Restrições governamentais à liberdade religiosa alcançam seu “nível mais alto” no mundo

Restrições governamentais à liberdade religiosa alcançam seu “nível mais alto” no mundo

Segundo levantamento, o Cristianismo é a religião mais perseguida em todo o mundo, especialmente na Ásia, África e Oriente Médio

O nível médio global de restrições governamentais à liberdade religiosa atingiu “o ponto mais alto” desde 2007, quando o conceituado Pew Reserch Center, nos Estados Unidos, começou a avaliar essa questão nos seus relatórios. Segundo a entidade independente norte-americana, a maioria dos países onde essa realidade é mais visível encontram-se na região da Ásia-Pacífico, Oriente Médio e norte de África.

Segundo esse estudo, divulgado em novembro passado e que incide sobre o ano de 2018 (os anos de 2019 e 2020 ainda estão sendo estudados), há um total de 56 países onde a prática religiosa sofre mais restrições por parte de seus governos e constata-se, na linha de todos os principais estudos nesta área, que, de todos os grupos religiosos existentes, os cristãos são a comunidade mais perseguida em todo o planeta.

China e Índia entre os países mais hostis

De acordo com o levantamento, essa perseguição cresceu entre os anos de 2017 e 2018 de forma muito significativa em pelo menos dois países. Entre os vários países focados neste trabalho agora divulgado, destaque para a China, que é um desses dois países, sendo, inclusive, referido no estudo como um dos estados do mundo com mais restrições à prática religiosa.

Restrições governamentais à liberdade religiosa alcançam seu “nível mais alto” no mundo

Nos últimos três anos, o jornal Mensageiro da Paz tem divulgado em suas páginas como a perseguição estatal do Partido Comunista Chinês aos cristãos na China têm aumentado, incidindo agora também nas chamadas “igrejas autorizadas”. A notícia mais recente, do final do ano passado, é de que o governo chinês instalou câmeras dentro dos templos das igrejas autorizadas no país para garantir que suas novas regras impostas a essas igrejas estão sendo seguidas.

O outro país em destaque é a Índia. Entre os 25 países mais populosos, China, Índia, Egito, Indonésia, Paquistão e Rússia apresentaram os maiores níveis de restrições governamentais e hostilidades sociais por causa da religião. Mas, em um índice de 0 a 10, a China teve os níveis mais altos de restrições governamentais (9,3) e a Índia teve os níveis mais altos de hostilidades sociais (9,6).

O estudo conclui ainda que os governos autoritários são mais propensos a restringir a religião. Cerca de 65% dos países com restrições governamentais “muito altas” são classificados como autoritários; enquanto apenas 7% dos países com “baixas” restrições governamentais são autoritários.

Depois dos cristãos, os muçulmanos são o grupo mais perseguido na maioria dos países. Isso acontece porque cristãos e muçulmanos são os dois maiores grupos religiosos do mundo e estão mais dispersos nas nações do que os outros grupos religiosos. Entretanto, embora o número de países onde se registra perseguição aos muçulmanos ser apenas um pouco menor que o número de países onde há perseguição aos cristãos (145 contra 139), o número de casos de perseguição aos cristãos e de mártires cristãos (mais de 100 mil todos os anos) está muito acima do visto na perseguição aos islâmicos, não obstante a diferença numérica entre eles não ser tão grande – há aproximadamente 2,2 bilhões de cristãos no mundo hoje contra cerca de 1,7 bilhão de muçulmanos.

Quanto às demais religiões, estima-se que haja hoje 1,1 bilhão de secularistas, 1 bilhão de hindus, meio bilhão de budistas, 600 milhões de adeptos de religiões folclóricas e pelo menos meio bilhão de seguidores do taoísmo e do confucionismo. Todas as demais religiões restantes somadas (judaísmo, espiritismo, xintoísmo, jainismo etc) chegam, no máximo, a 150 milhões.

Em 75% dos países há perseguição a cristãos

Mas, outro dado desse levantamento também preocupa. Ao todo, segundo o estudo da Pew Reserch Center, os registros de relatos confiáveis de perseguição governamental aos cristãos, em graus os mais variados, podem ser encontrados agora em 145 países. Ou seja, somente em 48 dos 195 países do mundo não há qualquer relato confiável registrado de perseguição aos cristãos por parte de ações ou medidas de agentes do estado. Em outras palavras, em 75% dos países do mundo há registros de casos reais de perseguição governamental aos cristãos.

De fato, todos os estudos sobre a questão da liberdade religiosa no mundo apontam para um agravamento dessa realidade nos tempos recentes. Há uma clara unanimidade entre as entidades que se dedicam a esse tipo de levantamento de que os cristãos são a comunidade religiosa mais perseguida do planeta, como pode ser confirmado, por exemplo, nos relatórios produzidos pela Comissão dos Estados Unidos sobre a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF, na sigla em inglês) e nos levantamentos feitos pela fundação católica Ajuda à Igreja que Sofre (Kirche in Not, em alemão), com sede em Taunus, na Alemanha. Os levantamentos do Pew Research Center só cor-roboram esses dados.

Relatórios anuais de entidades como Voz dos Mártires e Agência Portas Abertas também comprovam esse fato, só que essas organizações geralmente trabalham com dados de perseguição aos cristãos de forma geral, isto é, tanto com levantamento de ações vindas de órgãos e agentes governamentais quanto com o registro de ações vindas de grupos na sociedade opositores aos cristãos. Já os levantamentos do Pew Research Center, USCIRF e Kirche in Not têm seu enfoque de estudos na perseguição de origem governamental.

Em suma, a restrição religiosa pode ser executada pelo estado ou por atores não estatais (sociais), onde se incluem atores locais (líderes violentos, multidões enfurecidas, grupos religiosos, filiais locais de grupos internacionais etc), ou atores internacionais (grupos criminosos e terroristas) cuja ação depende de vários fatores. Todos esses tipos de restrição em relação aos cristãos têm aumentado no planeta, com especial atenção agora ao aumento da perseguição estatal.

Judeus são o terceiro grupo mais perseguido

Se os cristãos foram os que sofreram assédio no maior número de países (145 dos 198 analisados no estudo, estando os muçulmanos na segunda colocação, os judeus são apenas 0,2% da população global, mas, mesmo assim, estão como terceiro colocado, assediados em 88 países.

Segundo o levantamento do Pew Research Center, pessoas sem religião, definidas como ateus e agnósticos (1,1 bilhão em todo o mundo – o terceiro maior grupo, chamado de “secularistas”), foram o grupo que teve o maior declínio no assédio.

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