Qual a correta compreensão teológica acerca de 2 Tessalonicenses 2.6?
A todo momento, nós, cristãos, devido ao aumento de literatura e pregações evangélicas, somos bombardeados com perguntas teológicas as quais exigem respostas. Porém, é relevante dizer que antes disso é imprescindível saber que nosso andar na fé não depende disso, mas, sim, de como agimos diante do que já nos foi revelado, como bem pontua o apóstolo Paulo, o qual diz: “Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos” (Filipenses 3.16).
Quanto à questão em apreço, sobre quem detém a ascensão do Anticristo, os teólogos têm se debruçado tentando apresentar uma resposta definitiva e convincente, o que deu origem às mais diversas interpretações de 2 Tessalonicenses 2.6. Alguns supõem que seria o Império Romano, o princípio da lei e da ordem; outros, o próprio Satanás, ou um grande mal, ou o próprio Deus, ou o Espírito Santo, ou a Igreja; ou ainda a proclamação do Evangelho e até falsos profetas.
Não se pode procurar uma resposta para o versículo 6 sem que primeiro busquemos a compreensão geral do texto e contexto. Os irmãos da Igreja de Tessalônica estavam cientes que que haveria o retorno de Cristo, mas eles estavam perturbados achando que o Dia do Senhor havia chegado. Paulo, porém, diz que eles não deviam se preocupar, pois antes que o homem da iniquidade se manifestasse, muitas coisas ainda iriam acontecer, de modo que todos deveriam ficar tranquilos e firmes, o que só seria possível através do conhecimento da Palavra. Ele, então, destaca dois grandes eventos que irão acontecer antes do grande Dia do Senhor. O primeiro é a apostasia, que em sua definição primária quer dizer “abandono da fé”, estando ligado à religião. Outros, como no caso de Wuest, traduziu-a como “partida”, falando do Arrebatamento, mas não procede porque, dentro do contexto desse capítulo 2, essa palavra está apontando para o crescimento do poder do inimigo que está se rebelando contra os planos de Deus.
Jesus e muitos dos apóstolos falaram desse acontecimento apontando para o futuro, mostrando que, no tempo do fi m, um poder satânico se levantará para se opor aos projetos de Deus. Claro que esse levante não é novo, pois, desde sua queda, o Inimigo tem feito de tudo para destruir o plano de Deus. Mas, para os tempos finais, esse poder será mais atuante. Nesse sentido, há um homem é descrito como “filho da perdição”, “Anticristo”. Tais títulos expressam a sua própria natureza (1 João 2.18-22; João 17.12).
O papel do Anticristo é agradar o seu mestre, Satanás. Ele se levantará contra o Deus verdadeiro e os falsos, se oporá a tudo o que é sagrado e atingirá os líderes, os tipos de cultos, os templos. Ele irá penetrar no Templo de Jerusalém e - veja bem - se manifestará como sendo Deus. Paulo deixa claro que um dia esse inimigo de Deus irá se manifestar, mas por enquanto alguém o detém.
A grande questão é que alguns estudiosos falam que Paulo fez uso de uma frase neutra to katéchon (o que o detém). A primeira é um artigo e a segunda é um verbo, que significa “não deixar ir”, “reter”, “deter de partir”, “conter”, “impedir (o curso ou progresso de)”. No texto, o verbo está no tempo presente, voz ativa, modo particípio, provando que aquilo que o detém já está em atividade; mas, pelo uso que se faz do versículo 7, o apóstolo usa a forma masculina o´ katéchōn (o que o detém), o que pode compreender que se trata de uma entidade que pode ser vista como uma pessoa ou coisa.
Vale ressaltar que o texto está falando de uma profecia que irá se cumprir, ainda que na presente dispensação o mistério da iniquidade já opere, mas de modo limitado, com restrição, visto que o Espírito de Deus detém sua ação plena. Porém, quando a Igreja for retirada da Terra, esse iníquo terá permissão para atuar com todo o seu poder maléfico. Temos que levar em consideração que, durante o período da Grande Tribulação, o Espírito Santo não se retirará da terra, mas cessará suas atividades de reprimir a injustiça como também as forças satânicas. Esse parece ser o significado mais correto da passagem. Mas, obviamente, há diversos teólogos e estudiosos do Novo Testamento pensam que esse versículo é de difícil interpretação, afirmando que tão somente Paulo esclareceu que um poder ou algo está detendo o homem do pecado, até que chegue o tempo para que ele se revele ao mundo. Nesse caso, optam para que ninguém seja dogmático na interpretação desse versículo.
Por Osiel Gomes.
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