Sal da Terra e Luz do Mundo

Sal da Terra e Luz do Mundo

Durante a sua prédica que resultou no célebre Sermão do Monte (Mateus 5.1 – 7.29; Lucas 6.20-49) e através das Beatitudes que se seguiram em Sua exposição (Mateus 5.3-12), o Senhor Jesus Cristo expõe o correto significado de vida e de como ela precisa ser vivida. Nesse sentido, esse Sermão não é diretamente voltado para os perdidos, mas, sim, para os servos do Deus Vivo.

Inicialmente o Messias apresenta duas qualidades passivas do caráter cristão, que são a humildade e a mansidão. Ele está apresentando as características do verdadeiro cristão àqueles que já caminham com o Senhor, inicialmente aos Seus discípulos e, por extensão, a todos aqueles que nEle creem (João 1.12): os salvos em Cristo. Por conseguinte, Ele justifica a busca por felicidade e salienta que isso somente poderá ser obtido à medida que o homem se identificar com o Reino de Deus. 

Segundo Martyn Lloyd-Jones em sua obra “Estudos no Sermão do Monte” (1999, p. 138), “o crente não é uma pessoa que vive isolada. Ele está no mundo, embora não pertença ao mundo; e ele mantém certa relação para com o mundo”. Nesse sentido, podemos observar esses dois fatores concomitantes entre si: “Ao crente é recomendado que ele precisa ter uma mente e uma perspectiva diferentes das dos homens deste mundo; todavia, isso jamais significa que ele deve retirar-se da vida ativa deste mundo”. Por isso, manifesta-se comumente o seguinte questionamento na mente dos cristãos: “Qual deve ser, portanto, a relação entre o crente e o mundo?”

A resposta a essa indagação deve ser essencialmente que não podemos evitar a realidade de que estamos no mundo, mas não devemos comungar com as obras infrutuosas das trevas.

Por outro lado, igualmente manifesta-se outro questionamento: “O que cabe a nós fazer a respeito do fato de estarmos no mundo e não pertencermos ao mundo?”

A resposta a essa outra indagação pode ser encontrada nas palavras de Jesus Cristo: “Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5.13-16). Essas palavras encerram uma definição do mundo onde o crente habita. É preciso ser compreendido por nós, servos do Deus Vivo, que este mundo não foi regenerado em Cristo, e que precisamos ser “sal” e “luz” nele. O que isso significa?

A primeira função do elemento primordial que precisa fluir de nossas vidas neste mundo, afirmado por Jesus nessa célebre passagem bíblica, é “salgar”. A função do sal é ser salino, sua grande característica é sua salinidade, que, por conseguinte, fornece sabor ao que é insípido. Segundo as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando ocultamos nossa natureza regenerada, tornamo-nos completamente inúteis.  Precisamos manifestar esse “sal”!

Em sua função primária, o sal preserva da corrupção e evita a degeneração de outros elementos pela sua ação, e exerce também uma função subsidiária que é a de fornecer sabor, impedindo, dessa forma, que os alimentos fiquem insossos. Mas, se o mineral perder a função de salgar, “para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens” (Mateus 5.13).

Há elementos que, como é o exemplo das rosas, enquanto vivas, têm um valor; e mesmo após mortas, também. As rosas, quando vivas, produzem beleza e aroma; mas, depois de mortas, não se tornam explicitamente inúteis, porquanto ainda são utilizadas em misturas perfumistas. Por outro lado, a vida no mundo sem a presença de Deus torna-se insípida. “A doutrina do Evangelho é como o sal; ela é viva, eficaz e penetrante (Hebreus 4.12); ela alcança o coração (Atos 2.37). Ela purifica, dá sabor e conserva a salvo do apodrecimento” (Henry, 2020, p. 48). Destarte, somente os servos de Deus podem salvar a humanidade da corrupção do mundo, e isso somente pode ser feito através do Evangelho. Somente a Palavra de Deus pode conceder sabor e significado à existência, algo essencial para a vida no mundo.

Quando os cristãos perdem a salinidade e desejam estudar a Bíblia, usualmente eles privam por enfatizar seus estudos com base em vocábulos e não em doutrinas! É preciso sal!

Em relação à luz, devemos nos lembrar inicialmente que, equitativamente, não há meio termo entre luz e trevas. Ou seja, ou temos ou não temos a luz de Cristo em nossas vidas: “Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas” (Lucas 11.35); “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas” (2Co 6.14); “[...] Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz” (Romanos 13.12).

Nas palavras de Cristo endereçadas aos Seus discípulos, dizendo “Vós sois a luz do mundo”, Ele exorta-nos a atentar para o fato de que se a nossa luz estiver oculta, ela não terá valor algum. O pronome pessoal “vós” aponta diretamente para os discípulos e por extensão a todos os crentes indistintamente; e sobre o restante do texto, “sois a luz do mundo”, as Escrituras apregoam que o mundo se encontra em trevas: “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8.12).

“Vós sois o sal” e “Vós sois a luz”, para preservar e para brilhar. Este deve ser o nosso testemunho do Senhor! Ele é a verdadeira Luz - nossa luz é um reflexo da dEle.

O apóstolo Paulo declara: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21). Ou seja, o que para o mundo é incongruente e até mesmo loucura, conforme o mundo imagina, na verdade é a pura sabedoria de Deus. Encerramos assim, com uma breve exortação à reflexão aos amados leitores: “Somos um testemunho vivo de Cristo neste século?”

O Senhor conceda que sejamos, pode poder do Seu Espírito Santo. “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém!” (Apocalipse 22.21).

Por Álvaro Oliveira Lima.

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