, posses, tudo isso é consequência da vida e passa, e o importante é ser grato a Deus pela Salvação e a transformação da minha vida.

Por Lucas dos Santos Simon.

Compartilhe este artigo com seus amigos.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem