A necessidade da frutificação cristã

A necessidade da frutificação cristã

A ideia de seguir uma trilha determinada objetivando alcançar um padrão moral respaldado nos preceitos bíblicos pode soar ofensivo ao subjetivismo pós-moderno, o qual versa sua cognição sobre um modelo relativista e hedonista em que os princípios bíblicos são taxados como arcaicos e ultrapassados, e seu cumprimento precisaria de uma atualização moderna para não ferir as ideologias contemporâneas. Nessa visão, a Bíblia tem a obrigação de servir o bel-prazer humano e se submeter aos desejos diversificados que surgiram ao longo dos anos. É como se o Cristianismo fosse um mero entretenimento de fé disposto à moldura de seus telespectadores. Contudo, nosso Mestre é claro ao dizer que Suas Boas Novas vieram para trazer guerra e não paz (Mateus 10.34; Lucas 12.49,51-53), batalha esta que já vem sendo travada com as forças malignas que tentam destruir a Bíblia e sua ortodoxia.

Ao contrário do que preconizam os inimigos da sã doutrina, a Palavra de Deus é clara quanto à necessidade de crescimento e desenvolvimento dos fiéis durante s dias que passamos neste mundo. Ela está recheada de analogias e metáforas que atestam numerosos exemplos que ilustram-nos grandes ensinos de onde extraímos as mais valiosas lições. Dentre eles podemos destacar a frutificação, mo qual notamos um emblemático aprendizado sobre a exigência cristã em buscar uma vida respaldada no desenvolvimento e crescimento espiritual contínuo. No Novo Testamento, a ênfase inaugural deste ensinamento recai sobre o precursor de Jesus, João Batista, que nos abre a discussão citando a necessidade de produzir “frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3.8), dado que uma vida inteiramente entregue a Deus não está exposta a meras palavras bonitas, mas a ações demonstradas evidentemente na prática diária. Por mais bem embasado que pareça o discurso, se suas práticas não estiverem em sintonia com a Palavra, o tal locutor terá como destino inescapável o fogo ardente do inferno (Mateus 3.10). Foi exatamente nesta linha que João expôs seu sermão à beira do Jordão. Os fariseus que estavam a observá-lo confiavam em sua nacionalidade judaica, julgando uma aprovação divina apenas por terem como pai o patriarca Abraão (Mateus 3.9). Jesus, porém, mostrou-lhes mais adiante que a qualificação diante do Senhor era independente de qualquer influência familiar João 8.33-47). A avaliação de uma vida de comunhão com Deus depende unicamente de quem a deseja. Cada árvore, independentemente, precisa gerar o seu próprio fruto.

Os fariseus e saduceus exibiam grande confiança por terem domínio das letras da Lei, eles julgavam ser justos apenas por saberem os mandamentos do Decálogo decorado. Entretanto, João os confrontou com a verdade descortinando a necessidade maior de libertar para a prática o que estava preso sobre as grades da teoria decorada (Mateus 3.7-10). O verdadeiro servo do Altíssimo não é apenas uma árvore ostentada para ser admirada por sua espécie; a exigência dEle é que essa árvore produza frutos visíveis e verdadeiros (Mateus 3.8,10). O genuíno evangelho provoca mudanças evidentes das quais o mundo percebe com facilidade a diferença (Mateus 5.13; 2 Coríntios 5.17; Efésios 4.17-32; 5.8-21; 2 Timóteo 2.15). Não estamos aqui para sermos meras árvores monumentais, mas, sim, para produzirmos frutos que demonstram nossa nova vida em Cristo Jesus. A única vontade primordial da qual devemos nos inquietar em agradar é a de Deus.

Quem se deixa levar pelas ondas pragmáticas e utilitaristas está inteiramente circunscrito na lista dos enganadores que Jesus mencionou (Mateus 7.15-20). Eles são como um câncer que aos poucos e sorrateiramente vai matando o seu portador (Mateus 7.15; 24.23-26; Romanos 16.17-18; Colossenses 2.8; 2 Pedro 2.1-3; 1 João 4.1-5). Eles estão em nosso meio, sempre se mostrando revolucionários de falsas boas intenções (1 Timóteo 1.3-4). Mostram-se preocupados de maneira intensa com o bem estar de certas “minorias”, querendo trazer aceitação com discursos bem preparados e emotivos para influenciar, sobre os pilares de um ativismo sofredor, os congregados para aceitar suas ideias. Como operava Judas Iscariotes, que fazia parte do colégio apostólico e pregava uma justiça social que, a princípio, parecia bem intencionada, sua intenção verdadeira e camuflada era má (João 12.3-6). Nosso Deus conhece o desígnio de cada um de nós. Ainda que pensemos enganar os homens, Ele conhece nossos reais propósitos (Jeremias 17.9-10; Romanos 8.27), por isso nos admoestou contra os ataques maléficos dos falsos profetas que surgiriam em nosso meio.

Os frutos denunciam a verdadeira identidade do falso profeta (Mateus 7.16). Nosso amado Mestre ilustra que “Toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus” (Mateus 7.17). Seu ensino alude ao caráter do homem cristão. Muitos falsos profetas estão entre nós servindo, voluntária ou involuntariamente, como instrumentos de Satanás para perverter os mais fracos ao desvio da Palavra. Engana-se quem pensa que o Diabo manifesta suas vãs filosofias somente pelos adeptos de seitas. Nosso inimigo é sorrateiro e tem usado alguns em nosso meio munidos com boa oratória e discursos humanistas e igualitaristas que têm convencido muitos desavisados através da razão politicamente correta, com aparência de bem, mas ultrajada de ideologias diabólicas.

