Um olhar sobre os cedros do Líbano

Foi afinal confirmada a autoria do atentado que, em 2005, matou o ex-primeiro-ministro do Líbano Hafik Hariri. À análise feita pelo Tribunal Especial daquele país, única instância da ONU criada para julgar um atentado terrorista, revelou que a bomba acionada no momento em que a comitiva de carros passava diante de um hotel fora instalada pelos quatro terroristas do Hezbollah responsáveis pela operação. A prisão do grupo foi pedida de imediato, o que revela uma mudança ousada no comportamento dos líderes desse tipo de investigação, uma vez que o perigo os cerca de perto, e leva, muitas vezes, a um postergamento ou mesmo ao esquecimento de tragédias semelhantes – um dos chefes de investigações do mesmo caso, Wissam Eid, foi morto num atentado em 2008.

Empresário bem relacionado com o Ocidente, investidor em seu país, Hariri foi pessoa importante para o crescimento do Líbano principalmente após a guerra civil que o devastou e que se estendeu de 1975 a 1990. Opôs-se seriamente à presença militar da Síria (desde 1976), embora não tenha, em vida, conseguido a sua retirada. Somente após sua morte, com a repercussão internacional do atentado e uma onda de protestos populares, houve a remoção das tropas sírias do Líbano. Seu filho, embora tendo alcançado o posto de primeiro-ministro, não resistiu à pressão do Hezbollah, deixando o cargo que seria ocupado pelo atual premier Najib Mikati. Esse tem com a Síria laços de amizade e cooperação no sentido de ajudar a recuperar “as terras ocupadas por Israel”, para isso negando-se a conter o poderio bélico-religioso de seus países. Um governo controlado pelo Hezbollah é, em última instância, um governo contra Israel.

Uma leitura atenta ao livro de Deuteronômio, capítulo 1, versículos 7-8 revela a inclusão dessas terras mais ao norte no âmbito da promessa feita por Deus a Abraão, Isaque e Jacó. O Reverendo Thomas L. Gilmer, em seu livreto Líbano, Israel tem direito?, lança luzes sobre o assunto e declara: “Um dia, Israel vai habitar toda a terra que Deus prometeu”. Cita, em seguira, os profetas Zacarias e Isaías: “E fortalecerei a casa de Judá, e salvarei a casa de José; e tornarei a plantá-los, porque me apiedei deles; e serão como se os não tivera rejeitado, porque eu sou o Senhor seu Deus. Eu os ouvirei… Porque eu os farei voltar da terra do Egito, e os congregarei da Assíria, e trá-los-ei à terra de Gileade e do Líbano; e não se achará lugar para eles… Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo consuma os cedros” (Zacarias 10:6,10; 11.1) “Porventura não se converterá o Líbano, num breve momento, em campo fértil? E o campo fértil não se reputará por um bosque?” (Isaías 29.17). E prossegue: “Deus ama os libaneses, mas isto não muda o plano que Ele tem para Israel no Líbano. Devemos ter a mesma atitude dos cristãos do Líbano e apoiar Israel na sua conquista, ao invés de condená-lo. Podemos apoiá-lo espiritualmente, através da oração; e moralmente, procurando formar a opinião pública a favor de Israel, utilizando a Bíblia como nossa base”.

Base bíblica, expressão hoje muito usada em diferentes circunstâncias, é, no seu sentido de verificação teológica cuidadosa, filtro que nos faz passar pelas armadilhas da mídia internacional contra Israel sem nos enredarmos. Paulo ensinou aos romanos que Deus não rejeitou seu povo e que o seu endurecimento deve durar apenas até a entrada da plenitude dos gentios (Romanos 11). Afinal, os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.

O Líbano fez parte das orações de Moisés, que clamou “Rogo-te que me deixes passar, para que veja esta boa terra que está além do Jordão, esta boa montanha e o Líbano” (Deuteronômio 3.25); não tendo, porém, a obtenção da bênção pedida devido à sua atitude diante da rocha. No entanto, apesar da clareza das indicações bíblicas, não é incomum ver os termos da terra prometida ignorados, tanto no sentido horizontal (do rio do Egito ao Eufrates) quanto no vertical, que inclui o desejo de Moisés e as terras da peregrinação de Abraão, conforme Gênesis 28.4. É compreensível a incredulidade quando pensamos nos limites nacionais e num possível e prolongado embate que levaria à realização da promessa. A fé, porém, não está baseada em circunstâncias. Nenhuma elaboração racional poderia levar ao que foi a criação do Estado Judeu e, mais uma vez, honramos aqueles pregoeiros fiéis da Palavra que não deixaram de crer e proclamar a existência de um lar nacional judaico quando nada apontava para isso. Tinham a guiá-los somente as Sagradas Escrituras e nelas permaneceram firmes. Criar situações e fazer a Palavra cumprir-se é assunto que somente cabe ao zeloso Senhor. A nós cabe crer e não nos deixar levar por uma insidiosa tentativa de buscar o “politicamente correto”.

O entendimento literal do texto não nos impede, no entanto, de tomar as expressões proféticas como acenos daquilo que Deus fará no Líbano. Afinal, “não se converterá o Líbano, num breve momento, em campo fértil”. Se há campo fértil, há que se ter em abundância boa semente. Com campo e semente, como se impedirá a semeadura e a colheita? O próprio Senhor dos montes altos e das fontes das águas que abastecem aquelas terras abençoadas repreenda as aves dos céus e a força sufocante dos espinhos e nos conceda, para crescimento do Reino e Sua glória através da Igreja, os mais abundantes molhos. Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo do evangelho consuma a dureza dos corações. Abre, ó Líbano, as tuas portas para Deus.

Por, Sara Alice Cavalcante.

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