Assembleiano é novo presidente da Sociedade Bíblica do Brasil - SBB

Líder da Assembleia de Deus em Jundiái (SP), graduado em Letras com habilitação em Hebraico pela Universidade de São Paulo; mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; professor de Hebraico, Grego e Apologia Cristã; comentarista de Lições Bíblicas de Escola Dominical da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) e autor de várias obras publicadas pela editora, além de presidente da Comissão de Apologética da Convenção Geral dos MInistros da Igreja Assembleia de Deus no Brasil (CGADB), pastor Esequias Soares foi eleito recentemente presidente da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), cargo pela primeira vez assumido por um assembleiano. Nesta entrevista ao jornal Mensageiro da Paz, ele fala sobre os desafios da distribuição da Palavra de Deus pela organização e sobre a relação do crente com a Palavra de Deus.

Como o senhor se sente sendo o segundo pentecostal e o primeiro assembleiano a assumir a presidência da Sociedade Bíblica do Brasil? 

Antes de tudo, convém enfatizar o que a maioria já sabe: a SBB não é uma igreja e nem uma denominação. E esclarecer o que poucos ainda conhecem: a SBB também não é uma editora. A SBB é uma organização beneficente de assistência social cuja finalidade é divulgar a Bíblia e sua mensagem, tornando-a relevante para as pessoas. Ela trabalha para que a Bíblia esteja ao alcance de todas as pessoas. Nisso, ela trabalha com as igrejas e para as igrejas. A SBB, na prática, pertence às igrejas e aos cristãos. Os assembleianos sempre fizeram parte da governança da SBB desde a sua fundação em junho de 1948. Emílio Conde representou as Assembleias de Deus na cerimônia de fundação da Sociedade Bíblica do Brasil em junho de 1948. Ele disse em seu discurso: “As Assembleias de Deus consideram a criação da Sociedade Bíblica do Brasil uma demonstração da providência de Deus. [...] As Assembleias de Deus existem pela mesma razão e pelos mesmos motivos que determinam a criação da Sociedade Bíblica do Brasil, isto é, existem porque há um livro, a Bíblia”. Na qualidade de presidente do Conselho Deliberativo da SBB, sinto a responsabilidade de incentivar e encorajar os cristãos pela Causa da Bíblia e trabalhar para que os desafios da SBB sejam realizados.

Para o senhor, quais são os principais desafios da SBB hoje?

São vários. Seguem os principais: continuar implementando os programas bíblicos de impacto social desenvolvidos pela Sociedade Bíblica do Brasil; ampliar a distribuição de Bíblias no Brasil e no mundo; e para alcançar esse objetivo, além de Bíblias impressas, será utilizada, de forma integrada, a Bíblia nos meios digitais. Atualizar o parque gráfico de forma a adequá-lo às necessidades de Bíblias para o povo. Implantar a nova sede da SBB, de forma a integrar toda a sua estrutura em um só lugar. A nova sede da SBB será planejada para abrigar o seu desenvolvimento pelos próximos 50 anos e ter imóveis próprios para as operações que a SBB mantém nos mais diversos estados brasileiros, transformando, assim, esses novos espaços em Centros Culturais da Bíblia, que permitirão aos visitantes uma experiência de interação com a Bíblia, sua história e mensagem. Esses são alguns dos muitos desafios que temos pela frente, mas acreditamos que, com a graça de Deus e o apoio dos cristãos e das igrejas, certamente conseguiremos obter os resultados esperados.

Segundo  a  última  pesquisa “Retratos da Leitura”, feita ano passado, o brasileiro está lendo um pouco menos do que lia antes, mas a Bíblia continua inalterada em primeiro lugar como o livro mais lido (35%). Os livros religiosos, por sua vez, estão empatados em segundo lugar com os contos e os romances. Gostaria que o senhor falasse sobre a importância da Bíblia não apenas para a vida do crente, mas para a sociedade como um todo.

Atualmente, temos no Brasil oito traduções completas da Bíblia em línguas minoritárias e 37 Novos Testamentos que alcançam o nosso país como um todo. A Bíblia é ainda o livro mais lido em nosso país e no mundo, está traduzida no todo e em parte em 3.435 línguas, segundo o último relatório das Sociedades Bíblicas Unidas. A Bíblia completa está em 704 idiomas, falados por 5,7 bilhões de pessoas; e o Novo Testamento, em 1.571 línguas, faladas por 825 milhões de pessoas no mundo; e as porções bíblicas estão em 1.160 línguas, faladas por 450 milhões. Isso significa que a Bíblia está disponível na língua materna de mais de 7 bilhões de pessoas. Sua importância é singular, como disse Joseph Angus: “Se as nações fossem sábias, essas narrativas seriam os seus melhores instrutores; elas estão adaptadas a ensinar tanto o mundo como a igreja”. A Bíblia é a única revelação de Deus escrita para a humanidade e tem tudo que o ser humano precisa no tocante “à vida e à piedade”, para usar uma linguagem petrina (1 Pedro 1.3). Na verdade, a Bíblia é a Bússola e o Farol para guiar todas as pessoas a Deus. A grandeza das Escrituras é manifesta no fato de ser a Bíblia o livro da esperança num mundo de desesperança, ainda mais em tempo de pandemia. Nela encontramos a verdadeira felicidade, paz para o lar, satisfação para a alma, esperança neste mundo e no porvir, cura de enfermidade e certeza de salvação em Jesus Cristo. É pelo poder da Palavra de Deus que vidas são transformadas. Nós nos sentimos animados ao saber que a leitura da Bíblia ainda ocupa o primeiro lugar no ranking dos livros no Brasil, mas sentimos que temos muito para fazer porque o número de leitores ainda é desproporcional em relação à população do país.

Há crentes que já leram a Bíblia mais de uma vez e depois pararam. Gostaria que o senhor falasse sobre os benefícios de o cristão manter a leitura sistemática e o estudo contínuo da Bíblia para toda a vida.

A Bíblia é um livro singular, uma literatura diferente de todas já produzidas na história, e sua leitura deve ser também especial, como disse o salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia” (Salmos 119.97). A meditação é o que chamamos de devocional. A Bíblia contém 66 livros e 1.189 capítulos. Com a leitura de quatro capítulos diários você faz a leitura completa em menos de um ano. Todos os cristãos deveriam ler a Bíblia inteira pelo menos uma vez na vida sem nunca deixar a leitura sistemática e o estudo contínuo dela. O ideal é começar uma nova leitura. Quando a pessoa está lendo a Bíblia com humildade e reverência, Deus está falando com ela. Os benefícios dessas práticas são o conhecimento mais amplo da vontade de Deus, pois aprendemos com os erros e acertos das personagens da Bíblia.

Gostaríamos que o senhor deixasse para os nossos leitores seu testemunho pessoal com a Bíblia.

Fui nascido e criado num lar assembleiano, acompanhei a vida devocional dos meus pais desde a infância. Eles eram professores da Escola Bíblica Dominical e ambos tinham o hábito da leitura diária da Palavra de Deus. Já estava habituado com esse ambiente, mas, infelizmente, deixei a igreja ainda na adolescência, só retornando aos 22 anos de idade. Era um domingo e, na segunda-feira seguinte, fui a uma livraria evangélica e comprei uma Bíblia e uma Harpa Cristã. Desde então, não parei nunca mais de ler a Palavra de Deus. Tenho o hábito da leitura contínua de Gênesis a Apocalipse e mais as pesquisas e os estudos específicos de passagens bíblicas.

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