Jerusalém e os evangélicos

Jerusalém e os evangélicos

Jerusalém, a disputada e reverenciada capital do moderno Estado de Israel, milenarmente abrigada nas antigas e pedregosas colinas da Judéia, a 50 quilômetros do mar mediterrâneo, tem sido ao longo dos séculos, objeto focal da criação de imaginários. À mente humana produziu e interpretou muito a respeito dessa cidade. Cada pedra sua está impregnada de muitas histórias, poesias, cânticos e conflitos. Jerusalém é continuamente citada pelos antigos profetas bíblicos, glorificada pela liturgia monoteísta em geral e pela literatura religiosa e secular. Cantada pelos poetas e cantores em todas as gerações, foi o centro dos cultos, leis, profecias e revelações do único Deus, o que faz dessa cidade a única a influenciar as esperanças de mais de 3 bilhões de pessoas.

Conquistada por muitos e herdeira de uma milenar religiosidade, foi o local do primeiro Templo e práticas exclusivas do culto à YHWH. Segundo as Sagradas Escrituras, é o lugar escolhido por Deus que, transformado e mitificado pelos homens, tornou-se o local mais sagrado para o Ocidente e grande parte do Oriente, uma cidade com história, espírito, memória e promessas sem igual. Em um êxtase de exaltação à cidade, o Talmud Babilônico declara: “Dez medidas de beleza foram concedidas ao mundo; nove foram tomadas por Jerusalém, e uma pelo resto do mundo” (Tratado Kidushin 49b). Jerusalém sempre atraiu os que têm fé. É incrível como pessoas das três religiões monoteístas — Judaísmo, Cristianismo e Islamismo — a veneram.

É conhecida como a cidade da paz, embora a paz não faça parte do seu currículo. Até 1967, uma grande muralha separava o lado ocidental do oriental. Embora a muralha não exista mais, as velhas animosidades persistem. Atualmente, a cidade sagrada é formada por quatro bairros: um judeu, um católico, um armênio e outro muçulmano. As velhas ruas mantêm viva a lembrança de promessas, esperanças escatológicas, murmúrios contínuos de incessantes e insistentes orações e marcas indeléveis de sua rica e dramática história.

O impressionante é que Jerusalém não possui pontos militares estratégicos, não possui vantagens comerciais, nem industriais, nem recursos naturais abundantes, além de uma posição geográfica nada privilegiada do ponto de vista econômico. No entanto, ali encontra-se a mais persistente forma de culto monoteísta, uma fervorosa devoção de mais de 3 mil anos, com marcas vivas de várias civilizações deixadas umas sobre as outras, civilizações que dedicaram a essa cidade um extremo fascínio. Os antigos acreditavam que Jerusalém era o centro do mundo. Por incrível que pareça, mesmo não desfrutando de uma realidade geográfica favorável, mas sendo apenas uma cidade pequena e distante, ela afetou as mentes e os corações dos homens de tal maneira que é a única cidade do mundo que recebeu tal apreço nos últimos 3 mil anos de história. Não é Roma, nem Atenas, nem Istambul, nem muito menos Londres, Paris, Nova York ou qualquer outra grande cidade do passado e do presente. É Jerusalém.

Os judeus declaram que Jerusalém é o seu eterno lar, é o centro da sua vida espiritual, local onde o rei Salomão construiu o majestoso Templo ao Deus único, portanto o local mais sagrado da face da Terra. Ali, ainda hoje, está o Muro Oriental ou das Lamentações, resquício do segundo Templo construído por Herodes há 2 mil anos. O Salmo 137.5-6 declara: “Se eu esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-te a minha destra da tua destreza. Apegue-se a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir, Jerusalém à minha maior alegria”. Também os versos da famosa cantora e compositora judia Naomi Shemer sintetizam a ligação umbilical do povo de Israel com a cidade santa: “Teu nome está para sempre em meus lábios como o beijo de um Serafim, se eu te esquecer, cidade dourada, Jerusalém de ouro. Ó Jerusalém de ouro, de cobre e de luz...”

Para os cristãos também é um lugar especial, porque ali o Filho de Deus, Jesus Cristo, apresentou Suas credenciais de Messias, viveu, andou, ensinou Seus discípulos, carregou a cruz, foi crucificado para a redenção da humanidade e ressuscitou ao terceiro dia. No ano 629 d.C, após os católicos recuperarem Jerusalém dos Persas, o fervoroso monge Sofrônio, que viria ser patriarca de Jerusalém em 633, expressou a devoção por essa cidade: “Ó Tumba luminosa, és o mar da vida eterna, e o verdadeiro rio do Esquecimento. Prostrado, beijo esta pedra, o centro sagrado do mundo, onde se fixou a árvore que afastou a maldição da árvore [de Adão) [...] Salve, Sião, esplêndido sol do mundo, por quem anseio e padeço dia e noite” (Anacreônticos, Canto 20, PPTS, vol. 11, p.30). Agora, como evangélicos, almejamos, claro, mais do que tudo, à Jerusalém celeste! Como afirma um hino da Harpa Cristã: “Jerusalém, mansão de luz, Jerusalém de meu Jesus! Cidade que para nós fez Deus; eterna glória para os filhos seus” (Harpa Cristã, cântico 494, CPAD). Foi em Jerusalém que o Senhor Jesus ressuscitou e ascendeu aos céus, e é ali que descerá com a Sua Igreja (Atos 1).

Recentemente, os evangélicos tiveram um importante papel em favor de Israel para que a ONU declarasse que “Sionismo não é racismo”. Os evangélicos participaram ativamente de um enorme abaixo assinado, que foi passado em todos os seus templos espalhados no Brasil e assinado fervorosamente pelos fiéis demonstrando sua postura política favorável a Jerusalém judaica e ao retorno dos judeus para a sua terra. Jerusalém é alvo contínuo de oração: “Orai pela Paz de Jerusalém” (Salmos 122.6).

Por, Alberto Alves Fonseca.

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