Quem eram os nicolaítas e quais as obras deles odiadas pelo Senhor?

Quem eram os nicolaítas e quais as obras deles odiadas pelo Senhor?

Qual a melhor compreensão do texto bíblico que fala sobre esse grupo e sobre as suas obras (Apocalipse 2.1-7), odiadas também pela Igreja de Éfeso?

Em Apocalipse 2.1-7, percebemos que a comunidade de Éfeso se mantinha firme na doutrina, porém pecava pela ausência de amor e de fervor espiritual. Foi nesse contexto de elogios, repreensão e chamamento ao arrependimento que aparece no texto de Apocalipse 2 um elogio dado por Jesus que merece uma análise mais cuidadosa: “Tens contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio” (Apocalipse 2.6). Mas, afinal, qual era essa terrível obra odiada até mesmo pelo Senhor Jesus? E quem eram esses “nicolaítas”? Será possível retroceder e conhecê-los? Analisaremos essas e outras questões a seguir.

A primeira referência aos nicolaítas é apresentada no texto de Apocalipse 2.6, já a segunda é apresentada como “Doutrina dos Nicolaítas” em Apocalipse 2.15. Contudo, a real natureza do que era ensinado por esse grupo ainda é uma incógnita, existindo diversas possibilidades (LADD, 2020). Pelo menos três possibilidades são consideradas por teólogos sobre o tema; contudo, em razão do espaço, apresentaremos apenas aquela que consideramos a mais realística. O grupo estava ligado às práticas também identificadas como doutrinas de Balaão (Apocalipse 2.14,15) e a de Jezabel (Apocalipse 2.20-23), conforme defende Grant Osborne (2014). Champlin (2014), em sua enciclopédia, após analisar as diversas posições sobre esse tema, conclui, como nós, que a posição mais coerente é a que identifica os nicolaítas com os seguidores de Balaão apresentados em Apocalipse 2.15, sendo possivelmente um grupo gnóstico dado às práticas imorais e sexualmente ilícitas. Essa é também a posição de John MarcArthur (2010, p. 1781) ao afirmar que “essa heresia era semelhante ao ensino de Balãao (vv.14,15)”.

Considerando que essa seja a posição mais adequada, pode-se deduzir que as práticas desse grupo envolviam a dominação do povo (gr. Nikolaites = dominador do povo), a fim de que se entregassem às práticas imorais e às tentações sexuais (WALVOORD, 2012). Clemente de Alexandria (apud MACARTHUR, p. 1781) afirmava que “eles se entregavam ao prazer como cabritos, levando uma vida de autoindulgência”. Vê-se que os nicolaítas agiam como animais, entregando-se aos seus desejos e convencendo muitos a segui-los; afinal, em uma cidade como Éfeso, onde a promiscuidade era notória, essa seria uma doutrina facilmente abraçada.

Devemos ressaltar que sobre esse tipo de licenciosidade o próprio Jesus disse que “eu também odeio” (gr. kago miso). A Igreja de Éfeso, ainda que morna na fé, mantinha uma forte base doutrinária, combatendo e rejeitando as doutrinas que o próprio Senhor odiava e continua odiando. Esse é um bom a exemplo para a Igreja do século XXI, pois aquilo que o Senhor odeia deve ser igualmente expurgado do meio da Igreja e Cristo. Não há comunhão entre a luz e as trevas.

Referências Bibliográficas

CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 4. São Paulo: Hagnos, 2015. 

LADD, Geroge. Apocalipse: introdução e comentário. 15ª Reimp. São Paulo: Vida Nova, 2020.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo. Barueri-SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2010

PENTECOST, J. Dwight. Manual de escatologia: uma análise dos eventos futuros. Editora Vida, 2017.

PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F; et ali. Dicionário Bíblico Wycliffe. 11ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2014.

WALVOORD, John F. Todas as profecias da Bíblia. 5ª Reimp. São Paulo: Vida, 2012.

Por Jefferson Rodrigues.

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