A teologia a serviço do enfrentamento das heresias nos últimos tempos

A teologia a serviço do enfrentamento das heresias nos últimos tempos

Estamos diante de um crescimento exponencial das religiões em um mundo em que paradoxalmente a ciência e a tecnologia avançam drasticamente. Vejamos isso no Brasil. A nação brasileira continua notoriamente aberta às questões espirituais, conforme o último censo oficial emitido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. O relatório mostrou que 85% dos brasileiros se declarou cristão (católico, protestante, espírita e demais religiões consideradas cristãs, “seitas”), 7% de outras religiões não-cristãs e 8% da população se declarou “sem religião” (agnóstico ou ateu). Informações não oficiais dizem que o Brasil é o 2º país mais religioso do mundo. É o país mais católico e espírita de todo o planeta, e o 3º país mais protestante, mormonista e em número de Testemunhas de Jeová que se conhece. Ele é também um dos países mais pentecostais e uma das nações com maior sincretismo religioso do mundo. Essa mistura de religiões e práticas aumenta o desafio da evangelização, pois gera uma confusão sobre quem é Jesus. Um povo religioso como o brasileiro inventou muitos cristos” e tem dificuldade em entender do que se está falando quando é evangelizado.

Como se não bastasse, soma-se a isso o “fenômeno” hodierno do evangelicalismo nominal, que cresce assustadoramente. Trata-se do modismo cristão dos “desigrejados”, chamados pelo censo IBGE de “sem vínculo denominacional e classe não determinada”. Entre os censos de 2000 e 2010, foi o grupo evangélico que mais evoluiu numericamente, chegando a 780 % de crescimento no Brasil em dez anos. Esse percentual é ainda mais expressivo quando comparado com o crescimento dos demais evangélicos no mesmo período, que foi de cerca de 61 %. Claro que dentro desse percentual também se encontramos “desviados”, que o censo não detalhou. Tudo isso é mais um forte indicador do fim dos tempos e, para compreendermos isso melhor, vejamos alguns termos correlacionados a essa temática.

Compreendendo melhor os termos

Heresia – Do grego “hairesis”, que significa opinião escolhida, seleção e preferência. A Bíblia se refere a ela em 2 Pedro 2.1 e Judas v. 4, e dá conta de que é uma obra da carne (Gálatas 5.20). Seus idealizadores, fundadores e líderes são comumente denominados heresiarcas. Seus seguidores são os adeptos e sua organização é conhecida como “seita”.

Novas heresias ou mais do mesmo? (Eclesiastes 1.9) – Por vezes parece que um novo conceito teológico está sendo introduzido no cristianismo hodierno, sendo radicado por uma seita ou mesmo um modismo nas próprias fileiras da igreja evangélica. Porém, acontece geralmente que a “nova” teoria é, na verdade, uma velha heresia, ou seja, uma interpretação que já foi testada no passado e rejeitada como sendo não-bíblica (2 Coríntios 11.13-15)1. Essas seitas usam agressividade missionária, atacam as igrejas genuinamente cristãs e seus credos ortodoxos, além de treinarem seus adeptos a “pescar no aquário”. Eles sentem muitíssimo prazer nesse proselitismo sectário e desleal.

Teologia e Apologia – Ainda hoje ouvimos certas pessoas dizerem: “Não me interesso por Teologia, apenas desejo conhecer a Bíblia”. Tal pessoa não sabe que o santo livro é teológico. Teologia significa “O estudo de Deus”. A descrição bíblica da divindade é Teologia. Tudo aquilo que nós cremos a respeito de Deus faz parte de nossa Teologia. Até o lema “Jesus Salva” constitui uma declaração teológica. E a apologia é um desdobramento da Teologia.

