A pós-modernidade é particularmente danosa à família e à religião – esta entendida como religação entre o homem e Deus. Após o Iluminismo, o individualismo predomina, buscando impor-se ao que é do interesse da coletividade. No pós-moderno, a família já não é vista como uma instituição divina e os pais perderam muito da autoridade dentro do lar. Os princípios e os valores, principalmente morais e espirituais, vêm sofrendo uma desconstrução influenciada pela mídia. Os valores vêm sendo de tal forma depreciados que no momento atual presenciamos uma disputa entre mulheres e homens pelos papéis na família, espaço de construção do ser humano.
A formação dos filhos
É o lar que provê as necessidades fundamentais para que as crianças sobrevivam e se construam como indivíduos. Ao nascer, o bebê não se percebe distinto da mãe. Qualquer objeto ou pessoa próximo do bebê é sugado avidamente. A transformação de um bebê em um indivíduo é um processo complexo. Casais que constroem organização de papeis (homem e mulher, marido e esposa) mal elaborados fornecem um modelo confuso, dificultando a individualização e a organização pessoal dos filhos.
A convivência com pais e irmãos se configura como modelo para o indivíduo na vida adulta. No lar, as crianças aprendem a dividir e disputar a atenção dos adultos (pais e outros) e desenvolvem princípios, valores e ferramentas emocionais e mentais para sobreviver e construir no futuro uma vida social e profissional bem sucedida. Dividindo, emprestando e tomando brinquedos emprestados ou aguardando a vez de usá-los, por exemplo, a criança está também treinando aptidões indispensáveis à vida adulta.
Adolescentes e mesmo adultos que apresentam disfunção atitudinal podem ter sido filhos únicos ou oriundos de lares disfuncionais como os citados. Não desenvolveram as ferramentas que lhe propiciem o atendimento de suas necessidades sem invadir o espaço do outro.
A Bíblia é rica de biografias de mulheres que mostram um rumo para os tempos atuais, delineando perfis em alguns casos construtivos e, em outros, desconstrutivos no papel dentro da família.
Mães boas e mães más na Bíblia
Eva – Após a estreia desastrosa ao comer o fruto proibido, legou para as mulheres atuais uma herança marcante. Como primeira mulher, ela teve a responsabilidade de passar seu DNA a todos os seres humanos que vivem na Terra. Além disso, Eva elaborou os papéis femininos de como ser esposa, mãe, dona de casa, companheira, além de serva de Deus. Ela sofreu um golpe doloroso com a perda de seus dois primeiros filhos –, Abel, que foi assassinado, e Caim, que, banido da presença de Deus, afastou-se da família e foi viver no deserto de Node (Gênesis 4.11-16). Quando nasceu o terceiro filho, Sete (v.25), Eva louvou a Deus. Não temos muita informação sobre o trabalho de Adão e Eva com Sete, mas deve ter sido bem diferente, pois este foi pai de Enos, que adorava ao Senhor, e avô de Enoque (Gênesis 5.18), o homem que inaugurou a adoração a Deus de forma coletiva.
Raquel e Lia (Gênesis 29 e 30) – Casadas com um homem que buscava as coisas de Deus, elas se tornaram as mães de Israel. Juntas elas deram 12 filhos a Jacó, os quais se tornaram cabeças das tribos israelitas. Apesar da herança maldita do pecado, em geral pela história dos filhos, percebemos o tipo de mães e esposas que foram. São citadas como mulheres que “construíram” a casa de Israel.
Rute, Orfa e Noemi – Estas três mulheres representam uma tríade que engloba as nuances do caráter e da personalidade feminina.
Comecemos por Noemi, a mais velha das três e sogra. Segundo a tradição, Noemi, cujo nome significa “agradável”, “encantadora”, descendia de uma das famílias principais de Israel. Veio a casar-se com Elimeleque (meu Deus é Rei) que era de família próspera e possuidora de terras. Entretanto, Israel vivia um período de seca prolongada, em virtude da sua rebeldia, período esse em que os juízes julgavam o povo. Ao que parece, o auge da seca coincidiu com gestação e nascimento dos filhos. O estado emocional de Noemi e os nomes dados aos filhos – Malon, que significa fraco, doentio, e Quilion, que significa fraqueza, tristeza - são indícios de depressão e um estado de saúde extremamente delicado.
Os filhos se casaram com mulheres moabitas e logo as profecias apregoadas pelos nomes dados a eles se concretizaram, ficando as duas viúvas. É bom atentarmos para os nomes que damos a nossos filhos, pois ao chamarmos por eles, estamos reforçando em suas vidas o seu significado. A solução encontrada foi retornar para suas pátrias, tristes e sós.
Orfa, hesitante, não sabia o que fazer. Acabou voltando para a casa de seus pais. Porém, Rute foi diferente. Ela aprendera sobre o Deus de Israel e sobre suas promessas. Baal, o deus dos moabitas, seu povo de origem, era um deus cruel e sanguinário. Exigia sacrifícios de crianças inocentes e de virgens para lhe aplacar a ira, enquanto o Deus de Israel fazia preciosas e boas promessas ao Seu povo. Rute aprendera a amar e reivindicou o direito que era de seu marido.
Acompanhou Noemi para Israel e cuidou da sogra, com desvelo de filha e Jeovah a acolheu. Rute casou-se com um parente distante de seu marido, tornou-se uma dama honrada e afortunada. O seu bisneto veio a ser o rei mais amado de Israel até hoje. Diferente de Noemi, Rute deu a seu filho o nome Obede, que significa “o servo que adora”. Rute expressava assim sua gratidão, adorando o Deus de Israel. Ela foi abençoada pelos anciãos que impuseram sobre ela a bênção de Lia e Raquel, que edificaram a casa de Jacó.
Lóide e Eunice - Avó e mãe de Timóteo, cujo nome significa “honra a Deus”. O pai de Timóteo foi um homem não judeu, entretanto o zelo da mãe e da avó de investir na sua orientação e ensino cristãos preservou sua vida e permitiu que ele se tornasse um obreiro aplicado e cooperador do apóstolo Paulo. Mais um filho abençoado pelo zelo espiritual e dedicação da mãe.
Conclusão
Não seria justo culpar as mães pelo fracasso dos filhos, embora em alguns casos isso seja real, pois elas de fato podem contribuir positivamente ou negativamente na construção da criança como pessoa. Porém, é certo que filhos são abençoados por terem boas mães que investem em suas vidas. Conheci uma que intercedeu todas as madrugadas pela salvação de sua filha adolescente e rebelde até o dia em que Jesus batizou a mocinha com o Espírito Santo, mudando sua vida. Inspire-se nesses exemplos de fé e seja mais um dentre eles!
Por, Arézia Lessa Cabral.
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