A arte de conduzir pessoas: um modelo a partir de Moisés

A arte de conduzir pessoas: um modelo a partir de Moisés


Temos um conceito universal de que todo líder verdadeiro recebeu a orientação de um mentor (um indivíduo experiente que guia, encaminha e aconselha, outra pessoa com base em seu conhecimento e experiência adquirida) e, portanto, mentoria pessoas. Decorrente deste conceito, extraímos que em todos os lugares e em todo tempo pessoas estão sendo conduzidas. A presença de um líder ou de uma liderança firme produz um direcionamento nos ambientes diversos, pois todo líder age corrigindo ambientes e pessoas; ou seja, a liderança pode transformar pessoas frágeis e despreparadas em pessoas excelentes. Os líderes, na sua maioria, são guias e condutores.

É quase um senso comum dizer que, sem a presença de uma liderança, “nada” acontece, se desenvolve, melhora, muda ou é feito de forma correta. Toda liderança lida com um ponto extremamente tênue, que diz respeito à problemática que envolve a necessidade de uma transição pela chegada do fim de seu exercício. Nesse sentido, temos a necessidade de imitarmos um modelo. O apóstolo Paulo, no Novo Testamento, nos apresenta um modelo: a Imitatio Christi, isto é, a imitação de Cristo (1 Coríntios 11.1). A palavra “imitação” vem do grego mimesis, de onde extraímos a palavra “mímica”, e tem o sentido de repetição.

No seu êxito, todo líder deve ter uma visão e apresentá-la com clareza aos seus liderados, visando, com isto, alinhar projetos e produzir resultados com eficácia e eficiência. O líder deve sempre produzir uma visão única, gerando unidade de sentidos e propósitos. É uma forma simples e poderosa de inspirar, motivar e engajar pessoas.

A partir do clássico caso de Moisés, no Antigo Testamento, temos um exercício de mentoria que remonta a 3.500 anos (Êxodo 18.1) e que muito nos subsidia no exercício da liderança na atualidade.

A vida de Moisés é conhecida e dividida em três partes: os primeiros 40 anos no Egito; o segundo período, de 40 anos, no deserto; e os últimos 40 anos na condução do povo, que se tornaria a nação de Israel. Além de ser considerado o maior líder pela tradição judaica, ele teve um exercício tríplice de liderança: foi governador, legislador e profeta. O seu mentor foi o seu sogro Jetro, um sacerdote em Midiã (Êxodo 3.1; 18.1-27), o qual o conduziu a uma visão de reestruturação e de governo. Moisés tinha uma liderança centralizadora, vista através do modelo tradicional da administração, um exercício de comando de cima para baixo. Neste modelo, o líder é uma figura isolada e absoluta, tornando-se a peça principal e linha de frente.

A não-delegação passa pelo drama de querer fazer tudo. No caso de Moisés, este tentou liderar o povo sozinho e com pluralidades de funções, pois aconselhava, direcionava e encarregava-se das tarefas concernentes ao governo, mas não se aplicando a uma visão de governo ou regência. A não-delegação é um modelo do líder pelo presenteísmo, ou seja, ele precisa estar presente em tudo. Outro aspecto é que delegar também não é ausentar-se de tudo, pois isso seria um modelo de liderança conhecido como absenteísmo, ou seja, ausência demais. É quando quase nem sempre o líder aparece.

A sabedoria do conselho de Jetro partiu da observação e da oportunidade, pois viu Moisés julgar de forma errada (Êxodo 18.13-17). Jetro lhe indaga “Que é isto que tu fazes ao povo?” (v.14) e lhe diz: “Não é bom o que fazes” (v.17). Jetro aconselha Moisés estabelecendo um planejamento administrativo, visando a uma necessária descentralização, pois quem não delega tem liderança curta e reduzida. A descentralização é um modelo de liderança invertida, onde todos participam e o líder não é mais uma figura isolada e absoluta. Ele é agregador junto ao povo, realizando experimentações incessantes, descobrindo novas pessoas.

A segunda parte do aconselhamento de Jetro para que Moisés pudesse ter êxito em conduzir pessoas foi que ele procurasse pessoas (Êxodo 18.20-22): “E tu, dentre todo o povo, procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez; para que julguem este povo em todo o tempo, e seja que todo negócio grave tragam a ti, mas todo negócio pequeno eles o julguem; assim, a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo”.

O conselho foi: encontre líderes que governem 1.000, 100, 50 e 10 pessoas e julguem as coisas pequenas, e com isso, você ficará com os assuntos mais complexos, árduos (Êxodo 18.26). Deus estava conduzindo Moisés a governar sobre o Seu povo. O conselho de Jetro é carregado de maturidade e vastas experiências: “Ouve agora a minha voz, e Deus será contigo” (Êxodo 18.19). Outro aspecto é que Jetro aconselha Moisés a levar o projeto para apreciação e aprovação divina, justamente pela razão de que não podemos trabalhar com a autossuficiência no Reino de Deus (Provérbios 26.12; 2 Coríntios 10.17,18).

O modelo de Jetro prolongou os dias de liderança e subsidiou a visão de Deus a Moisés quanto à forma de liderar e conduzir pessoas. O relato final é que “Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro e fez tudo quanto tinha dito” (Êxodo 18.24). Ele escolhe homens capazes e os pôs por cabeças sobre o povo (Êxodo 18.25). O líder hebreu aceitou o conselho do sogro. Como citado na Bíblia, “não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança” (Provérbios 11.14). Há sabedoria em muitos conselheiros experientes, pois ninguém tem êxito sozinho na jornada.

por Idail dos Santos Costa

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