Permita o Senhor tirar o Egito de sua alma

Permita o Senhor tirar o Egito de sua alma

Durante a sua trajetória para Canaã, o povo israelita se deparou com vários desafios e obstáculos a transpor. Porém, o maior de todos não foi o deserto ou os exércitos das nações inimigas que os hebreus tiveram que enfrentar, mas a rebeldia contra o Altíssimo e os homens escolhidos por Ele para liderar a nação: Moisés e Arão. A insatisfação daquelas pessoas foi registrada em inúmeras ocasiões, inclusive ao manifestar a intenção de retornar ao país do cativeiro, conforme lemos em Números 11.4-6. A principal reclamação girava em torno da falta de comida abundante.

De um ponto de vista puramente humano e material, os israelitas teriam razão, se não tivessem um Deus Todo-Poderoso para socorrê-los, o qual sempre os socorria e não os exterminou, apesar da rebeldia deles, devido à intercessão ousada de Moisés, que suplicou ao Eterno por misericórdia para os rebeldes em face da aliança feita com os patriarcas da nação, conforme já ocorrido no episódio da adoração ao bezerro de ouro: “Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa semente como as estrelas dos céus e darei à vossa semente toda esta terra, de que tenho dito, para que a possuam por herança eternamente. Então, o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo” (Êxodo 32.13, 14).
Todavia, as manifestações da glória de Deus não fizeram com que o povo abandonasse a desobediência e passasse a adorar ao Senhor com inteireza de coração, pois, logo que surgiam as adversidades, eles cometiam o pecado da murmuração. Desde a saída do Egito, quando o exército de Faraó os perseguiu, vemos isso: “E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirar de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizestes isto, que nos tens tirado do Egito? Não é esta a palavra que te temos falado no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto” (Êxodo 14.11, 12).

Para alcançar a Terra Prometida, seria necessário experimentar as agruras da travessia do deserto, sendo provados a cada dificuldade a fim de ser comprovada a sua fidelidade ao Eterno, no qual foi reprovada toda aquela geração que saiu do Egito, à exceção de Josué e Calebe, os quais, indubitavelmente, acreditaram na providência divina que os levaria à Canaã. Eles creram que todos os percalços enfrentados na jornada seriam desfeitos, culminando na derrota dos cananeus, mesmo que estes fossem gigantes, o que, para o povo, instigado pelos 10 espias incrédulos, poderia culminar na morte ou aprisionamento das mulheres e crianças, de maneira que mais uma vez murmuraram e desejaram voltar ao Egito: “E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito?” (Números 14.3).

Fazendo um paralelo com a igreja, existe em muitos crentes uma “saudade do Egito”, ou seja, algo que os prende a desejos do mundo, dos quais ainda não foram libertos. Mesmo já pertencendo ao rol de membros de uma igreja, esses irmãos ou praticam ou sentem desejo de praticar alguma ação que contraria a Palavra de Deus. O que para os antigos israelitas eram os alimentos do Egito hoje podem ser práticas como ir a festas mundanas e manter vícios, hábitos ou comportamentos que não condizem com a vida de um cristão verdadeiro.

Mas, quais seriam, então, os fatores preponderantes para um cristão ter saudades do “Egito” espiritual? Com base nas Escrituras, afirmamos ser a falta de uma conversão genuína e a carnalidade. O que podemos comprovar em 1 Coríntios 2 e 3, onde o apóstolo Paulo classifica os três tipos de pessoas. O primeiro é o homem natural: aquele que ainda não foi regenerado, não é convertido de fato e, por este motivo, mesmo que frequente cultos, está preso ao sistema maligno através de suas ações e pensamentos vis. O segundo é o carnal: imaturo espiritual, mesmo que não tenha prazer nas coisas do mundo, se deixa levar pela velha natureza e, assim como o homem natural, precisa ser liberto também. Já o terceiro é o espiritual: o crente ideal; apesar de não ser infalível ou imune às tentações, demonstra a sua condição de nova criatura por intermédio de suas atitudes e posicionamentos contrários ao domínio do império das trevas, pois “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17).

Cada membro da Igreja é um peregrino nesta terra e, assim, como os israelitas, tiveram que superar as dificuldades e tentações, os cristãos precisam vencê-las através da fidelidade ao Senhor Jesus, obedecendo a Palavra de Deus e mantendo a comunhão com o Corpo de Cristo, representado em cada igreja local. Ainda na Terra, o Senhor alertou aos discípulos: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16.33b). É este mundo e Satanás, que o domina, que são os grandes inimigos da Igreja desde os tempos apostólicos até o Arrebatamento, lutando incessantemente para a queda de cada crente a fim de que o fiel perca a sua salvação e não chegue à meta de alcançar a Canaã Celestial e habitar com o Salvador eternamente.

Para que Deus possa tirar completamente o Egito da nossa alma, sigamos a advertência bíblica: “Deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hebreus 12.1b, 2).

Por Paulo Silas Belém da Silva.

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