Retorno da família à mesa

Retorno da família à mesa

A família, instituição criada por Deus, é o principal meio social humano. Por isso mesmo é chamada de célula máter da sociedade. Ela é essencial na formação do caráter de uma criança, no cuidado com o idoso, na construção de um lar para onde os adultos, depois de um dia cheio e turbulento, almejam voltar.

A sociedade é um grande conjunto de famílias. Ela reflete o que tem sobressaído dentro das casas que a compõem. Podemos ver que muitos comportamentos problemáticos têm se repetido com frequência e por cada vez mais indivíduos. Portanto, a sociedade reflete a crescente desestruturação no seio familiar.

Já a Igreja é a instituição que deve brilhar em meio à escuridão social em que vivemos. Se ela é o Corpo de Cristo, então deve fazer total diferença no mundo, que está debaixo do poder do Maligno (1 João 5.19). Porém, a igreja também é composta por famílias, e para que ela realmente brilhe e traga esperança, as famílias precisam estar bem estruturadas.

Infelizmente, muitos acham que basta casar, ter filhos e irem juntos ao templo; apresentar à igreja e à sociedade uma família digna de um quadro. Todavia, o que realmente importa é se aquela família está, de fato, bem. Todos os indivíduos que a integram, com exceção das crianças, têm sua parcela de responsabilidade na manutenção da harmonia familiar. Sem dúvida, é dos adultos a maior parte. E para contribuir com o estabelecimento do bem-estar na família, a proposta hoje é que façamos um retorno à mesa.

Devemos voltar a compartilhar o mesmo ambiente durante as refeições. A mesa precisa receber o devido valor. Não podemos permitir que a vida urbana estressante e acelerada nos roube preciosos momentos com a família. Temos que construir memórias que nos lembrem do quanto é importante dividir a refeição e a vida com quem amamos. Nada substitui a experiência da comunhão familiar, do partilhar do pão enquanto se dá atenção ao outro, da conversa olho no olho, de saber que, ainda que lá fora o mundo esteja de cabeça para baixo, aqui dentro temos com quem contar.

Devi Titus, uma das conferencistas cristãs mais reconhecidas dos Estados Unidos, alerta para o perigo da perda de valores fundamentais quando a mesa não é priorizada. E, pensando bem, é ali mesmo que podemos, descontraidamente, ensinar e reforçar princípios essenciais para uma vida que glorifica a Deus. Como ela gosta de dizer, “se é no lar  que o coração se forma, então  é à mesa que ele se conecta”. A  conexão é algo fundamental para  os relacionamentos. Mas quando  se fala em conectar atualmente,  o primeiro pensamento é a tão  disputada rede wi-fi.

A internet é incrível! Podemos conhecer o mundo todo por meio dela. No entanto, pode se tornar maldição e destruir relacionamentos. Casais que pouco se olham e pouco conversam, adolescentes que preferem o mundo virtual à realidade de suas casas, crianças que ficam presas ao tablet, seja por necessidade ou conveniência. Aos poucos, estratégias malignas vão ganhando espaço em lares cristãos e a conexão entre marido e mulher e entre pais e filhos vai sendo minada.

A  mesa  deve  ser  um  local  atrativo em nossas casas, não apenas pela comida, mas pela afetividade gerada. Deve ser um lugar acolhedor, onde todos se sintam à vontade para compartilhar a vida, contar como se sente, “jogar conversa fora”. Colocar em prática momentos assim pode evitar que alguém se sinta solitário, desprotegido ou preterido. Isso é mais importante do que parece, pois quando os laços afetivos são fortalecidos, há menos chance de que os integrantes da família se afastem emocionalmente.

Na Alemanha, uma socióloga, depois de realizar uma pesquisa com 300 famílias, concluiu que uma das melhores terapias familiares é a comunicação em volta da mesa. Ângela Keppler constatou que as famílias que têm esse hábito possuem melhores relacionamentos entre si. Já nos Estados Unidos, em um Centro de Dependência e Abuso de Drogas, a constatação foi que, quanto mais o hábito da família à mesa é reforçado, há menos probabilidade de os filhos iniciarem a vida sexual precocemente, fumarem, beberem ou usarem entorpecentes, bem como ficarem deprimidos ou se envolverem em brigas. Com toda certeza, momentos de comunhão contribuem para que a comunicação seja real nas famílias. E é preciso dar atenção especial a isso, pois a falta de comunicação pode fazer a chama das relações diminuírem drasticamente.

Pesquisas em vários outros países  também  mostram  que  esse momento especial à mesa ajuda na organização social, na imposição de limites, no enriquecimento das relações interpessoais e até mesmo na diversificação do vocabulário. Mas há algo que, impreterivelmente, não pode faltar: a presença de Jesus! Os ensinamentos bíblicos devem ser compartilhados de todas as formas e em todos os momentos: “Que todas estas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração! Tu as ensinarás com todo o zelo e perseverança a teus filhos. Conversarás sobre as Escrituras quando estiveres sentado em tua casa, quando estiveres andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares” (Deuteronômio 6.6, 7).

Jesus ensinou muitas vezes enquanto comia com algumas pessoas. Os discípulos desfrutaram de excelentes momentos com Cristo ao redor de uma mesa. Muito do que era segredo e do que era sagrado foi ali compartilhado. Em certa casa, enquanto eles saboreavam uma boa refeição, Jesus ensinou o quanto um coração que reconhece o valor de ser perdoado pode expressar maior gratidão e amor (Lucas 7.37-47). Portanto, é urgente que o maravilhoso hábito de fazer refeições junto com a família ao redor de uma mesa seja resgatado. Que os olhares se encontrem com mais frequência, que o interesse pela vida do outro seja real e que os corações verdadeiramente se conectem. Que Jesus esteja sempre presente e os Seus ensinamentos sejam aplicados à vida diária de cada membro da nossa família. E que nós sejamos os promotores desses momentos em nossos lares, provocando intencionalmente o fortalecimento dos laços familiares e a glorificação do nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Por, Tatiane de Souza.

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