Fragmentos do Antigo Testamento achados em Israel

Maior descoberta desde Qumram traz porções dos profetas menores

Em 16 de março [2021], foi divulgada a mais importante descoberta arqueológica de manuscritos bíblicos desde a descoberta dos rolos de Qumram em 1947. No Deserto de Judá, território que se estende entre o Estado de Israel e a Cisjordânia, graças a uma complexa operação de escavação conduzida pela Israel Antiquities Authority (Autoridade de Antiguidades de Israel), foram achados novos fragmentos de manuscritos bíblicos que datam de 2 mil anos. Trata-se de escritos principalmente em grego e que contêm fragmentos dos doze profetas menores, principalmente dos livros dos profetas Zacarias e Naum.

A escavação também revelou um esconderijo de moedas raras da época de Bar-Kokhba, o líder judeu que entre 132 e 135 d.C. liderou uma revolta contra os romanos; um esqueleto de criança de 6 mil anos, provavelmente do sexo feminino, envolto em um pano e mumificado; e uma grande cesta intacta que remonta há 10,5 mil anos, provavelmente a mais antiga do mundo. Simplesmente, é até agora o mais rico patrimônio encontrado dentre os que foram depositados nas cavernas do Deserto de Judá durante as grandes revoltas anti-romanas do povo judeu.

De acordo com Marcello Fidanzio, professor de Ambiente Bíblico da Faculdade de Teologia de Lugano e Diretor do Instituto de Arqueologia e Cultura das Terras Bíblicas, sobre a extensão desta sensacional descoberta, “durante as revoltas, alguns refugiados encontraram abrigo nas cavernas, porque eram perseguidos pelos romanos. No caso específico, estamos nos referindo a uma caverna com um nome dramático, chamada Caverna dos Horrores”, explicou o especialista em entrevista ao Vatican News, que deu a notícia em primeira mão. Ele explica a razão do nome: “Ali morreram de fome e sede cerca de 40 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Para este local, durante a fuga, eles levaram alguns de seus objetos mais preciosos: pertences, utensílios da vida cotidiana e textos escritos – documentos e textos bíblicos”.

A missão arqueológica da Autoridade de Antiguidades de Israel, iniciada em 2017, revelou 20 pequenos fragmentos de pergaminhos bíblicos. “Depois das grandes descobertas dos anos 40 e 50, especialmente em Qumran e no Deserto da Judéia, nada semelhante havia sido registrado novamente em relação a textos bíblicos. Achados de tamanha importância reacendem a emoção dos pesquisadores”, afirma Fidanzio. “É um patrimônio que ninguém imaginava que pudesse existir, uma nova página na história das escavações arqueológicas. Agora, os envolvidos nos trabalhos se perguntam se esta é a última etapa de uma série de descobertas ou é um indicador de novas possibilidades a serem investigadas. Por isso, naturalmente interessa muito a nós, apaixonados pela Bíblia, mas também interessa muito aos israelenses, que destacam como essas pesquisas estão ligadas à sua identidade, à história de sua presença na terra de Israel. Não sem razão, portanto, a Autoridade de Antiguidades de Israel deu ênfase especial à campanha de escavações”, afirma Fidanzio.

Entre as tantas características advindas do estudo desses fragmentos, emerge um detalhe: no texto grego, as quatro letras impronunciáveis   do nome de Deus são escritas na língua paleo-hebraica, a antiga escrita que era usada na época do Primeiro Templo (até 586 a.C.). “Já havia naquela época, como nos pergaminhos usados   na época de Jesus, um grande respeito pelo Nome de Deus, que não era pronunciado. Escrevê-lo fazendo recurso a outro alfabeto é uma estratégia do escriba que visa induzir o leitor a concentrar a atenção nessas letras. Ou seja, é um ponto do texto que exige grande respeito e sacralidade”, conclui Fidanzio.

(Com informações da Vatican News Service).

Compartilhe este artigo com seus amigos.