Pastor Elienai Cabral

Pastor Elienai Cabral

Uma vida dedicada ao Ministério da Palavra - assim poderíamos definir a vida do pastor Elienai Cabral. Aos 66 anos, dos quais cerca de 44 de pastorado, pastor Elienai já desenvolveu várias atividades na obra do Senhor, mas sempre tendo como tônica a pregação e o ensino. Conferencista, articulista, autor de vários livros, dentre eles "A Síndrome do Canto do Galo", "O Pregador Eficaz", "Comentários Sobre a Carta aos Romanos" e "Efésios", todos publicados pela CPAD, pastor Elienai é também comentarista da revista Lições Bíblicas da CPAD deste 1985. É ainda líder da Assembleia de Deus em Sobradinho (DF) e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e da Casa de Letras Emílio Conde.

Graduado em Teologia pelo Instituto Bíblico da Assembleia de Deus (Ibad) em 1965. Anos depois, fez pós-graduação em Linguística Bíblica, Psicologia Pastoral, Aconselhamento e Jornalismo. É casado desde 3 de setembro de 1966 com a psicóloga Arézia Alex Lessa, filha do pastor José Carlos Lessa e neta do pastor Camilo José Peclar. De 1967 a 1976, trabalhou nas cruzadas do Ministério Bernhard Johnson dirigindo os cultos e os programas radiofônicos do ministério, e sendo um dos principais cantores, tendo, inclusive, gravado alguns discos. Em 1976, fundou o Instituto Bíblico de Santos. De 1979 a 1981, pastoreou o Centro Evangelístico em Icaraí, Niterói (RJ). Em 1981 criou no Rio de Janeiro o Ministério Cristocêntrico, com sede em Niterói, ministrando conferências em todo o país até 1983. De 1983 a 1987, foi vice-líder da Assembleia de Deus da Bela Vista, Fortaleza (CE), onde também fundou um Instituto Bíblico. Desde 9 de agosto de 1987, lidera a AD em Sobradinho (DF).

Nesta entrevista, pastor Elienai fala sobre a igreja em nossos dias e o ministério do ensino.

Quais os principais desafios da igreja em nossos dias?

Naturalmente, a igreja de hoje enfrenta muitos desafios a sua frente, mas eu entendo que, um dos maiores, é a manutenção da igreja na doutrina dos apóstolos. Em outras palavras, deve haver fidelidade às doutrinas originais. Digo doutrinas bíblicas, não me refiro a costumes ou coisas semelhantes, mas às doutrinas fundamentais da fé pentecostal, iniciada pelos pais da igreja. Temos o desafio de lutar contra o avanço do tipo de pregação que tem em seu bojo muitas inovações e tecnologias novas, que ferem frontalmente os princípios hermenêuticos da Palavra de Deus. Então, vejo como desafio o resgate da verdadeira pregação e do ensino bíblico.

O que o senhor pontua hoje como as maiores necessidades da igreja relacionadas à área do ensino?

Um deles, como disse anteriormente, é o compromisso com a ortodoxia pentecostal. Na área do ensino, nós já começamos a sofrer com a invasão perigosa de novas ideias. As pessoas estão confundindo e aproveitando a dinâmica da teologia, que abre espaço para discussão e diálogo sobre determinados valores, para ferir os princípios básicos que sustentam a nossa teologia pentecostal. Temos que ter uma visão mais atual, mais realista com as influências do tempo presente que inevitavelmente está afetando a vida da igreja. Alguns líderes estão com dificuldades de enfrentar esses modismos que ferem a fidelidade a Palavra de Deus e aos princípios cristãos. Muitas são as influências de um teologismo literário, que atinge a nossa liturgia e pontos doutrinários. E quanto aos costumes, devemos manter os bons costumes, no sentido do ponto de equilíbrio. Sem dúvida, a igreja, como instituição, acaba tendo problemas quanto a influência do sistema mundano sobre nossos costumes. Lamentavelmente, a despeito do esforço da CPAD, da qual eu faço parte nesses desafios pela Escola Dominical, a gente percebe que muitos líderes tem ser deixado dominar por um desânimo e deixam de investir nesse tão importante departamento. Tem igreja que já não tem mais Escola Dominical, porque seus líderes acham que ela é coisa ultrapassada. Alguns colocam outros programas e atividades no horário. Por outro lado, penso também que é necessário dinamizar o ensino, e temos suporte para isso através de nossa editora, que oferece apoio didático, de marketing e psicológico para esse departamento nas igrejas. Entendo que a Escola Dominical é um dos braços mais importantes de qualquer líder que se preze dentro de uma igreja evangélica.

Pela experiência adquirida durante seus vários anos como obreiro, o que o senhor considera como sendo os princípios fundamentais para o exercício de um ministério saudável?

Em primeiro lugar, fidelidade. Ela deve dominar a mente e o coração do obreiro que deseja exercer o ministério com êxito e crescimento espiritual. Fidelidade aos fundamentos da Palavra de Deus. O obreiro precisa estar atento às "novas ideias teológicas" e não aderir à elas. Tem muita inovação que entrou no nosso meio através do neopentecostalismo. São conceitos equivocados sobre prosperidade, confissão positiva, maldição hereditária, regressão e tantas outras coisas. Precisamos entender que esses ensinamentos são nocivos.

Que experiência o senhor poderia destacar em sua vida ministerial?

Minha chamada. Eu não sou um profissional do ministério. Há muita gente hoje que vê o ministério como cabide de emprego, vínculo empregatício, forma de ganhar dinheiro. Porque a igreja hoje tem dinheiro, muito diferente do seu período inicial, quando não havia dinheiro para nada. Meu pai [o pastor Omar Cabral - 1921-1991] saía para trabalhar sem ganhar nada, dependendo totalmente de Deus. Eu enfrentei a mesma situação ganhando meio salário mínimo como obreiro, mas estava satisfeito, pois estava me dedicando ao serviço do Senhor. Estudei e estudo Teologia para exatamente fortalecer a minha vocação. Fui chamado por Deus desde menino. É bem verdade que, como filho de pastor e pioneiro da Assembleia de Deus em Santa Catarina, eu na minha adolescência, vi as dificuldades financeiras e de sustento enfrentadas por meu pai e pelos pioneiros. Aos meus 17 anos, eu já atuava na igreja como maestro de corais e orquestras com bastante dedicação, procurando fugir da possibilidade de um dia ser pastor. Quando estava seguro da ideia, Deus mandou alguém me entregar uma mensagem profética iniludível, indubitável, que eu jamais poderei duvidar, chamando ao ministério. Então, dediquei-me à chamada. A base da minha experiência como obreiro é minha chamada ao ministério.

Que conselhos o senhor daria aos jovens obreiros que estão começando na caminhada?

Que conquistem o sucesso passo a passo, degrau a degrau, e, acima de tudo, com humildade, sem ostentação e sem vaidade. Que tenham compromisso com Deus, sendo fiéis a Ele e à Sua Palavra. E fidelidade a liderança da igreja. Hoje, muitos obreiros jovens se acham donos da verdade porque fizeram um Curso de Teologia e querem, então, enfrentar a liderança espiritual. Não importa como seja essa liderança, o importante é que, ao estar debaixo dela, é necessário respeitá-la para, lá na frente, haja bênção de Deus para o exercício do seu ministério. Não deixe-se nunca ofuscar pelo orgulho e autossuficiência, que tem conduzido muitos a derrocada, e mais rápido do que se imagina. Manter-se fiel é de fundamental importância. Comece devagarzinho, com humildade e respeito, com temor de Deus no coração o tempo todo.

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