É verdade que só morreremos no dia certo?

É verdade que só morreremos no dia certo?

Segundo a Bíblia, é correto afirmar que a morte só chega em um dia determinado?

Segundo algumas correntes teológicas cristãs, Deus determinou todos os eventos humanos por meio de decretos eternos. Dentro dessa visão doutrinária, todos os detalhes da vida já estão preestabelecidos, inclusive o dia da nossa morte. Todavia, nas Assembleias de Deus, que é adepta do Arminianismo Clássico, não abraçamos esse pensamento. Essa visão fatalista e determinista é propagada pela vertente mais rígida do calvinismo e de outros grupos agostinianos. O fatalismo e o determinismo são ideias bem populares e também estão presentes em religiões não-cristãs, como é o caso do Islamismo e do Hinduísmo. Os deterministas acreditam que tudo já estava escrito – desde o café que você tomou nesta manhã até a cor da roupa que você está vestido.

Tanto o fatalismo como o determinismo expressam a mesma linha de pensamento. O fatalismo é a crença segundo a qual os acontecimentos são fixados com antecedência pelo destino ou por uma divindade. Segundo o Dicionário Houaiss, o determinismo é o princípio filosófico “segundo o qual tudo no universo, até mesmo a vontade humana, está submetido a leis necessárias e imutáveis, de tal forma que o comportamento humano está totalmente pré-determinado pela natureza, e o sentimento de liberdade não passa de uma ilusão subjetiva”.

Muitos textos bíblicos parecem apoiar a visão determinista. No Salmo 139.16, por exemplo, o salmista diz: “Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia” (NVI, grifo meu). A grande dificuldade que muitos intérpretes possuem com textos como esse é porque não entendem a “força de expressão” vívida da cultura hebraica. Entre os hebreus, o simples conhecimento prévio de Deus era colocado em termos absolutos. Ao lermos “determinismo” nesses textos, estamos, na verdade, transportando a cultura grega para a cultura hebraica. Na narrativa das Escrituras, Deus é o tempo todo apresentado como um artesão divino e amoroso que está ocupado com todos os detalhes de sua obra, isto é, o próprio homem. No pensamento hebraico, diferente do pensamento grego, não havia espaço para a ideia de determinismo inflexível e marionetes. Deus é um artesão que ama, não um demiurgo. É um artesão que produz vida, mas não um criador de máquinas.

Deus conhece o dia da nossa morte, mas não necessariamente determina esse dia. O texto mais eloquente contra a ideia de que o dia da nossa morte já está determinado está em Isaías 38.1-8. Na história, o rei Ezequias, que estava gravemente doente, recebeu a sentença de morte, mas, diante do seu arrependimento, Deus acrescentou mais quinze anos em sua vida: “Ouvi a sua oração e vi as suas lágrimas. Acrescentarei quinze anos à sua vida” (v.5 – NAA), disse Deus através de Isaías. O mesmo aconteceu com Nínive, a cidade que estava condenada à morte, mas que se arrependeu diante da pregação do relutante profeta: “Deus viu o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus mudou de ideia quanto ao mal que tinha dito que lhes faria e não o fez” (Jonas 3.10 – NAA). As nossas ações diárias mudam o nosso futuro o tempo todo.

Por Gutierres Fernandes Siqueira.

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