Quem está no controle de nossa vida?

Quem está no controle de nossa vida?


A ansiedade tem dominado milhares de pessoas nesses últimos tempos. Independente da orientação religiosa, os seres humanos encontram-se mergulhados em um frenesi constante de esgotamento e estresse. Essa situação, tão corriqueira, tem provocado enfermidades no corpo, alma e espírito. É notável o surgimento do Diabetes, doenças imunossupressoras e as psicossomáticas como consequência da pressão diária. As lutas diárias e a incerteza do amanhã causam pavor e insegurança e esse medo afeta diretamente a vida espiritual do homem. O Maligno encontra-se ativo e não poupa estratégias a fim de implantar a desilusão nos corações. A alma adoece como reação imediata e o sistema emocional sofre abalo. O sinal de alerta é ativado e o corpo começa a refletir o caos. É o nosso cérebro agindo impulsivamente, preparando-se para essas situações adversas.

Essa relação inseparável entre o corpo e a mente produz, por vezes, resultados conflitantes que perturbam o pensamento e afligem o corpo. “O que comeremos, o que beberemos ou com que nos vestiremos?” (Mateus 6.31). O Senhor Jesus comentou acerca dessa preocupação humana: “Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus acrescentou: ‘Portanto eu digo a vocês: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. A vida é mais importante do que a comida, e o corpo, mais do que as roupas. Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves!’” (Lucas 12.22-24). Jesus trazia consolo ao coração ansioso e aflito do homem. A Palavra de Deus é pródiga em passagens nas quais o homem pode encontrar alívio para a sua alma. Vemos dois exemplos no livro de Salmos: “Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma” (Salmo 94.19), “Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e ele te susterá; não permitirá jamais que o justo seja abalado” (Salmo 55.22).

As preocupações com as necessidades dessa vida permeiam a mente humana desde a tenra idade. Hoje, meninos e meninas em fase estudantil preocupam-se com questões consideradas por eles de alta relevância. A ânsia pelo “ter” e a exaltação dos bens materiais, em contrapartida com as impossibilidades de acesso aos desejos impostos pela mídia e sociedade, já na infância, causam sofrimento e desilusão aos pequenos. Na adolescência, essas questões aumentam e geram problemas ainda maiores ao juntarem-se às inseguranças e labores emocionais inerentes dessa idade. E toda essa carga transporta-se para a fase adulta, onde outros desafios aguardam. A vida de muitos se resume em obtenção de bens e conquistas de privilégios e vantagens e quando essas intenções se frustram, as estruturas ficam “abaladas”. Problemas de relacionamento interpessoal também entram nessa lista. São notórios os casos de pessoas que alimentam ressentimentos e negam o perdão. A paz foge dando lugar à inquietude, que por sua vez fere o relacionamento do homem com Deus, despertando dúvidas acerca da veracidade do amor divino. Essa quebra de relacionamento, essa mágoa resultante da falta de comunhão por intermédio das orações, súplicas e ações de graças, coloca o homem numa busca solitária pelo sucesso. A mente fica ocupada com os seguintes dizeres: “Eu preciso resolver isso! Eu preciso conquistar aquilo! Eu, Eu, Eu...”. Mas observe atentamente a exortação do Senhor acerca da inquietação provocada pela falta de fé em Deus. 

“Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4.6-7). Hoje é comum a divulgação de frases assertivas, mas com resultados incertos, na contramão do que nos está proposto, segundo o texto da carta aos filipenses já citado, sobre a garantia da providência divina.

Essa busca alucinada por soluções rápidas que atendam os desejos imprescindíveis ou até mesmo aqueles considerados vaidade humana conduzem o homem a um enfrentamento que não produz resultados e sim, mais desapontamento. Essa obstinação que transforma a vida em uma infindável gama de repetições ao longo de sua existência. Por exemplo: o cristão comparece ao culto dominical, semana após semana, apenas isso ..... mas não existe novidade de vida, nem experiências transformadoras, apenas uma rotina, sistematicamente cumprida, para sustentar uma aparência de cristão inabalável. 

É essa rotina exaustiva de tentativas, que nos mantém presos e cegos para algo novo e eficaz, isto é, uma vida repleta de possibilidades por intermédio da graça salvadora de Cristo (Romanos 6.4; 2 Coríntios 5.17). Podemos conjecturar: “Corro tanto, mas não encontro o que ardentemente busco”. Mas não percebemos que sem Jesus, essa corrida não tem um ponto de chegada. Apenas corremos, sem perspectivas. Caminhar sem Deus é arriscado, incerto e duvidoso. Apesar do empenho de cada pessoa, se não contamos com a presença do Eterno, será inútil. Caminhar com Deus é um ato de confiança. Propor-se a pisar nos passos do Senhor é declaração alta e clara de submissão e entrega, e só podemos fazer isso por meio da fé!

Então, o que é Fé? Segundo Hebreus 11.1, “Fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. Essa confiança possibilita-nos rompermos as amarras que nos prendem a uma falsa perseverança. Aquele posicionamento de roupagem heroica, mas com um interior destruído pela desesperança e incredulidade no Deus provedor.

Troquemos então a tal “perseverança distorcida” pela resiliência que traz em sua definição o conceito de “voltar atrás”. Retroceder em atitudes e pensamentos. Deixar as velhas práticas de sobrevivência para viver as gentilezas de Deus. Aceitarmos o fato de que não podemos sozinhos, vestindo-nos de uma nova conduta, submissa e grata. O reposicionamento é sinal de fé que gera confiança! “Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá” (1 João 5.14). E a Bíblia Sagrada, em sua razão incontestável, destaca a paz de Cristo: – “... e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus” – como presente para aqueles que confiam, como um antídoto para o coração e mente, num mundo tão conturbado, com aflições à espreita.

“Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe...”. Essa confiança gera um canal aberto de comunicação que abre inúmeras possibilidades de bênçãos, provindas do excelso cuidado do Pai – “... e que recompensa aqueles que o buscam”(Hebreus 11.6). Se eu confio, e não o faço de maneira leviana, isto é, sem seriedade, posso provar dos cuidados do Senhor, ainda que não possa vê-los por um breve momento. Coração e mente cientes sobre quem está no controle. Essa confiança nos tira daquela posição de “super crentes” e nos coloca no modo “descansando em Deus”. Esse novo posicionamento não se refere ao comodismo – porque o cuidado de Deus nos traz clareza acerca dos nossos deveres – mas a abnegação do próprio querer, para viver os desejos e propósitos de Deus, que sem dúvida, são melhores do que qualquer idealização humana.

por Susana Cirqueira

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