Podemos ser “a noiva” – “Noiva” é uma linguagem bÃblica que indica o povo amado do Senhor, unido a Ele por uma aliança eterna;
Podemos igualmente ser “aquele que ouve” – Os que têm acesso à Verdade e, portanto, a oportunidade de mudar suas vidas ao abraçar esta Palavra pela fé;
Podemos também ser “aquele que tem sede” – Há uma sede em toda pessoa. A condição humana impõe tantas carências: temos sede de significado para a vida, sede de sentido para a realidade toda, sede de segurança, de afirmação, de pertencimento. O autor Guimaraes Rosa reconhece: “o sertão é dentro da gente”. De fato, há dentro de cada um de nós uma busca incessante por saciedade, satisfação, água viva – uma sede desértica insaciável. É assim desde que o pecado entrou no mundo e mudou a natureza das coisas.
Deus criou o homem para pertencer a Ele e encontrar nEle a satisfação e o sentido de sua existência, mas o homem, ao dar as costas ao seu Criador, introduziu uma enxurrada de destruições, debilidades e descaminhos. Com o afastamento do homem de seu Criador, surgem as crises sociais, familiares, existenciais e até climáticas. A origem de todos os males é a tentativa do homem de ser independente dAquele do qual depende toda a sua felicidade e seu bem.
A ausência de Deus deixou um vazio que persegue cada indivÃduo, sem trégua. É uma lacuna tamanha que só pode ser preenchida pelo próprio Deus. Essa sede pode matar a pessoa aos poucos, enquanto tenta saciá-la em outras fontes: o sexo, as drogas, as posses, as ideologias e filosofias que tudo prometem. Porém, essas coisas nada podem entregar. São prazeres ilusórios, como cisternas rotas, que não retêm água.
Lembro-me de meu avô, um imigrante português muito pobre que fugiu do regime de Salazar e construiu uma vida bem-sucedida no Brasil. Lembro de ouvi-lo lamentar: “Por que não consigo ser feliz?”. Ele venceu desertos fora de si, mas nenhum dinheiro no mundo pode saciar o deserto interior.
A boa notÃcia de Apocalipse 22 é que essa sede não é irremediável. Ela pode ser saciada, hoje e agora, de graça! A verdadeira fonte de vida e alegria eternas (João 15.1), o manancial de água pura e perene (Jeremias 2.13), hoje convida: “Aquele que tem sede venha!”
O que se espera da “noiva” e “daquele que ouve”? Que anseiem pelo Noivo, Jesus Cristo, que sacia a sede da alma e faz brotar rios de água viva donde antes só havia sertão. O que se espera daquele que reconhece sua sede? Que venha ao encontro do Único que a pode saciar: Jesus, o Filho de Deus.
O papel da noiva é ansiar pelo Noivo (dizendo a Ele: “Vem!”), enquanto o Noivo anseia por receber o sedento (dizendo a ele: “Vem!”).
Para receber de graça a água da vida, basta querer e vir. Querer é um ato da vontade; vir é uma decisão de fé.
Para transpor a sequidão, para deixar a aridez da culpa, do medo, da vergonha, da solidão, e conhecer um transbordar de alegria e paz definitivas que nada nem ninguém poderá roubar, basta crer na promessa feita pelo Senhor: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (João 7.37,38).
Um dia a nossa festa acaba, se apagam as luzes e quem nos cerca se vai. O poeta Carlos Drummond resumiu esse senso incapacitante de abandono em seu poema “E agora, José?”. Na solidão do nosso deserto, quando nada mais restar, para onde iremos?
Não um José, mas um Pedro deu a resposta-chave para a inquietação fundamental da condição humana: não é um lugar para onde ir, mas uma pessoa a quem recorrer. Em Jesus temos saciada a nossa sede. Em Jesus, somos satisfeitos, plenos, transbordantes. “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6.68).
Por causa de Jesus, não precisamos definhar no sertão que há dentro de nós. Desde que Ele veio, na plenitude dos tempos, a história da humanidade segue um novo curso, apontado pela Lei, profetizado pelos profetas, cantados pelos salmos, registrado pelos Evangelhos, anunciado pela Noiva: Deus nos criou, o pecado nos deformou, mas Cristo nos reformou! Deus nos gerou, o pecado nos degenerou, mas Cristo nos regenerou!
Resta, pois, vir e se saciar em Cristo. Ele, e somente Ele, é a videira verdadeira, a fonte inesgotável, a solução de Deus para todas as nossas necessidades. É Ele mesmo quem convida: “Venha!”
Por, Glória Cruz.
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