Na Antiguidade, o aborto era considerado algo normal, até que o Cristianismo dominou o Ocidente, acabando com a legalização dessa prática maldita nessa parte do mundo. Somente no século 20 começou o retrocesso em relação ao aborto. O primeiro país a liberar o aborto no mundo cristianizado foi a então República Socialista Federativa Soviética Russa, sob o governo de Lênin, em 8 de novembro de 1920, três anos após a Revolução Russa, que instalou o comunismo no país. Em 1922, a república socialista russa mudaria de nome para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.). Depois dos comunistas, foi a vez dos nazistas na Alemanha. Devido à sua visão eugenista, eles aprovaram, durante a década de 30, o aborto em caso de defeitos congênitos e para os segmentos da população considerados inferiores ou “inaptos”, recomendando ainda a esterilização nesses casos. O aborto só era proibido para a população “ariana” saudável. Em Cuba, o aborto foi liberado pelo governo comunista em 1959, imediatamente após a Revolução Cubana.
A influência no mundo da liberação do aborto nos EUA
Embora a Islândia tenha liberado o aborto em 1935 e a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales tenham liberado em 1967, foi somente após a decisão norte-americana, ocorrida em 22 de janeiro de 1973, que a liberação do aborto se alastrou de fato nos países outrora cristianizados. O Canadá e a Dinamarca liberaram o aborto meses depois dos EUA, no mesmo ano em que saiu a decisão da corte norte-americana. A França, a Suécia e a Áustria liberaram o aborto em 1975. A então Alemanha Ocidental liberou o aborto a seus cidadãos em 1976 (A Alemanha Oriental, comunista, havia liberado antes dos norte-americanos; e após a reunificação alemã, a liberação do aborto foi confirmada para todos os alemães em 1995). A Austrália e a Nova Zelândia liberaram em 1977. A Itália e a Noruega liberaram o aborto em 1978. A Holanda liberou em 1984. A Espanha liberou em 1985. A Finlândia, que tinha começado a condescender fortemente em sua legislação em relação ao aborto oficialmente nos anos 70, sacramentou a liberação em 1985. A Suíça liberou em 2002. Portugal liberou em 2007. O México liberou em 2008. O Uruguai liberou o aborto em 2012. A Irlanda liberou em 2018, com confirmação em referendo em 2019.
Esses são só alguns exemplos. Vários países da África e Ásia também liberaram o aborto anos depois da decisão norte-americana, e isso se deve muito ao papel que a própria Organização das Nações Unidas (ONU) e ONGs pró-aborto – financiadas por fundações progressistas, a maioria delas norte-americanas – têm exercido na influência dos governos, legisladores e juízes desses países para aderirem à agenda progressista.
O resultado disso é que, em 2019, o aborto superou todas as outras causas de morte no mundo, com 42,4 milhões de crianças abortadas só naquele ano, superando mortos por qualquer doença, guerras, crimes ou acidentes. Estima-se que só nos Estados Unidos, desde a liberação do aborto em 1973, cerca de 64 milhões de bebês foram abortados. É a festa de Moloque, que se “banqueteia” com o sangue de inocentes até que caia o juízo final de Deus sobre o mundo, que virá brevemente, segundo as profecias bíblicas.
Por todas essas razões, a notícia de que a liberação do aborto na maior potência econômica, cultural e militar do Ocidente provavelmente irá cair é de enorme impacto. Além do que, milhões de crianças deverão ser salvas nos EUA pelas leis mais restritivas que os estados mais conservadores do país estão passando nos últimos anos. Essas leis estaduais levaram a Suprema Corte a ser questionada sobre o assunto por entidades progressistas, gerando a ação “Dobbs versus Jack son Women’s Health Organization” e a elaboração dessa decisão vazada à imprensa por algum funcionário da Suprema Corte. Uma investigação está sendo feita para descobrir quem vazou.