A ênfase dupla de Jesus não é em vão: “Pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus 7.16,20). Devemos sempre estar atento a quem estão querendo agradar, que público eles estão defendendo e em que está centralizada a sua pregação, pois suas atitudes os denunciarão. Quem está centrado em Deus vai se preocupar em guardar e defender a Sua Palavra; e quem não está irá pôr em dúvida a autoridade divina em detrimento dos conceitos politicamente corretos para agradar as massas. Contudo, a verdade está escancarada; pelos frutos são conhecidos.

Não há como escapar da realidade da frutificação; seja para o bem ou para o mau, algum fruto (ou não) produziremos. Isso fica evidente na explicação que Jesus deu sobre a parábola do semeador (Lucas 8.4-15), na qual Ele contrapõe as sementes que caíram no caminho, sobre as pedras e entre os espinhos com a que caiu em terra boa. A semente que caiu no caminho são as pessoas que praticam as chamadas conversões parciais, elas não conseguem se firmar por conta das ilusões e prazeres mundanos ofertados pelo Diabo (Lucas 8.12). São pessoas que não experimentaram o real novo nascimento e ainda estão reféns do mundanismo e não se entregaram definitivamente à regeneração do Espírito. Aceitam Jesus apenas como Salvador, não como Senhor.

A segunda semente caiu sobre pedra e mostrou um início animador ao começar a crescer (Lucas 8.6). Porém, não se manteve de pé por não conseguir os nutrientes necessários para continuar a crescer. São indivíduos que não têm sustentação diante de uma tentação e se desviam facilmente (Lucas 8.13). É o famoso crente palha: qualquer faísca o faz queimar. A que caiu entre os espinhos não consegue frutificar pelo sufoco das ilusões passageiras da vida, que vêm para distraí-lo e o impedir de um crescimento fortificado e produtivo (Lucas 8.7, 14). Essa árvore pode até possuir relevância na sociedade, mas para Deus ela nada produz. Seus feitos são sempre concentrados em seu benefício próprio e ele está sempre ocupado para si mesmo sem tempo para exercitar sua fé. Seus frutos não são “fruto com perfeição” (Lucas 8.14) porque ele está dividido entre sua vida secular e a sua espiritual, e sua maior concentração está no secular. Já a semente que caiu em boa terra são os que entenderam a mensagem do evangelho e, apesar de suas obrigações seculares, sabem que o Reino de Deus é a prioridade (Mateus 6.33). Seus frutos não são esporádicos, mas “com perseverança.” (Lucas 8.15). Suas vidas são regradas e norteadas pela Palavra do Senhor. Sua nova conduta agora está ligada em Cristo, que é nossa Videira verdadeira, no qual estamos inteiramente ligados (João 15.1-9). Mediante a conexão que temos nEle, somos impelidos a frutificar para não sofrermos o corte divino desta ligação.

Todos que estão conectados a Jesus têm por obrigação produzirem frutos desta ligação (João 5.2). Ele é nossa Videira que nos dá o sustento e a nutrição necessários para produzirmos frutos (João 15.4-6), mas o resultado da eficiência frutífera é nosso. Os nutrientes necessários estão à nossa disposição para produzirmos os melhores frutos, agora o resultado do rendimento depende tão somente de nós mesmos. É nosso dever mostrar o que estamos fazendo com os nutrientes deixados à nossa disposição. Ele cuida de nós com a limpeza através de Sua Palavra (João 15.3) para que possamos produzir com maior excelência nossos frutos.

A frutificação excelente só é possível enquanto estivermos ligados a Ele (João 15.4-5). É Cristo que nos sustenta, nos mantém de pé e nos limpa das impurezas e pragas que querem nos impedir de prosseguirmos frutificando. Logo, com efeito, é dEle toda glória por continuarmos de pé. É de nosso Salvador que emana todo nosso sustento espiritual para não sucumbirmos às pragas e impurezas mundanas. Enquanto estivermos ligados ao nosso Redentor, jamais seremos lançados fora, nunca secaremos e de maneira nenhuma seremos lançados no fogo do inferno, mas mediante a esta união espiritual poderemos pedir-Lhe e sermos atendidos (João 15.6-7).

Essa frutificação é denominada pelo próprio Senhor Jesus como uma marca registrada e visível de qualquer um que se ache na condição de discípulo Seu (João 15.8). Logo, torna-se imperativo para os que logram segui-Lo exceler uma frutificação ativa e operante, contínua e ininterrupta. Se deixar levar pelas ideologias politicamente corretas, sincretistas e pluralistas para agradar o mundo é permitir que as impurezas, que impedem de frutificar a verdade, tomem conta do seu coração. É mentir para si próprio e para os demais sobre uma realidade que Deus condena e abomina, visto que nosso verdadeiro dever é mostrar os frutos verdadeiros que o Espírito Santo produz, e não alargar a porta do Céu.

Nossa obrigação como servos de Cristo é evidenciar a transformação que o evangelho causa e não abraçar a mudança mundana. Paulo esclarece lucidamente essa verdade nos revelando um modelo de conduta para vencermos as influências pecaminosas, aconselhando-nos: “Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gálatas 5.16). 

Por Osiel de Sá.

Compartilhe este artigo com seus amigos.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem