Um apelo à prática da oração

Um apelo à prática da oração

Parece irônico fazer um apelo aos crentes para que eles venham a realizar o que deveria ser algo rotineiro e  um dever: falar com Deus. Muito provavelmente, cristãos de toda parte exerceriam com mais naturalidade a sua fé caso orassem com certa frequência ou, melhor ainda, se a oração de fato fizesse parte essencial de suas vidas em tempo integral. É real a necessidade de convocá-los ao ato, de denunciarmos a negligência e evidenciarmos a urgência, por isso vamos considerar algumas interrogações e, a partir delas, refletir sobre a oração.

Para começar, podemos responder à seguinte pergunta: “A oração é importante?”. Imagino que uma resposta rápida e positiva já tenha passado por seus pensamentos. Mas, vamos pensar no porquê de sua importância. Primeiro, claro, é o fato de ser o meio de comunicação com o Pai. Por meio dela, podemos falar com o Senhor no Céu. Segundo, porque Jesus orava constantemente. Para nós, seus seguidores, o modo de vida do Filho de Deus é o nosso ideal, devemos persegui-lo diariamente. Logo, a constância na oração deve fazer parte de nossas vidas. Terceiro, a sua relevância está exposta nas Escrituras, especialmente no Novo Testamento. Em sua Carta, Tiago destaca que devemos orar uns pelos outros e que a oração é poderosa e eficaz. Pedro incentiva a nos dedicarmos à oração porque o fim está próximo. Paulo sempre orava pelos leitores de suas cartas e os incentivava a orar sem cessar. E para finalizar nossa lista, que poderia ser bem maior, vamos acrescentar os Salmos, pois estes são repletos de louvores e orações. No 30 Salmo, Davi clama: “Senhor, tem compaixão de mim, seja o meu auxílio”. E no 50, ele suplica: “Cria em mim um coração puro”. Depois de todos esses exemplos, podemos concluir que a oração é essencialmente importante para a vida do crente. 

Agora, vamos pensar sobre o seguinte questionamento: “Pelo que orar?”. Bem, a oração é uma conversa com o Pai, e Ele nos ama e deseja que Lhe apresentemos todas as nossas preocupações (1 Pedro 5.7). Ele mesmo nos chama: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jeremias 33.3). Podemos falar com Deus sobre tudo, desde assuntos gerais como um pedido pelos cristãos de todo o mundo, como algo muito particular guardado em nosso coração. Podemos contar-Lhe como foi nosso dia e pedir que abençoe a noite que se segue. Ele não nos recriminaria se nos lançássemos aos Seus pés com profundo lamento, como fizeram Jeremias e Davi. Através da oração, devemos apresentar ao Senhor a nossa vida em todas as esferas, reconhecendo-O como verdadeiro Senhor. É essencial orarmos para confessar os nossos pecados e solicitar força para não mais cometê-los. O pecado obstrui nosso relacionamento como Pai e confessá-lo em sincera atitude de arrependimento dissipa a culpa, a vergonha e o medo. 

Peçamos por fé e por discernimento, para ter a capacidade de enxergar o lado bom das situações e das pessoas. Oremos pelos líderes da igreja, da comunidade e da nação. Outra parte importante da oração é agradecer. Paulo disse que devemos ser gratos em todas as ocasiões. Agradeçamos, então, pelo dia bom e pelo dia mal; pela alegria de cada conquista e pela dor que nos torna mais humildes. Que tenhamos sempre um espírito de gratidão ao  falarmos com o Senhor e estejamos cientes de que podemos conversar com Ele sobre qualquer coisa. 

Uma pergunta que muitas pessoas se fazem é: “Por que orar se Deus já sabe de tudo?”. É verdade, Ele sabe. Mas a oração não é sobre contar coisas para Deus, é sobre cultivar um relacionamento com Ele, é sobre um filho se tornar cada vez mais amigo de seu Pai. Quando dedicamos tempo à oração, estamos a reconhecer nossa necessidade e dependência do Senhor e também demonstramos que é importante para nós passar tempo com Ele. Deus está presente e espera que desfrutemos desta presença que traz paz, consolo, ânimo e força. Seu desejo de relacionar-se com os Seus filhos é tão verdadeiro que Ele providenciou o Espírito Santo para que, nos momentos de intensa aflição, quando nos furta as palavras, Ele ore por nós.

A onisciência divina não é um empecilho para nós. Ao contrário, esse atributo nos oferece segurança. Somos seres carentes e limitados, às vezes até desesperados diante de situações que só conhecemos em parte e cujas consequências nos estão encobertas. Contudo, temos um Pai que desfruta do pleno conhecimento, de quem nada se pode ocultar. E por isso mesmo Ele é o único que pode nos fazer entender alguns acontecimentos, nos livrar do mal iminente e nos guiar para um futuro melhor. Ele sabe de tudo. Como somos abençoados!

A última indagação é: “A oração faz alguma diferença?’ Depois de tudo o que conversamos acima, creio que já podemos dizer que sim. E isso não quer dizer que recebemos tudo o que pedimos. Na verdade, muitas vezes a resposta para as orações que fazemos é “não”. Porém, mesmo quando não alcançamos o que desejamos, algumas coisas podem acontecer enquanto oramos. A oração tem o poder de transformar quem ora. Por exemplo, ao insistirmos diante de Deus que transforme alguém, nós mesmos podemos ser transformados porque, quanto mais tempo passamos com Ele, mais parecidos nos tornamos. De tanto apresentarmos ao Senhor um coração quebrantado e sincero, passamos a exercer a humildade com maior facilidade. Quando Lhe entregamos a nossa ira e a nossa tristeza, e Lhe confidenciamos nossas fraquezas, recebemos paz, contentamento e renovo.

Caro leitor, os dias são maus e o demônio ainda está procurando a quem possa tragar. A correria e a facilidade tecnológica sugam nossas energias e comprometem nosso tempo. Todavia, nada disso servirá de desculpa, pois, como disse John Piper, “uma das maiores utilidades do Twitter e do Facebook, no último dia, será provar que a falta de oração não era por falta de tempo”. Portanto, a oração será inserida de uma vez por todas em nossas vidas quando a enxergarmos não como um dever, mas como um privilégio. Pois falar com Deus é, na verdade, uma maravilhosa dádiva!

Por, Tatiane de Souza.

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