Conteúdo da provável decisão
De acordo com o site Politico, o rascunho de 98 páginas do relatório do juiz Samuel Alito, relator do processo “Dobbs versus Jackson”, mostra que a maioria da Suprema Corte deve votar pelo fim da antiga decisão “Roe versus Wade”. Conforme as informações divulgadas pelo site, o material circulou entre os juízes no dia 10 de fevereiro e “foi escrito para servir de voto para o caso do Mississippi, onde há um projeto para impedir abortos depois de 15 semanas de gravidez”, o qual está sendo questionado por ativistas junto à Suprema Corte.
O juiz Alito define a decisão “Roe versus Wade” como “extremamente errada desde o início”. E continua: “Seu raciocínio foi excepcionalmente fraco e a decisão teve consequências prejudiciais”. Para Alito, os estados é que devem definir a liberação ou não, ou restrições parciais ou totais ao aborto, seja por referendo popular ou via legislativos locais. A Suprema Corte dos Estados Unidos confirmou em 3 de maio a veracidade do documento.
A decisão dos 9 juízes da Suprema Corte norte-americana ainda não foi dada oficialmente, mas deverá sair brevemente, ainda neste ano. Se a corte tomar a decisão que consta no rascunho, que deverá ser uma vitória de pelo menos 5 a 4 em favor da vida, o aborto deixará de ser um “direito” no país. De acordo com o Centro de Direitos Reprodutivos, organização que defende o aborto, uma vez a decisão oficializada, o aborto passará a ser proibido imediatamente em pelo menos 24 estados (talvez 26, pois ainda há novos projetos de lei tramitando) e três territórios norte-americanos.
De acordo com o site Politico, no rascunho vazado do parecer, há quatro juízes – Clarence Thomas, Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett (os três últimos escolhidos por Donald Trump) – se juntando ao voto do relator Samuel Alito, enquanto três juízes – Stephen Breyer, Sonia Sotomayor e Elena Kagan – discordam do voto de Alito. A entrada da nova juíza da Suprema Corte, Ketanji Jackson, 51 anos, escolhida por Joe Biden e aprovada em abril no Senado norte-americano por 53 votos a 44, não mudará essa decisão, porque ela estará entrando na vaga do juiz Stephen Breyer, que pediu para se aposentar.
Não aparece no relatório o voto do juiz John Roberts, presidente da Suprema Corte, que foi colocado pelo governo Bush. Porém, historicamente, Roberts tem votado ora contra, ora a favor de progressistas em ações na Suprema Corte, por isso o seu voto não é certo. Logo, pode ser uma vitória pró-vida por 6x3 ou por 5x4.
Perguntado sobre o assunto, o presidente dos Estados Unidos, o progressista Joe Biden, chamou, em 4 de maio, os norte-americanos pró-vida de um perigo para o país, de “o grupo mais extremista da história americana”. Biden disse ainda aos repórteres que era contra “a ideia” de que “ninguém pode decidir abortar uma criança por causa de uma decisão da Suprema Corte”. A decisão da Suprema Corte, porém, derruba apenas a ideia do aborto como um “direito” estabelecido a todos, reservando aos estados decidirem a questão, por meio de legislações locais ou o voto do povo.
Um dia após o vazamento, o presidente da Suprema Corte, John Roberts, determinou a instauração de uma investigação para descobrir e penalizar quem vazou o documento.
Ataques a igrejas e a ONGs pró-vida nos EUA
Logo após o vazamento, além do protesto da mídia progressista, militantes pró-aborto nos EUA atacaram igrejas e entidades pró-vida no país, além de procurarem as residências dos juízes da Suprema Corte, que tiveram sua segurança reforçada. A maioria das igrejas atacadas era católica, já que os católicos nos EUA são muito mais envolvidos no movimento pró-vida no país.
A ONG pró-vida Oregon Right to Life foi atacada na noite de 8 de maio com bombas caseiras e dispositivos incendiários, colocando fogo no prédio. No mesmo dia, a Igreja do Santo Rosário, em Houston, Texas, foi pichada por vândalos com dizeres pró-aborto. A Igreja Católica de São Bartolomeu Apóstolo, em Katy, Texas, foi invadido por vândalos pró-aborto. A ONG pró-vida First Care Women’s Health, em Manassas, Virgínia, foi vandalizada. A ONG pró-vida Ação Familiar de Wisconsin, em Madison, Wisconsin, foi pichada e incendiada. Uma das pichações dizia “Se os abortos não são seguros, então você também não é”. O grupo de ativistas pró-aborto que se autodenomina “Jane’s Revenge” assumiu a responsabilidade pelo ataque e ainda prometeu se envolver em outros atos de vandalismo, além de pedir a dissolução das organizações pró-vida.
