A operação do Espírito Santo na perspectiva pentecostal - parte 1

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há que de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1.8).

Desde o derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes, muitos crentes foram despertados a buscarem o avivamento, cujo principal resultado em cada época foi a mobilização poderosa de igrejas dando sustentação à evangelização mundial. Não obstante terem ocorrido períodos de esfriamento espiritual ao longo da historia desse movimento, o Espírito sempre operou renovos com consequentes avivamentos em vários países, sem o que a obra missionária teria sucumbido. Daí crermos que “o vento sopra onde quer”, pois ao Senhor Jesus interessa a perenidade dessa promessa, conforme havia declarado: “Quem crê em mim, como diz as Escrituras, rios de água viva correrão do seu ventre”. E dando sequência a esse argumento, o apóstolo João, autor do texto, escreveu: “E isto disse ele do Espírito que haviam de receber” (João 7.38,39).

O derramamento do Espírito Santo não ficou circunscrito aos crentes da igreja do primeiro século como insistem os cessecionistas, pois os fatos atestam que essa sobrenatural operação continua disponível para quantos creem que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Quando Pedro se referiu às palavras da profecia de Joel sobre o evento, afirmando que “a promessa diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a todos quantos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (Atos 2.39), deixou claro que esse poder seria concedido a todos os que cressem e insistentemente o buscassem, até protagonizarem a gloriosa experiência.

Reafirmamos, portanto, que “a promessa” continua disposta para todos os crentes em todos os tempos, e que Jesus continua batizando no Espírito Santo com a evidência física das línguas estranhas, proporcionando, no segmento da operação desse poder, as manifestações dos dons espirituais, a respeito do que somos exortados pelo apóstolo Paulo a não ignorarmos essa verdade e, seguindo o seu conselho, devemos buscar os melhores dons (1 Coríntios 12.1,31).

Compete aos líderes pentecostais a responsabilidade de insistirem com essa mensagem sob pena de desaparecerem os testemunhos de crentes batizados no Espírito Santo e algumas igrejas serem fadadas a ser reconhecidas como “pentecostais históricas”, resultante da omissão desse assunto em suas plenárias, cujos membros remanescentes serão considerados falidos das evidências do poder pentecostal, como aconteceu com várias denominações outrora poderosas que emergiram de respectivos avivamentos ocorridos em suas épocas. É de suma importância admitirmos que o pentecostalismo deve ser tema incessantemente falado e nunca esquecido nos púlpitos, visto que as gerações de crentes se sucedem nas igrejas com o ingresso de novos convertidos somados aos jovens das famílias congregadas, pelo que se requer que os pregadores e ensinadores sejam primariamente portadores do testemunho pessoal desse poder, lembrando que ser cheio do Espírito é importante, porém ser batizado nesse Espírito é uma necessidade preponderante para a membresia de uma igreja pentecostal, pois tal batismo é um poderoso revestimento que estimula os crentes a frequentarem os cultos, evangelizarem e se dedicarem ao serviço na obra do Senhor, além de despertar neles o interesse para consagrarem suas vidas com oração, jejum e aprendizado da Palavra de Deus, bem como poderem entender melhor o que significa santidade e fruto do Espírito.

Cremos que o Espírito Santo dinamiza a igreja com o “poder do Alto”, mas é necessário que os crentes busquem essa experiência com insistência e fé, como fizeram os cristãos primitivos, considerados como exemplos para os demais crentes em todas as gerações, nos dando entender as Escrituras a atualidade da oração do profeta Habacuque feita há muitos séculos: “Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (Habacuque 3.2).

Cremos, portando, que é interesse do Senhor Jesus operar o poder do Espírito Santo nas igrejas; do contrário, não teria declarado “recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós” e tampouco teria cumprido a promessa no Dia de Pentecostes. Concordamos que a obra primária do Espírito Santo é convencer o pecador a se arrepender e aceitar Jesus como Salvador, porém, quando isso acontece, o mesmo Espírito ocupa o coração do nascido de novo guiando o novo crente “em novidade de vida” (Romanos 6.4), se incluindo nessa premissa a necessidade de buscar o batismo com o Espírito Santo. A experiência pessoal e a doutrina pentecostal nos convencem que a mensagem sobre o batismo com o Espírito Santo é sempre atual, não devendo jamais ser esquecida, a exemplo de Paulo em Éfeso, quando perguntou a um grupo de doze varões se já haviam recebido o Espírito Santo. Ouvindo deles que ignoravam o assunto, tomou a iniciativa de ensiná-los e, impondo-lhes as mãos, “veio sobre eles o Espírito Santo; então, falavam línguas e profetizavam” (Atos 19.2-7). Portanto, nós, os pentecostais, providos do sentimento de misericórdia pelos que estão ao nosso alcance e não foram batizados no Espírito Santo, devemos incentivá-los para que busquem esse batismo, crendo que Jesus responde ao interessado por esse poder gerador e promotor do avivamento.

O derramamento do Espírito Santo aconteceu no Dia de Pentecostes figurado como a chuva temporã que o lavrador aguarda depois de lavrar e semear a terra, a qual vem no tempo ou estação própria como chuva que cai antes da chamada estação das águas. A palavra “temporã”, do latim “temporānus”, significa aquilo que ocorre ou se faz no tempo certo. Quanto à chuva serôdia ou tardia, trata-se da que aparece depois do tempo próprio. A palavra é traduzida do latim “serotĭnus”, significando aquilo que vem de pois e faz produzir tardiamente. Contextualizando as figuras das referidas chuvas, concluímos que a chuva temporã aconteceu no Dia de Pentecostes; e na história do Cristianismo, a operação desse poder, com a marca preponderante do batismo no Espírito Santo, teve sequência como chuva serôdia ou tardia que acontece através dos séculos e continuará até a Volta de Jesus, como Ele mesmo disse: “Não vos compete saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”. Portanto, somente a Deus compete a administração dos acontecimentos por Ele estabelecidos, na conformidade dos Seus decretos eternos, cabendo a nós, pentecostais, crer, pregar, ensinar e insistir sobre o batismo como Espírito Santo, pois o ciclo do derramamento desse poder sobrenatural permanece evidente, e só cessará no dia do Arrebatamento da Igreja, o que acontecerá com “alarido e vozes de arcanjos" (1 Tessalonicenses 4.16).

Precisamos manter ativos os momentos de efervescência pentecostal nos nossos cultos, observada a decência e a ordem nas ocasiões. Entre as características de um culto pentecostal, destacam-se as vozes dos crentes louvando e glorificando a Deus com línguas estranhas, assemelhadas ao barulho de muitas águas, ou seja, os crentes pentecostais são “fervorosos no espírito” (Romanos 12.11), vocalizando com glossolalia ou xenolalia, conforme o Espírito Santo concede que sejam faladas, a alegria e o gozo oriundos dos corações aquecidos, dispensando que alguém insinue ou determine como devem proceder, vivenciando dessa forma o que Jesus declarou numa metáfora que “rios de águas vivas correrão do seu interior”. Oportuno dizer que a manifestação das línguas não significa um auditório teatral saturado de exibições humanamente controladas, pois se trata de  expressões pronunciadas espontaneamente, formando um conjunto das vozes dos crentes cheios do Espírito Santo, visto que os pentecostais são espiritualmente dinâmicos, fator que comprova que os tais aderiram a uma das verdades centrais do Cristianismo: a operação do poder do Espírito Santo, a exemplo do que aconteceu com os discípulos de Jesus no primeiro século da Igreja. (Continua na próxima edição)

Por, Kemuel Sotero Pinheiro.

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