O que ocorre quando não perdoamos

"É verdade que o não perdoar pode causar até mesmo enfermidades físicas na vida das pessoas?"

Se pedir perdão não é tão fácil, mais difícil ainda é perdoar a quem nos ofende. À natureza humana, tendente à soberba, não se encurva com facilidade para perdoar. Há pessoas que morrem mas não perdoam seus ofensores.

O esposo precisa saber perdoar a esposa; a esposa precisa saber perdoar o esposo; o filho precisa saber perdoar os pais e vice-versa; irmãos precisam perdoar uns aos outros. É mandamento bíblico (Colossenses 3.11-13).

Existem, ainda, aspectos que devem ser considerados quando sofremos alguma ofensa: uma pessoa ofendida tende a tornar-se amargurada; as feridas interiores podem crescer dentro do ofendido; e doenças emocionais e físicas podem aparecer e evoluir  até à morte da pessoa.

Para que essas reações não aconteçam, o que fazer como cristãos? Jesus, no Evangelho de Mateus 18.15-17, indica os passos que devemos seguir quando somos ofendidos por um irmão.

Há pessoas que dizem: “Perdoo, mas não esqueço”. Quem diz isso, na verdade, está querendo dizer que não perdoou.

Quando oramos o Pai Nosso, dizemos: “Perdoa as nossas dívidas (ofensas), assim como nós perdoamos aos nossos devedores (ofensores)”, Mateus 6.12. Queremos ser perdoados da mesma forma que perdoamos os outros? Muitos estão selando sua culpa com essa oração. Se queremos que Deus nos perdoe, precisamos esquecer a ofensa, perdoando o ofensor.

Deus perdoa e esquece! Lemos em Jeremias 31.34: “..porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”. Ora, como pode ser isso? Deus é onisciente e não se lembra de algo? Na verdade, o versículo quer dizer que Deus não mais derramara juízo sobre o pecador que se arrependeu, pois a lembrança do faro não tem mais efeito negativo, porque Deus já perdoou a pessoa. Assim também, nós devemos perdoar de verdade. Quando isso acontece, a lembrança do fato não nos incomoda mais, pois ficamos livres do aguilhão da ira. O amor inunda o coração. Somente com o fruto do Espírito, especificamente a longanimidade, isso é possível.

Quando uma pessoa não perdoa, o seu coração se transforma num depósito de tristeza, ódio e até sentimento de vingança. Tudo isso tem um preço muito alto — a conhecida tensão emocional. Esta é inimiga da saúde humana. Segundo doutor McMillen, dentre as muitas enfermidades provocadas pela tensão emocional, estão as seguintes: “Úlceras do estômago e intestinos; colite; pressão alta; problemas no coração; apoplexia; arteriosclerose; distúrbios mentais; papeira; doenças renais; cefalalgia; diabetes; artrite e outras”.

A Bíblia tem a receita para evitarmos tudo isso. Em Efésios 4.26, está escrito: “Irai-vos e não pequeis. Não se ponha o sol  sobre a vossa ira”. Jesus, em Mateus 5.44, disse: “Amai vossos inimigos; bendizei aos que vos maldizem; Fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”. Importante também é sempre lembrar da mensagem de Hebreus 12.15, não dando lugar à “raiz de amargura”.

O perdão verdadeiro sara as feridas interiores, trazendo alívio e paz ao coração. O ofensor só está livre da culpa, quando faz sua parte, pedindo perdão a Deus e a quem ofendeu. O ofendido, tendo perdoado antecipadamente, fica livre do peso do ressentimento.

O perdão verdadeiro dá saúde à alma, à mente, ao coração e ao corpo, restabelecendo o equilíbrio mente-corpo. Deus é glorificado e o inimigo é derrotado, quando há o perdão verdadeiro.

Devemos perdoar sempre (Mateus 18.21-22), garantindo respostas às nossas orações (Marcos 11.25). É necessário ainda examinar-se a si  mesmo, pois quem não perdoa não pode orar o Pai Nosso (Mateus 6.12).

O cristão deve ser imitador de Cristo, que, não tendo ofendido a ninguém, mas sofrendo todas às afrontas, perdoou aos que lhe feriam. Lá, na cruz, sofrendo a maior injustiça, em vez de condenar, exclamou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, Lucas 23.34. E foi por causa do perdão divino que alcançamos a salvação, com todas bênçãos que Deus reservou para nós, incluindo a vida eterna. Que o Senhor nos ajude a saber pedir perdão e a saber perdoar.

Por, Elinaldo Renovato de Lima.

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