A teologia a serviço da defesa da fé desde o início da Era Cristã até hoje – Cerca de um terço do Novo Testamento se ocupa em fazer apologética. A Teologia, enquanto sistematização do conhecimento bíblico, se estruturou como resposta aos desafios impostos pelas heresias. Quando lemos a Bíblia, o seu conteúdo nos orienta a usar a Teologia através da apologética. Vejamos o texto de 1 Pedro 3.15 (ARA)2: ... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. O compromisso de responder aqui no grego é ἀπολογίαν (apologían), é “fazer a defesa, dar resposta, argumento raciocina do”3. Portanto, o Senhor ordenou essa defesa da fé, que é, portanto, um dever cristão (2 Coríntios 10.4b,5; Filipenses 1.7,16; Colossenses 2.3,4).

A Teologia no enfrentamento das heresias – A apologética é Teologia prática em sua essência, contudo alguns teólogos recentemente a tem classificado dentro de um ramo mais específico denominado de “teologia aplicada”, por se tratar de uma teologia de contato e interação com pessoas de outras crenças.

De acordo com Craig (2008)4, a importância da teologia apologética reside em algumas razões principais: 1) fortalecer os crentes em Cristo; 2) defender o rebanho de lobos cruéis (Atos 20.29); e 3) ser um meio de evangelizar, pois os adeptos das seitas são um grupo ainda não alcançado. Por falta do exercício da teologia exegética, diversos heresiarcas têm surgido com interpretações bíblicas absurdas. Também é preciso lembrar que boa parte dos ensinos heréticos dizem respeito à Escatologia, sendo justamente a Teologia Bíblica aquela que irá mais uma vez oferecer as respostas sobre essa genuína doutrina das últimas coisas.

Apostasia e Heresia – um sinal do fim dos tempos escatológicos – A Escatologia é sobre como o fim altera o nosso presente. O pastor Antonio Gilberto (2000)5 escreveu que existe um tipo de doutrina produzida por demônios atuando no fim dos tempos (1 Timóteo 4.1-5; Mateus 13.19; 2 Pedro 3.16). Há, pois, demônios cuja atividade não é espalhar violência e outros males ostensivos, mas ocupar-se com o ensino maléfico, falso, errôneo, enganoso”.

Por conseguinte, a proliferação de religiões falsas, o aparecimento de falsos messias, mestres e profetas, o surgimento acelerado e intenso de modismos cristãos, o renascimento e avanço generalizado do ocultismo e a secularização do Evangelho são sinais latentes do fim. A apostasia e o indiferentismo espiritual, bem como o espírito de desobediência, anarquia e a escalada galopante da feitiçaria em roupagem diferente fazem parte do preparo final do mundo para o cenário do governo do Anticristo (2 Tessalonicenses 2.3; Lucas 17.26-30; 18.18b), uma vez que o seu governo mundial incluirá a “religião” e a utilizará apoiado pelo Falso Profeta. Sem dúvidas, a apostasia é mais um sinal marcante desse fim dos tempos e precisamos urgentemente pregar e trabalhar para Jesus enquanto é dia, pois a noite vem aí! (João 9.4).

“Muitos são os que vão expirando sem ter esperança de ver Deus; vai depressa lhes anunciando que Jesus os leva para os céus” (Harpa Cristã, hino 127).

NOTAS

1 SMEETON, Donald D. A igreja: do Pentecostes à Reforma. FAETAD. Manual de Estudos Global University. Campinas: 2003. 1ª Edição em inglês, Springfield, Missouri, USA: 1985, pp. 86-95.
2 ARA – Tradução Bíblica de Almeida Revista e Atualizada.
3 STRONG, James. Dicionário e Léxico Grego-Português – 1 Pedro 3.15 – Software TheWord.
4 CRAIG, William Lane. Reasonable FaithChristian truthandapologetics. Thirdedition. Ilinois: Crosway Books, 2008, pp. 15-25.
5 GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. 26ª Edição. RJ: CPAD, 2000. pp. 92,93.

Por, Adriano de Castro Sebben.

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