Segundo o relato de 2 Samuel 7.1,2, nos dias do profeta Samuel, a Arca da Aliança, logo depois de retornar das mãos dos filisteus, foi abrigada durante 20 anos em uma pequena comunidade levítica na cidade de Quiriate-Jearim. Essa cidade era originalmente ligada aos gibeonitas (Josué 9.17), mas acabou se tornando parte do território da Tribo de Judá (Juízes 18.12), situando-se na fronteira com o território da Tribo de Benjamim. Antes de pertencer aos judeus, ela se chamava “Quiriate-Baal”, em uma referência ao principal deus pagão dos cananeus. Porém, após passar para as mãos de Israel, passou a se chamar Quriate-Jearim, que significa “Cidade de Florestas”.
De acordo com a narrativa bíblica, a Arca da Aliança ficou na casa do levita Abinadade e era cuidada pelo seu filho Eleazar, consagrado para isso (1 Samuel 7.1). O território em que ela ficou – que fica a cerca de 12 quilômetros de Jerusalém – é conhecido até hoje em Israel, está situado dentro da cidade árabe-israelense de Abu Gosh e mantém o mesmo nome (Kiryat Ye’arim, que na forma aportuguesada é Quiriate-Jearim), mas o local exato onde a Arca ficou abrigada nesse território era até então desconhecido. Era, porque, no início deste ano, sua possível identificação foi anunciada por especialistas.
Desde agosto de 2017, arqueólogos israelenses e franceses estavam escavando a região à procura de evidências. As buscas os levaram a uma plataforma em um mosteiro católico chamado Deir El-Azar (Eleazar em árabe) e que apresentaria evidências também sobre os reinos-irmãos divididos de Judá e Israel. O pódio, elevado e retangular, foi desenterrado no topo de uma colina. Lembrando que a Bíblia diz que a casa de Abinadabe, onde a Arca ficou, situava-se em um outeiro (1 Samuel 7.1).
Não se pode afirmar com certeza que ela foi colocada sobre essa plataforma, mas, para alguns membros da equipe de escavadores, é bem provável, até porque, segundo a equipe, há evidências no local de que, na época do reino dividido de Israel, no oitavo século a.C., esse local onde está a plataforma foi usado para abrigar um complexo administrativo do Reino de Judá que aparentemente incluía uma espécie de templo. Por que isso? Provavelmente porque aquele lugar era historicamente importante para o povo de Judá. E o que havia de mais importante para esse povo que estivesse ligado à história daquele lugar para que esse complexo com um pequeno templo fosse ali construído? Muito provavelmente o fato de a Arca ter estado ali.
O arqueólogo Israel Finkelstein, da Universidade de Tel Aviv, afirmou à imprensa, por ocasião do início das escavações ano retrasado, que Quiriate-Jearim “é um local grande e central nas colinas de Jerusalém que não foi estudado até agora” e que “pode ser o único local-chave em Judá que não teve uma escavação arqueológica profunda”. Mais de um ano depois, as coisas mudaram e o frutos das primeiras escavações já começam a surgir. Mais achados podem vir dessa escavação nos próximos anos.
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