Há alguns cristãos que acreditam que todas as profecias sobre Israel são cumpridas espiritualmente pela Igreja. De acordo com essa teologia, denominada Teologia da Substituição, Israel foi desobediente e perdeu as promessas condicionais de Deus que lhe foram feitas. Assim, Deus substituiu Israel por um novo Israel, um “Israel espiritual” (Gálatas 6.16), conhecido como a Igreja, que cumpre “o novo pacto feito com Israel”.
Ora, em primeiro lugar, os pactos de Deus com Abraão e Davi não
foram condicionais, mas incondicionais (Romanos 11.29).
Em segundo lugar, em nenhum lugar do Novo Testamento a Igreja
é chamada de “Israel Espiritual”. A passagem de Gálatas 6.16, que usa o termo
“Israel de Deus”, esse termo está relacionado à “verdadeira circuncisão” (Filipenses
3.3, NVI) de quem adora a Deus em espírito e não confia na carne. Ambos os
termos significam literalmente judeus que aceitaram Jesus como seu Messias e
vivem em Sua graça, não tentando atingir a Salvação pela mera guarda da lei (Romanos
10.1-4).
Em terceiro lugar, embora a Nova Aliança tenha sido feita com
Israel, seus benefícios não se limitavam aos judeus. Sobre Abraão foi dito que através
dele seriam “benditas todas as famílias da Terra” (Gênesis 12.3). E muitas
vezes os profetas falaram da salvação dos gentios.
Disse Deus pelo intermédio de Amós: “Naquele dia levantarei o
tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas,
restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de
Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o Senhor, que faz estas
coisas”, Amós 9.11,12. Pedro cita esse versículo expressamente em Atos 15.16,17,
e afirma ao citar o final da passagem: “...para que os demais homens busquem o
Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o seu nome” (Atos
15.17).
Em quarto lugar, a Igreja do Novo Testamento (onde judeus e gentios
estão em um corpo espiritual) não foi conhecida no Velho Testamento (Colossenses
1.26-27), “não foi dado a conhecer aos filhos dos homens em outras gerações”,
mas apenas no tempo dos “apóstolos e profetas” do Novo Testamento (Efésios
3.5-6).
Em quinto lugar, o Novo Testamento se refere a um futuro reino
literal de Israel, mesmo depois da época de Cristo. Os discípulos de Jesus perguntaram-lhe quando
Ele iria “restaurar o reino de Israel” (Atos 1.6-8). Mesmo depois do início da
Igreja (em Atos 2), Pedro prometeu aos “homens de Israel” (Atos 3.12) a “restauração
de todas as coisas sobre as quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas
há muito tempo” (Atos 3.21).
Romanos 11 fala do Israel nacional ser restaurado após “a entrada
da plenitude dos gentios” (Romanos 11.25-26). Isso, diz ele, no contexto de
lembrar-lhes que “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Romanos
11.29).
Quanto à Bíblia afirmar que a terra incondicional de Deus e a
promessa de trono a Israel serão cumpridas pela Igreja: É correto que os
crentes recebem os benefícios da salvação espiritual (Romanos 4; Gálatas 3)
prometida aos gentios no Antigo Testamento (Gênesis 12.3; Am 9.11,12), mas
nunca a Bíblia afirma que a promessa irrevogável feita ao Israel nacional será
realizada na Igreja. Essas promessas estão ainda a ser cumpridas no reino milenar
literal de Cristo na Terra (ApoCALIPSE 20.1-6).
por Norman Geisler
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