A sabedoria de Salomão era uma inteligência fora do comum?

A sabedoria de Salomão era uma inteligência fora do comum?

A Bíblia dá conta de que Salomão foi o homem mais sábio, mas que tipo de sabedoria era essa? Ela possuía uma inteligência fora do comum? (1 Reis 3.12).

Ainda que conhecimento, inteligência e sabedoria estejam interligados em suas manifestações, essas manifestações do psiquê humano possuem características bem próprias que nos convém definir aqui.

Inteligência é uma palavra originada do latim intelligere, consistindo da junção do prefixo inter (“entre”) com legere (“escolha”), o que pode ser definido como a capacidade de cada indivíduo escolher acertadamente entre as opções que lhe são apresentadas. Existem múltiplas formas e graus de inteligência, seja no campo da linguística (facilidade de falar mais de um idioma), da música (sensibilidade para ouvir, cantar e tocar), da expressão motora (facilidade com números, cálculos e execução de tarefas complexas) e da área interpessoal (ativos e comunicativos).

Conhecimento, por sua vez, é a capacidade do ser humano de observar ao seu redor e expressar em ideias as suas conclusões. O conhecimento se adquire por meio de experiências, pela razão e ato de pensar, pelas informações dos nossos cinco sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato) e ainda através da ciência, que, baseada na razão e provas, transmite de forma racional um fato. O grau de conhecimento depende das oportunidades e da exposição cultural a que cada indivíduo foi submetido em sua vida: país e cidade que nasceu, educação familiar, escolas e professores que teve etc.

Já a sabedoria, diferentemente da inteligência e do conhecimento, que podem ser adquiridos naturalmente, é uma dádiva divina (Salmos 111.10: 1 Coríntios 12.8), sendo o próprio Deus a fonte de toda sabedoria (Provérbios 2.6; Tiago 1.5). Sabedoria é uma virtude espiritual que traz entendimento para lidar e aplicar a inteligência e o conhecimento de forma adequada. Pessoas sem sabedoria e apenas com conhecimento e inteligência correm o risco de não serem bem sucedidos na vida e em seus relacionamentos por falta de saberem como aplicá-los, tornando-se, assim, pessoas egoístas, orgulhosas e pretensiosas.

O monarca israelita era o 10º de um grupo de 17 filhos de Davi (2 Samuel 3.2-5; 5.13-16) e nada indica que ele possuísse um QI (Quociente de Inteligência) que se destacasse de seus irmãos. Ele veio a ser o cumprimento da promessa de Deus feita a Davi, antes mesmo de seu nascimento (2 Samuel 7.12-14). A razão de sua sabedoria extraordinária, que o fez ser o homem mais sábio deste mundo com exceção de Jesus (Mateus 12.42), está na sua oração em resposta à proposição divina: “Pede o que queres que eu te dê”. De forma humilde, Salomão pediu duas coisas para Deus: sabedoria e conhecimento, que lhes foram concedidos (1 Crônicas 1.7-12). Portanto, todas as suas ações, começando pelo julgamento da causa de duas mulheres, bem como os 3 mil provérbios e 1.005 cânticos que compôs (1 Reis 3.16; 4.32), não são manifestações de uma inteligência privilegiada. Antes, foram resultados da sabedoria e do conhecimento concedidos por Deus. Ele não tinha uma inteligência fora do comum. Salomão era um homem comum, com uma inteligência e conhecimento similar aos de seus irmãos, até interessar-se, buscar e receber sabedoria e conhecimento da parte de Deus.

Por, Sérgio Bastian.

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