A ONG pró-vida Loreto House, em Denton, Texas, foi vandalizada e pichada com dizeres como “Não é uma clínica” e “Nascimento forçado é assassinato”. A ONG pró-vida “Mulheres Preocupadas com a América”, de Alexandria, Virgínia, foi vandalizada. A Paróquia Católica de São João XXIII, em Fort Collins, Colorad, foi pichada coim dizeres como “Meu corpo, minha escolha” e vandalizada. O Priorado de São José, em Armada, Michigan, foi também vandalizado e pichado, inclusive com o número “666” e imagens de genitálias. A Igreja do Sagrado Coração de Maria, em Boulder, Colorado, foi vandalizada e pichada com frases como “Meu corpo, minha escolha” e “Aborto salva vidas”.
Dificilmente o Congresso dos EUA reverterá a decisão
A chance hoje de o Congresso nos EUA reverter a provável decisão da Suprema Corte é muitíssimo pequena, já que os democratas, que são em sua esmagadora maioria pró-aborto, são hoje uma ligeira maioria no Congresso (e há lá democratas contra o aborto) e todas as pesquisas mostram que as eleições deste ano para o parlamento deverá colocar os republicanos, que se opõem em sua esmagadora maioria ao aborto, como maioria tanto na Câmara dos Representantes quanto no Senado. Outro detalhe é que, após o vazamento da possível decisão da Suprema Corte, o senador democrata Joe Manchin anunciou que não votará para acabar com a obstrução. Isso significa que qualquer projeto de lei democrata para legalizar o aborto está morto, porque a vantagem democrata no Senado é de apenas um senador a mais.
Segundo site Life News, os principais democratas no Congresso estão planejando um projeto de lei que legalizaria o aborto até o nascimento e derrubaria as leis pró-vida em todo o país. Porém, para que um projeto desse tipo seja aprovado no Senado, os democratas precisam vencer ou votar para acabar com a obstrução. Uma mudança nas regras pode exigir 50 votos (com Kamala Harris votando para desempatar), mas eles não conseguirão graças ao legislador da Virgínia Ocidental, Joe Manchin. O líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, prometeu levar a legislação pró-aborto ao plenário da câmara alta do Congresso, mas não poderá fazê-lo, justamente por causa de Manchin. “A obstrução é uma proteção da democracia”, disse Manchin a repórteres no dia 3 de maio.
Mas, não apenas Manchin é um problema. A senadora democrata Kyrsten Sinema também afirmou, no mesmo dia, não votará contra o fim da obstrução, definitivamente matando qualquer projeto de lei democrata para legalizar o aborto até o nascimento.
Em fevereiro, os republicanos do Senado, com a ajuda do senador democrata Joe Manchin, já haviam derrubado um projeto de lei que pretendia derrubar todos as leis pró-vida do país e legalizaria o aborto até o nascimento.
Abortos caem 18% nos EUA
Um novo relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), divulgado em 4 de maio, mostrou uma queda histórica na taxa de abortos no país em 18%. Depois de chegar ao auge em 1980 com 29,3 abortos por 1.000 mulheres, a taxa de aborto nos EUA diminuiu constantemente à medida que mais estados aprovaram leis pró-vida e milhares de centros de gravidez pró-vida começaram a fornecer ajuda e apoio real para mulheres grávidas e seus filhos.
Em 2019, a taxa de aborto caiu para um mínimo histórico de 11,4, bem abaixo dos 13,5 por 1.000 mulheres em 1973. De 2010 a 2019, o número de abortos relatados caiu 18%, de 762.755 para 629.898, já que mais de 130.000 bebês foram salvos. Ao mesmo tempo, a população aumentou em cerca de 20 milhões – o que significa que a taxa geral caiu. De fato, para mulheres de 15 a 44 anos, a taxa de aborto caiu 21%.
