No Evangelho Segundo João 8.32, podemos conferir as palavras de Jesus quando Ele afirma claramente: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, versículo alentador ao coração de todos os que militam no santo ensino — e haja dedicação, exorta o Espírito, o Mesmo que acena aos tais com a recompensa futura. O drama real, nesse caso, é de outra ordem. Ainda que o conhecimento seja declarado como de grande valor ele, por si só, não liberta. O registro joanino não nos diz que conheceremos a verdade e que esse conhecimento nos libertará. À grande influência grega que pesa sobre nós, tecendo nossa vida escolar, permeando a priorização que fazemos das coisas (a ponto de declararmos mortos aqueles que sofreram a chamada “morte cerebral”, e de muitos considerarem de pouco valor a vida de uma criança anencéfala, quando Deus nos diz que a vida está no sangue, e não no cérebro, torna difícil compreender o que o apóstolo nos revela. Conhecimento, mesmo o conhecimento da verdade, não liberta.
Jesus estava plenamente isento de responder à pergunta que lhe fizera Pilatos. Filosoficamente falando, são da maior importância as perguntas, em detrimento das respostas. Uma pergunta mal formulada não merece alcançar resposta. Pilatos deveria, se pudesse, refazer a questão. Tivesse ele perguntado “quem é a verdade?” e talvez ouvisse o Senhor repetir Seu sublime nome e fazer ecoar no coração do governador a excelência que Ele possui.
A Verdade é uma pessoa e todo o conhecimento que o homem possa reunir sobre essa divina Pessoa não haverá de libertá-lo. O papel dos ensinadores é proceder um insistente cerimonial de apresentação, estimulando cada um a estabelecer o contato e a aliança remidora. Pudesse o conhecimento libertar e os céus encheriam-se das vozes em coro dos fariseus e saduceus, dos pensadores mais profundos e de meditativos gurus. Os intelectuais bem dotados, privilegiados nessa forma de salvação, comporiam o povo do Senhor.
O povo judeu ama o conhecimento e essa é uma generalização possível pelo testemunho das mães judias estimulando seus filhos na busca pela instrução, nos homens e mulheres insatisfeitos com os diplomas alcançados, sem medo de novos desafios, lançando-se ao aprendizado mesmo em idade avançada. O amor é ainda visto nas calorosas discussões nas “Yeshivot", nos cafés, nos lares, nas ruas. Todavia, se a falta de conhecimento que não resulta em transformação pessoal através da revelação da pessoa de Jesus embaraça o caminhos da mente — e a mente pecaminosa ama a ficção que justifica seus erros e ensina a fugir do confronto com Aquele que pode, sim, salvar — a saber, o Senhor Verdade.
Por, Sara Alice Cavalcante.
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