Haja paz em Jerusalém

Haja paz em Jerusalém

Em 14 de maio, foi comemorado o aniversário da independência ou formação do Estado de Israel. Para alguns, o nascimento. Para os que têm maior zelo com a História Antiga e com as Sagradas Escrituras, o renascimento.

Foi precisamente em 14 de maio de 1948 que David Ben Gurion, depois de assinar a Declaração de Independência de Israel, proclamou a criação do Estado israelita. Em novembro de 1947, em seção presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, a Organização das Nações Unidas (ONU) havia aprovado a criação do Estado judeu, junto com o Estado da Palestina, dividindo, assim, o território. Contudo, os líderes árabes não aceitaram. Começou então ali o que por décadas tem sido uma constante naquela região: conflitos e guerras esporádicos naquela que deveria ser a “habitação da paz”, Jerusalém.

Os árabes palestinos alegam que, antes do sionismo (movimento de estímulo ao retorno dos judeus à sua antiga terra, desenvolvido no final do século XIX e início do século XX), o domínio do território era deles. Por outro lado, os judeus alegam o seu direito histórico/milenar na região, devidamente registrado na História Antiga e associado aos antigos impérios assírio, babilônico, medo-persa, grego e romano. As fontes históricas associadas a tais impérios apontam tanto para a existência de Israel como para sua ligação com aquela terra. Além do mais, a história secular não deixa mentir que competiu ao Rei Davi a fundação da cidade de Jerusalém, conquistada dos jebuseus cerca de 1000 a.C. (2 Samuel 5), razão pela qual ela é historicamente chamada de “A Cidade do Rei Davi”.

É importante lembrar que, mesmo com a Grande Diáspora, ocorrida no ano 70 d.C. após a destruição de Jerusalém pelo general Tito, o que causou a maior dispersão histórica dos judeus de sua terra, sempre houve um pequeno remanescente judeu, seja na cidade santa ou nos arredores dela; fosse no período bizantino, fosse no árabe, nas cruzadas medievais ou o no período otomano.

A Segunda Guerra Mundial, que teve no nazifascismo a sua figura vilã e cruel, provocou a morte sangrenta de mais de seis milhões de judeus. Isso influenciou, já no período pós-guerra, um posicionamento favorável à criação do Estado de Israel por parte da maioria das nações que compunham, na época, a ONU, que havia sido recentemente criada. O dia 14 de maio de 1948, tão significativo, tanto do ponto de vista histórico como também do cumprimento das Escrituras, teve no seu “pós” sucessivos conflitos e guerras naquela região, que têm se estendido até os dias atuais.

A Guerra dos Seis Dias, em 1967, permitiu a Israel um considerável alargamento do território. Já a Guerra do Yon Kippur (1973) foi um forte contra-ataque dos palestinos e das forças aliadas contra Israel. O período da chamada Guerra Fria, que existiu entre o bloco comunista, liderado pela antiga União Soviética, e os Estados Unidos, fez com que houvesse um dualismo de influências naquela região do Oriente Médio. A URSS apoiou os palestinos e os EUA apoiaram Israel. No final da década de 80, com a abertura da chamada “cortina de ferro” e a queda do muro de Berlim, observou-se um novo desenho internacional. Nestes últimos anos, temos acompanhado diversos esforços para que haja um entendimento e acordo de paz naquela região. Tais acordos até duram algum tempo, mas depois surgem novos conflitos, como um dos mais recentes, onde o Hamas, que domina a Faixa de Gaza, promovendo ataques terroristas, atirou mísseis sobre Israel, o que fez com que Israel se defendesse e revidasse com o seu potencial bélico.

Diante desse quadro histórico, percebemos o quanto a Palavra de Deus é viva e eficaz, e sua mensagem profética nunca falha. O conhecido versículo 6 do Salmo 122, que nos recomenda orar pela paz de Jerusalém, continua soando como um clamor atual: “Orai pela paz de Jerusalém! Prosperarão aqueles que te amam”.

Embora saibamos que o Messias já veio, o que caracterizou a plenitude dos tempos (Gálatas 4.4), e que a maioria dos judeus O rejeitou (João 1.11,12); que a lei era sombra (Colossenses 2.17) e aio (Gálatas 3.24); que o Evangelho da graça é a revelação do plano da salvação (Efésios 2.8); que todos, judeus ou gentios, para serem salvos, precisam ser lavados pelo sangue de Jesus (Atos 4.12; Apocalipse 22.14); que a Igreja de Cristo não pode ficar judaizando a sua doutrina; todavia, quando observamos com zelo a doutrina bíblica, tanto a vétero quanto a neotestamentária, percebemos que Deus ainda tem promessas a serem cumpridas com o remanescente fiel desse povo, o que se cumprirá no tempo escatológico. O Senhor Jesus Cristo disse que os judeus não mais O veriam até o dia em que dirão “Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mateus 23.37-39). Ora, esses versículos, além de mostrarem que no futuro todos os judeus irão reconhecer em Jesus o seu Messias e Salvador, também nos deixam claro que haverá judeus na sua terra nessa época. O apóstolo Paulo, em Romanos 11, deixa claro que Deus não rejeitou para sempre o Seu povo. Vejam bem: Paulo está referindo-se aos israelitas, dizendo que Deus não rejeitou para sempre o “Seu” povo. Sabemos que o povo legítimo por quem Deus fala hoje é a Igreja, todavia, no futuro, Deus vai restaurar a aliança e fará um concerto, em Cristo, com os remanescentes dos filhos de Abraão e Davi. Daí cumprir-se-á aquele lindo hino da Harpa Cristã, que diz: “Quando o povo israelita com Jesus se concertar, dando glórias ao seu nome sem cessar...” (Harpa Cristã, hino 3).

Sabemos, portanto, que a cidade da paz só terá a verdadeira paz quando reinar sobre ela o Príncipe da paz (Isaías 9.6), o Rei e Messias de Israel.

Concluo lembrando o capítulo primeiro do livro de Atos dos Apóstolos, quando Jesus Cristo orientou os discípulos a não se ausentarem de Jerusalém para que fossem revestidos do poder do Espírito Santo. Daí os discípulos perguntaram se seria naquele tempo que Jesus Cristo restauraria o reino a Israel. Jesus poderia dizer que não existiria mais o cumprimento desse reino messiânico, mas não foi isso que Ele respondeu. Ele disse apenas que não competia a eles saberem os tempos ou estações que o Pai reservou à Sua autoridade, e que o mais importante para eles naquele momento era receberem o poder do Espírito Santo para pregarem o Evangelho (Atos 1.4-8). Esse princípio serve para nós ainda hoje: devemos receber o poder de Deus e pregar o Evangelho da graça a toda criatura, crendo que Deus vai cumprir todas as promessas descritas na Sua Palavra.

Quanto à Jerusalém, oremos pela sua paz. Oremos pelos judeus, para que reconheçam em Jesus o seu Messias e Salvador. Oremos pelos cristãos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Israel. Oremos pela salvação dos palestinos. Oremos pela paz da terra santa, mas, acima de tudo, nunca nos esqueçamos de abençoar aqueles “de quem é a adoção, e a glória, e os pactos, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas; de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne” (Romanos 9.4,5). Deus nos abençoe!

Por Cláudio César Laurindo da Silva.

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