O relatório do CDC usa números de 47 estados, mas Califórnia, Maryland e New Hampshire não relataram dados de aborto de 2010-2019. Isso significa que os números são mais altos, mas como esses estados não relatam abortos há anos, os dados do CDC têm sido consistentes ao longo dos anos, de modo que a queda pode ser medida com precisão ao comparar os mesmos 47 estados ao longo do tempo.
O relatório afirma ainda que aqueles que se submetem ao aborto são mais propensos a serem solteiros na faixa dos 20 anos, já que a idade média tende a aumentar; 56,4% dos abortos foram de mulheres na faixa dos 20 anos, com idades entre 20 e 24 anos passando pela maioria desses procedimentos; e mais de 85% das que abortaram eram solteiras. Enquanto isso, a taxa de aborto entre adolescentes caiu drasticamente. Em 2014, meninas e mulheres de 15 a 19 anos representaram 12% de todos os procedimentos.
As mulheres que abortam também são mais propensas a serem negras, não apenas como porcentagem da população, mas também em números absolutos. Em 2019, as mulheres negras realizaram 132.878 abortos, ou 38,4%, do total. Isso foi mais do que as mulheres não hispânicas, que ficaram em segundo lugar, com 33,4%, de acordo com dados do CDC para o Distrito de Columbia e 29 estados que relatam os dados por etnia.
A grande porcentagem de mulheres negras submetidas aos procedimentos revoltou o movimento pró-vida, porque evidencia que os principais provedores de aborto, como a Planned Parenthood, se aproveitam especialmente das comunidades negras e minoritárias.
As mulheres hispânicas representaram 21% dos destinatários do aborto, um pouco acima de sua parcela de 18,7% da população, enquanto “outras” representaram 7,2%. Mulheres de todas as etnias viram suas taxas de aborto cair.
OMS quer a legalização do aborto em todo o mundo
No dia 9 de março, vendo o aumento da onda contra o aborto no mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a total despenalização do aborto ao redor do planeta. “A despenalização significa eliminar o aborto de todas as leis penais para todos os agentes participantes”, diz a OMS, e não apenas para a mulher que interrompe a gestação. “Recomenda-se que o aborto seja acessível sob demanda da mulher, menina ou outra pessoa grávida”, diz o documento emitido pelo órgão. Quanto à expressão “pessoa grávida”, ela demonstra como a OMS está comprometida com a agenda progressista mundial, pois tem conexão com a linguagem neutra utilizada pelo movimento LGBT e pela ideologia de gênero. Em vez de falar de “mulher”, fala-se “pessoa”.
Preocupada com o avanço de leis em estados dos EUA e em outros países contra o aborto, a OMS disse no documento que “não é recomendada a promulgação de leis e outros regulamentos que proíbam o aborto com base nos limites de idade gestacional”. Há também outras medidas que não recomendam “os períodos de espera obrigatórios para o aborto”, muito menos a “utilização de ultrassom como requisito para a prestação de serviços de aborto”. Ora, sabe-se que a maioria esmagadora das mulheres que veem seus filhos em ultrasson antes de decidirem abortar desistem de abortar. Além de ver o bebê, a mãe escuta o batimento cardíaco dele em um exame de ultrassom. Logo, a recomendação da OMS é simplesmente um atestado de que não interessa aos defensores do aborto que mulheres que pensam em abortar tomem consciência plena do que estão fazendo.
O sumário executivo da OMS chega a afirmar que a mulher que opta pelo procedimento é dona de um direito que possui mais valor do que a objeção de consciência de um médico ou outro profissional. Ora, tal lógica da OMS, se aceita pela legislação dos países, atropelaria totalmente o direito dos médicos, forçando-os a fazerem o aborto ou serem penalizados. “Se for impossível regulamentar a objeção de consciência de forma que respeite, proteja e cumpra os direitos das pessoas que querem abortar, a objeção de consciência à prestação de serviços de aborto pode se tornar indefensável. O acesso ao aborto seguro é essencial para a saúde de mulheres e meninas”, diz o documento, que substitui as diretrizes sobre o aborto, oferecidas pelo órgão em 2012.
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